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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Tempo curto

Não tenho tempo a perder com inúteis reflexões: preciso viver! Já que a Morte é minha fiel guardiã.
Faça-se a luz..., a vida... a alegria... :
E por que a Morte nos tira dos presentes divinos?

Penélope S.S.
22-6-9 21:38

Alegoria de princesa

Os olhos da princesa e as luvas que lhes cobrem as mãos.
Seu talhe de dama esbelta, desejada, cortejada.
Por baixo de bela frescura,
esconde-se real devassa e devastadora criatura.

Sedas cobrem-te, joias enfeitam teu pescoço, orelhas e o mais...

O mais é o prazer: despida em torno à cama.
Apenas a luxúria de nós dois.
Ah! Tua joia despida, teu encantado monte-sedoso.

A luz que te ilumina
reflete na parede as ondulações de tuas carnes.
Seios doces que me alimentam...
sugo-te o leite do êxtase e
me deixo enlevar por teus longos braços.
Deito-me em teu colo
enquanto percorro teu caminho
banhado pelo fluxo que inunda de ti.
Percorro... sem pejo algum... percorro.

De Vênus tens o sabor.
De Flora tens o frescor.

Possuo-te com cólera,
sanha de dominador,
mas sei dar-te o que imploras.
Ah! As damas da corte:
jovens donzelas, deslumbres de minhas noites.

Penélope S.S.
22-6-9 21:30

Súbito

De súbito chegaste. Olhar perene,
cheia de flerte e agrados.
Logo fizeste de mim teu refém.

De súbito partiste. Mãos acenando...
dizendo-me que o amor já se fora de nós.

Amo-te ainda. E não mais como amara.
Amo-te ainda. E bem mais que pensara.

A lembrança de teu riso
é o que me alegra os dias chuvosos.
Não saber onde paraste
é o que me molha os olhos: lacrimosos.

De súbito chegaste: palavras ao ouvido
chegam mais rápidas à alma.
De súbito partiste: sussurros, rangidos,
perdemos a calma.

Amo-te ainda. E não mais como amara.
Amo-te ainda. E bem mais que pensara.

O amor, o susto, o súbito, a perda:
Amo-te ainda: subitamente.

Penélope S.S.
22-6-9 20:52

Céu estrelado: entre Deus e a Morte

A Edgar Poe

Céu que encobre nossas mazelas.
Fragrâncias de soníferos estrelares
vindos de além-céu. Todo o fel sentimos
na Morte estridente e maldizente.
Ah! Eu não sabia que a dor da foice mortífera
era tão profunda.

Apaguem essas luzes
e me deixem partir de uma vez.
O que me prendia nesse lugar já não mais está aqui.

Céu! Céu! De estrelas que caem sobre os meus ombros.
Céu! Céu! Que desmoronai sobre minha cabeça.

Clamar é preciso, mas Deus há de escutar?

Quer sim... quer não...
Não saber é bem pior que já estar morto.

Clamar é preciso e eu preciso de clamores.
Salvai Senhor essa alma
que já é finda nessa noite
pecadora em que a deusa negra do açoite me vem buscar.

Penélope S.S.
22-6-9 20:43

Caminhar rumo ao futuro

Caminhamos rumo ao desconhecido
e não sabemos se já é conhecido
a face do libertador prometido
desde outrora, desde o início.

Ouvia os outros dizerem: — Ele chegará!
E por anos voltei meus olhos para o céu, e lá,
cria eu, ser a morada dos que partem.
Mas é triste não ter certeza. E, pasmem,

ainda hoje não firmei minhas certezas
acerca do infinito, do transcendental.
Apenas espero que chegado o meu final
tenham valido a pena todas as minhas proezas.

Caminho rumo ao desconhecido:
Não posso parar, sob pena de ter
todo o meu corpo enfraquecido
pelos caçadores inquisidores, e desfalecer.

Penélope S.S.
24/10/07 14:38

Meu vaso

Meu vaso não é grego e tão pouco parnasiano...
Meu vaso é vivo e expele de dentro de si nuances desejáveis...

Do meu vaso vasa a viva cor
da vida na qual vejo e vislumbro a aquarela das manhãs.
Cores belas de sabor sadio
que ao provarmos nos apetece mais e mais...

Penélope S.S.
18/01/08 10:45

La noche

La noche siempre nos encanta
Con su magia oscura e luces brillantes.
La noche es lo mejor momento
para salirnos e vivirnos
todos los nuestros sueños.

Los amores, los cantantes, las mujeres, los amantes

Todos e todas son más felices,
más puros, cuando se encuentran
en el cuarto caliente e oscuro.

A mí me gusta el día.
Pero me encanta, fascina y hipnotiza
la bella reina centellante.

Penélope S.S.
23-6-9- 8:45

Tarde de Chuva

Chuva que cai na tarde que se vai,
ficando eu aqui sem saber se novamente o sol irá sair.
Chuva que molha o campo,
levantando, fazendo brotar o sabor da vida outra vez.
Chuva que nos alegra,
desde ao simples homem do campo até as crianças da cidade burguesa.

Chuva, querida queda d’água,
caia e caia nessa terra tão necessitada de ti.
Chuva, querida queda tão desejada,
desça dos braços de Deus e caia sobre nós.

Nessa tarde em que olho e vejo o céu tão cinza.
Nessa linda tarde em que sinto
que as lágrimas do Altíssimo estão prestes a desaguar sobre seu amado povo.
Nesse cair de dia, percebo mais próximo de mim o poder do Criador.
Nesse findar de vida, pois já noto minhas forças se esvaindo,
como o rio que corre em direção ao mar e nele chegando, não mais é rio.

Oh! Chuva que cai, me leve para onde possa viver sem amarguras.
Oh! Chuva que desce do céu, me guie até o rio que passa pela casa do Senhor.
Oh! Chuva, querida queda d’água, disponho-me a te seguir.
Oh! Chuva, querida queda tão desejada, desça dos braços de Deus
e caia sobre nós. Mas, quando a Ele retornar, prometa que me leva junto,
porque já estou pronto e não mais desejo sofrer nesse mundo
tão seco e maltratado pelas mãos e pela amargura dos homens.

Penélope S.S.
27/12/07 16:35

Meus amigos

É meus amigos: o amor é mesmo estranho.
Quando se acha que pode vencê-lo,
ele nos abate e mais uma vez nos prova
que a vida é assim mesmo: hoje se ama, amanhã talvez não.
Mais ou menos disse assim um mineiro
que lutava contra pedras no caminho.

Mas quem disse que estamos reclamando:
dessa forma é que gostamos de amar:
sentindo o prazer que nos faz gozar e as dores que nos sufocam.

Ah! As dores: todas as dores sangram...
Ah! As dores: são como feridas que tentamos esconder mas todos veem...

Meus amigos: já amei tanto... ainda amo...
mas o desejo da busca nunca finda.
É como o tesouro no fim do arco-íris...
aquele lindo e delicioso pote de mel
que tanto desejamos porém
é impossível saboreá-lo por inteiro.

Assim é o amor: doce e enjoativo...
Assim é o amor: ilumina e cega...
Assim é o amor: gozo e arrependimento...

É meus bons amigos: ainda não se pôde defini-lo.

Penélope S.S.
17-6-9 21:24

onde (aonde) corre o vento?

Onde ou aonde corre o vento?
Onde procuro e não encontro sua suave brisa?
Onde ponho meu rosto e não sinto sua leveza?
Onde ou aonde posso encontrá-lo?

O destino do vento é vagar
E o nosso é não saber pra onde ir
A força do vento serve para derrubar
E a nossa serve apenas para reagir

O destino. A fuga. A fúria.
A brisa. O vago. O vazio.

Aonde vai o vento que não me leva?
Aonde vai você que não me chama?
Eu digo que sei o meu caminho,
Mas na verdade estou apenas vagando, assim como o vento.

Penélope S.S.
13/02/07 9:44

MAL-DITA-HORA

Maldita hora em que peguei a caneta
e rabisquei no papel aquelas palavras.
Maldita hora em que a Musa me veio
e soprou em meu ouvido aqueles
versos primeiros.

Maldita.... mal-dita... mal-dita-hora...

A vida é bem mais fácil
quando não se tem dores guardadas.
Quando acordamos e seguimos
nossa rotina segura, sem segredos ou mistérios.
A vida é bem mais fácil
quando sentimos o consolo
do deus cristão que a tudo nos perdoa.
A vida é bem mais fácil quando
se tem amigos, ou um bom cachorro em casa.

Fora isso: tudo o mais é angustiante.
Fora isso: tudo que nos cerca nos aperta e nos sufoca.

Ah! Meu Deus! O que foi que a Musa me fez?

Meus pensamentos estavam engaiolados... lá no fundo de mim.

Mas não basta apenas sofrer é preciso apresentar aos outros o nosso sofrimento?

Penélope S.S.
17-16-9 20:17

ÀS MUSAS

À musa que manda um verso,
escrevo dois.

À que não manda, lhe digo:
— Escrevo-te depois.

À que se transfigura em poesia,
mando-lhe um sol luzente para iluminar seu dia.

À que de mim faz poeta vindouro,
guardo-a em meu peito feito escondido tesouro.

Penélope S.S.
18-1-9 22:07

a dom Quixote

Quixote valente, homem de La Mancha
que aos campo, no lombo do valente
Rocinante, se lança.

Quixote de fantasias tantas
que casebres pouco belos
transfigura em hermosos castelos.

Quixote de fantasias mil.
A moças de duvidosas belezas,
transfigura-as em esbeltas virgens,
repletas de cândidas purezas.

Quixote valente, homem de La mancha,
cavaleiro andante, da Triste Figura,
segues teu caminho e junto a ti

levas sempre teu fiel escudeiro: Sancho Pança.

Penélope S.S.
18-1-9 21:55

quadrinha sobre a alegria de Pedro

Tendo-lhe o coração, Maria, conquistado
Pedro, feliz da vida ficou, pobre coitado!
Antes que nada era, pois vivia amargurado,
agora tinha Maria, podia viver sossegado.

Penélope S.S.
18-1-9 21:41

quadrinha sobre o coração de Pedro

Pedro nunca amou ninguém,
mas alguém, que lhe chamou: — meu bem!,
seu triste coração arrematou
e essa foi Maria que, ao vê-lo, por inteira, se apaixonou.

Penélope S.S.
18-1-9 21:35

Pares e ímpares

Saber a pergunta é bem mais fácil que responder.
Naquela noite eu não sabia o que apresentar
a quem me questionou de forma repentina e avassaladora.
Mas toda discussão precisa de duas pessoas
falando ao mesmo tempo e por isso não medi as palavras.
Quando questionado o melhor a fazer é não resistir
e entrar no jogo.

As pessoas raciocinam melhor quando se sentem acuadas.

Fechei então todas as janelas
e permiti que toda a minha ira se libertasse.

Ah o amor! O quão bom é saber as fraquezas do nosso rival.
Assim podemos prolongar o debate
até que o tenhamos cansado e entregue aos nossos pés.

Somos então pares de alguém
que nos escolheu para sermos seus pares?
Ou será que os pares, às vezes, tornam-se ímpares?
Tornam-se divisas ou divididos?

Não. Eu não sabia responder
a todas as perguntas que me foram feitas,
mas nada que uma boa imaginação não pudesse ajudar.

Ah as mulheres! O quão bom são as mulheres
quando se tornam mães. Mas, já que não podemos mantê-las sempre mães, então nos resta apenas fazê-las dormir.

Ah as mulheres! O quão bom são as mulheres
quando estão dormindo.

Dormis par amado para que sempre sejamos um par.

Penélope S.S.
12-1-9 00:29

Faca pedra e noite fria

Na noite que existe dentro da noite,
as pedras se movem e ninguém as percebe.
A noite dentro da noite
é um lugar onde podemos despir nossas fantasias,
onde nossas almas são apenas almas.
E, uma vez lá dentro, voltar é nosso último desejo.

Cortemos então essa realidade
com a faca que escondemos
em nosso íntimo
e deixemos fluir o sangue, a carne,
e todo o resto que já não se faz necessário.
Não há mais mister em existir,
ao menos nessa noite, fria, escura, sem brilho...
Mas na outra noite sim:
iluminada, acolhedora, noturnamente atraente
como as gatas nos telhados em noites de acasalamento.
É nela que me vejo liberto.
E nela sou libertino, sou gato no telhado,
sou escorregadio, sou felino de unhas e dentes afiados.

Não me busque e não me siga.
Não me prenda e não me entenda.
Não me deixe retornar à noite que não é noite.

Faca pedra e noite são tudo que o mais improvável pode unir numa noite que saímos a vagar fora dos nossos corpos.

Penélope S.S.
12-1-9 00:10

Minha existência

Cortar a minha existência
com essa tesoura doutor? Não o faça.
Peço-te que a entregue a mim,
pois saberei quando deverei cortá-la.
Os anjos, doutor,
te pedem um simples corte em suas asas.
Eu, como não sei voar,
apenas desejo que
minhas pernas suportem
o peso morto do meu corpo.

Penélope S.S.
12-1-9 23:44

Re-início

Rabiscos de algo que ainda não se sabe,
mas que no íntimo de nosso pensamento se imagina.
Por isso deitemos a pena e permitimos sua fuga.

Rascunhos são a quase perfeição do que queremos dizer
e ainda não conseguimos. São palavras ainda tortas,
porém que já carregam o nosso desejo,
a nossa intuição, o nosso querer.

Se bem me conheces, eu nunca te afirmei ser poeta. E nunca, por mais que me fosse tentado a sê-lo, as musas a quem tanto aguardei nas noites frias, nunca a mim revelaram qualquer sopro de verso, qualquer palavra encantada que só aos escolhidos são mostradas.

Sempre me angustiei por coisas pequenas;
Sempre me deparei com algumas portas que não queria abrir;
Sempre repeti, e ainda o faço, as mesmas palavras catadas ao vento.

Sempre, se bem me conheces, saberás que ainda não me libertei das velhas amarras.

Penélope S.S.
12-1-9 23:31

Ao verme

Ao verme?
Sim, ao verme, amigo.

Ao mesmo verme que roeu as frias
carnes do defunto-autor.

Ao mesmo que dançou
a macabra dança do ventre perante Sousa.

Ao mesmo que espreitou dos Anjos,
loucamente faminto, desejoso de suas carnes.

Ao verme que me consumirá,
não importa se hoje ou amanhã.
Ao verme que se alimentará
de nossas carnes impuras ou pagãs.

Que venha o sedento sugador
dos suculentos e saborosos corpos:

Corpos dos novos
Corpos dos velhos
Corpos das virgens
Corpos tão belos
Corpos infantis
Corpos primaveris
Corpos tão corpos

Aromáticos doces, frescores juvenis.

Venha verme vadio e
varra a vida que me viu passar tão vil
pelo vasto mundo dos Raimundos e Josés.
Venha! E simploriamente lhe concederei
minhas frias carnes,
pois já me remexo nesse féretro fétido no qual me puseram.

Venha! E cumpra tua tarefa
tão árdua e ao mesmo tempo necessária.

Venha verme e alimente-se uma vez mais,
pois bem aventurados os que têm um verme para roer-lhes as carnes, porque eles serão libertados.

Penélope S.S.
8-10-8 23:35

a falha do anjo

Aquele que pousou em meu telhado
Quebrou toda a minha fortaleza,
Depois bateu asas, e disse aDeus
E fiquei eu só, olhando para o céu.

Aquele que disse ser o meu anjo
Na verdade não me protegeu da queda:
Ele caiu sobre as telhas e eu no abismo das lágrimas.
E assim, nós dois não fomos perdoados.

Aquele que deveria me socorrer
Vestia branco, mas não pôde voar
Tinha olhos claros, mas não viu minha mão estendida
Tinha ouvidos limpos, mas não escutou meus gritos perdidos.

E assim ficamos:
Ele sem cumprir sua missão
E eu, sem ser SALVO, mais uma vez...

Penélope S.S.
16/07/07 09:49

CAPITU

Capitu: “olhos de ressaca”
a tragar-me, envolver-me.
Abro-te os braços e me deixo
levar pelo revolver dos teus olhos.

Encanto dos mais belos encantos que possuis.

Ah Capitu! Não me negues
o prazer de mira-te uma vez mais.
Ah Capitu! Que nesse desejo
de novamente ver-te,
ardo eu em chamas altas e constantes.

Tragas-me uma vez mais o feitiço
e, uma vez mais, te ofertarei meu amor.

Que teu mar de imenso verde
me arraste ao infinito
que é tão belo e enigmático
como as pérolas presas em tua face.

Penélope S.S.
??-??-8 00:30

JUSTIFICATIVA

Faço poemas às avessas
como quem derruba muros novos.
Faço poemas?
Não. Expilo vocábulos vagos.

Queria eu fazer um verso
como os verdadeiros trovadores.

Faço poemas?
Sim. Os faço.
Mesmo às avessas, os faço.

Penélope S.S.
3/10/07 20:44

receita de um poema triste

Pegue alguns sentimentos amargos.
Junte com a metade de um coração partido.
Adicione lágrimas salobras a gosto,
e deixe estar num quarto escuro por algumas horas.

Volte lá e busque a mistura,
em seguida derrame tudo em uma folha em branco.
Quando um sentimento angustiante começa a se formar,
então assine em baixo com seu nome e sirva a quem desejar.

Penélope S.S.
06/02/08 13:30

domingo, 4 de abril de 2010

minha fome

minha fome

Minha fome me consome a todo instante
Numa voracidade terrivelmente constante
Querendo todo o meu alimento, meu alento,
Até o meu mais nobre ou esnobe sentimento.

Penélope S.S.
06/02/08 14:22

lamento diante da dor de Cristo

lamento diante da dor de Cristo

Queria eu poder não lamentar meu sofrimento.
Queria eu ter forças para suportar meu calvário.
Mas quis Deus que justamente eu, seu filho, sofresse
e, diante de seu povo, padecesse.

Queria querer vencer a dor de ser traído
e tornar-me mais forte, destemido,
mas quis Deus que meu sangue servisse de aviso
a esses que hoje vivem em conflito.

Queria, Senhor, que Teu poder fosse aceito por nós,
mas os homens são cegos
e no caminho mais largo entram,
negando Tuas palavras.

Queria que descesses à Terra e
nos falasse sobre as maravilhas do Teu paraíso.
Assim, Senhor, seríamos convencidos
de que há muito mais do que ganância e maldade.
Há um sentimento que nos mantém vivos e que nos guia a Ti: o Amor.

E sigo procurando dia após dia,
e buscando algo que ainda não encontrei,
mas sei que é bom, pois esse presente virá de Ti.

Penélope S.S.
27/12/07 17:00

LUZ

LUZ

Luzente brilho
que emana do sol.
Lindo e forte aquecendo tudo ao redor.

Universo de partículas.
Mundo gigante de força infinita
venha à Terra, onde o frio habita
e esquente nossa existência maldita.

Penélope S.S.
3/10/07 18:47

poema títere ou marionete

poema títere ou marionete

Tentar Trazer o Tempo Tão perto
fazer a Tarefa que Todos Tentam Terminar
Tentar Tentar Tentar
fazer fazer fazer

Tropeçar em Tijolos pela Trilha
fugir das Telhas que Tentam nos aTingir à cabeça
saber Triunfar dianTe do Temor da MorTe
Triunfar Triunfar Triunfar
vencer vencer vencer

Ter ou senTir senTimentos de saudades
guardar o Templo como uma senTinela
venerar o heroico Tigre que espreiTa o inimigo Tirano
Torcer para que Tenha êxiTo e não Tombe

Traduzindo Temos:
as Tormentas Todos Têm
as Tocaias a Todos aguardam
o TiTubear sempre vem
e os Túmulos Todos Terão

Penélope S.S.
03/08/07 00:00

enquanto faço café...

enquanto faço café...

Enquanto faço café: penso em você.
Enquanto faço café: penso em como o dia começou mal.
Enquanto faço café: penso que não deveria pensar assim.
Enquanto faço café: penso que você não tá nem aí pra mim.

Enquanto você não chega, faço meu café:
Amargo e sem sabor nenhum.
Parece que não fiz direito.
É estranho, pois sempre faço do mesmo jeito.

— Acabei... É hora de saborear.

Penélope S.S.
13/05/06 11:57

o poeta só que é todos

o poeta só que é todos

O poeta não põe a cara na rua
Porque seu tempo é curto e a vida
Exige intensidade nos atos.

O poeta não vai ao centro
Porque as pessoas não gostam de observar
Sua barba longa e sua cara pálida.

O poeta não vai a festas
Porque não permitem chatos nesses locais.

O poeta não suporta barulho alheio
Porque as vozes desejadas já estão impressas
Nas linhas dos séculos passados.

O poeta não encontra mais motivos
Para sair, para sorrir, para mentir
Porque, o poeta apenas sente, de dentro
De casa, no seu ninho quente.

O poeta, que muitos dirão ser eu mesmo, são
Vários, são muitos, são todos.

Penélope S.S.
27/07/08 22:25

minha arte não é fazer versos

minha arte não é fazer versos

Fazer poesia é uma arte.
Mas, fazer poesias alegres é uma arte inalcançável,
Ao menos pra mim.

Se tento, se me desgasto... não consigo.
É desejável e mais natural
que aceite meu temperamento,
e não tente expor palavras que denotam certo júbilo.

Fazer poesia é uma nobre arte.
Mas fazer versos risonhos, certamente,
a mim não foi concedido tal ofício.

Se me arrisco, se me aventuro nesse terreno
tão íngreme, ladeirento e movediço... não obtenho êxito.
É preferível e mais cômodo que me recolha,
que prossiga com meus rabiscos cinzas, lacrimosos.

Deixemos a difícil arte de alegrar para quem a Providência destinou tal ofício. Deixemos a mim a amarga empreitada de fazer poesia de fim de tarde, daquelas que mais parecem o crepúsculo do astro maior.

Penélope S.S.
01/07/08 17:11

BELEZA

BELEZA

Beleza de musa é a tua
Que se mostra a todos
Sem censura, sem rasura.

Beleza de Apolo,
De Helena, de Aquiles.

Beleza e força

Beleza de musa tens de sobra
Que se expõem às ruas, às praças,
Aos cantos e a cada canto de sereia.

Beleza de anjo,
Beleza de Marília,
Beleza das poesias mais belas.

Tens tu, a mais bela das belezas,
A beleza das musas do Olimpo.

Penélope S.S.
01/07/08 16:39

poema vencedor

poema vencedor

Tenho uma página em branco
Que precisa ser preenchida.
Mas, com quantas palavras,
Se consegue fazer um belo poema?

Tenho uma linha que não para
De mover-se à minha frente
Pedindo, implorando que eu
A movimente, que a mobilize.

Tenho várias palavras que me
Vêm à mente neste instante.
Mas, com quantas delas,
Se consegue transmitir sinceras emoções?

Tenho um poema que teima em
Me não deixar quieto;
Teima em me confundir;
Teima em não me sossegar;
E teima, e luta e me vence e me suga as forças.

Penélope S.S.
01/07/08 16:29

AVENIDA

AVENIDA

Meu caminho perpassa o seu
Assim como os raios do sol
Perpassam todo o nosso corpo
Num lindo dia de verão.

Meu caminho, louco amor,
Não pode ser trilhado por mais ninguém
A não ser por seus pés. Tão belos
E macios. Eles pisam! e pisam!

Se há quem me chame exagerado
Se há quem me censure
Se há quem me chame tolo

Não são esses, certamente,
Que haverão de saber o que é amar.

Pois amar é ceder o próprio caminho (corpo)
Para que outrem possa percorrê-lo
Até alcançar o atalho do nosso coração.

Penélope S.S.
01/07/08 16:18

a comida

a comida

A comida é alimento santo e sagrado
Dos dias, de todos os dias, às vezes,
Servida ao meio-dia.
Outras vezes quando se não pode
(sem hora marcada).

A comida que me alimenta
Que me conforta e sacia a fome
Às vezes, geralmente com o tempo,
Traz, também, enfermidades (para o corpo).

A comida, não importa se feita
Em lugares que cheiram à Europa
Ou em casas de sinhás-Vitórias,
É sempre manjar
Aos esfomeados, aos desejosos,
Atraídos por seu cheiro, seu tempero.

A comida:

Palavras e musas servem de alimento aos poetas.
Poesias servem de alimento às donzelas.
Contos servem de alimento aos apressados.
Romances servem de alimento aos pacientes.
Alencar serve de alimento aos filhos da Independência (1822).
Machado serve de alimento a todos.
Barreto serve de alimento aos Quaresmas.
Andrades servem de alimento aos filhos da Independência (1922).
Bandeira serve de alimento a mim que logo dançarei o último tango de minha vida. (pneumotórax)

Abençoada seja
toda a comida que fortalece
o corpo e a alma de quem a procura.

Penélope S.S.
26/06/08 14:50

poema protesto

poema protesto

Em tempos de GUERRA
Pede — se — PAZ.

Eu, que não tenho sete vidas,
Peço um corpo blindado;
Peço uma arma de alcance continental;
Peço inimigos de caras limpas.

Em tempos de GUERRA
Pede — se — PAZ.

Eu, que vivo numa constante
Guerra civil,
Peço, todos os dias, na saída e na chegada:
SOBREVIVER.

Penélope S.S.
20/06/08 16:30

o sol e a chuva

o sol e a chuva

Por mais que ilumine,
a luz, quando artificial,
nunca nos traz a certeza
do calor solar.

Por mais que nos banhemos
em águas encanadas,
nunca esquecemos
daquele corpo molhado,
banhado nas águas celestes.

Penélope S.S.
20/06/08 14:48

poema sem face

poema sem face

É findo todo o penar,
Se as súplicas são aceitas.
E ainda maior o prazer
De quem se permite ceder o perdão.

É tola toda a guerra
Que não tem sentido. (nenhuma tem)
E ainda mais tolos são os homens
Que se aniquilam por suas pátrias.

É finda, em mim, toda a esperança.
Toda migalha de crédito
Deixei aos otimistas.

Que tempo mais difícil esse!
Que poema mais sem face esse!

É findo o amor entre as pessoas,
Assim como é crescente as relações mecanizadas.
Falam-me às ruas:
— Meu companheiro.
Respondo sem reconhece tal face:
— Estava com saudades.

Que tempo mais difícil esse!
Que poema mais sem face esse!

E, acredite, quando o chamo assim: POEMA.

Penélope S.S.
20/06/08 15:10

poema cansado

poema cansado

Cansei de tentar acertar rimas,
e por não querer prosseguir,
nessa busca inútil e desgastante,
é que me decidi pelos brancos,
os livres, os soltos.

A liberdade é bem mais prazerosa

Liberdade!!
Liberdade!!

Aos versos brancos
Aos versos negros
Aos versos mulatos
Aos versos amarelos

Liberdade!!
Liberdade!!

Aos alexandrinos
Aos camonianos
Aos decassílabos heroicos

Às máquinas de fazer versos (os parnasianos)

Liberdade!! Liberdade!!
Liberdade!! Com verdade!!

Penélope S.S.
21/06/08 ???

tipo exportação

tipo exportação

Minha poesia é falsa
Como uma bela camiseta
Comprada na fronteira
Brasil/Paraguai.

Meus versos nem de longe
Chegam perto de ser versos.
Antes são rabiscos
Antes são rasuras

Minha poesia é capenga, manca,
Patusca, galhofa e coxa.
Mas: “Por que coxa se bonita”?
“Por que bonita se coxa”?

Queria ser, minha poesia,
Coxa como a bela Eugênia.
Queria eu que bela fosse
Como Virgília.

Penélope S.S.
21/06/08 ???

canto das Alagoas

canto das Alagoas

Sou fraco? Sou forte?
Sou filho da sorte
Não sou lá do Norte
Do Nordeste é que vim

De Zumbi sou herdeiro
Negro forte, guerreiro
Nosso herói: o primeiro
Sangue teu corre em mim

Liberdade, brilhai!
Reluze em teu povo
Brilhai sobre nós
Como fonte sem fim

Leva longe teu sol
Ilumina teus filhos
Dessa terra querida
Pátria nossa gentil

E nos guia ao futuro
De vitórias e glórias
Terra amada e adorada
Alagoas/Brasil.

Penélope S.S.
03/06/08 19:21

eu sou duas metades (A Ferreira Gullar)

Eu sou duas metades:

Uma parte grita
Enquanto a outra silencia

Uma parte esperneia
Enquanto a outra olha

Uma parte é alegria
Enquanto a outra chora

Uma parte é vadia, sai lá fora
Enquanto a outra é caseira, fica e só mora

Eu sou partido em dois partidos:

Um é de esquerda, luta, reclama
O outro de direita, pensa quieto, não inflama

Eu sou unido por duas cores:

Uma é negra, vinda de longe, suja de suor e sangue
A outra é branca, de tez altiva e famoso nome
Uma é africana, banzeira, quilombola
A outra, a do açoite, da cobiça e da glória

Sou Araquém, Iracema e Peri
Sou Alencar, sou José e Ceci
Sou Capitu, seus olhos, suas máscaras e luvas
Sou Machadinho, sou Brás, sou ironia: eu sou Cubas
Sou Ramos, Baleia e os meninos
Sou Graça, tenho graça, mesmo seco, sou divino.
Sou calado, Fabiano do nordeste: fibra forte.
Sou alegre, tenho sonhos, sou Vitória: venço a Morte.

Eu sou duas metades:

Uma imita tudo que vê
A outra inventa, tenta antevê.

Uma devora o que assiste, o que ouve e o que lê
Outra masca, mastiga, rumina, tritura,
E, depois, expele, expulsa, e cospe uma nova criatura.

Penélope S.S.
03/06/08 18:24

poeminha homenagem: o que é ser poeta?

poeminha homenagem: o que é ser poeta?
A Lêdo Ivo

Ser poeta é ser vivo
Não ter medo
É ser Lêdo
E ser Ivo.

Penélope S.S.
30/06/08 16:17

sigo no mesmo sentido

sigo no mesmo sentido

Ainda continuo seguindo no escuro
Buscando respostas no canto improvável
E chegando sempre ao meio de tudo
Sem saber qual saída me deixará estável.

Ainda sigo na mesma contramão
Na mesma esquina e solidão
Tentando chegar ao fim intacto
Sem perdas como prometido no pacto.

Ainda te procuro, noite escura
Vago pelas ruas a tua procura
Clamo, clamo, oh formosura!

Minha deusa noturna não me escuta
E sigo, sigo com a mesma pergunta:
Que dia? Que horas? Tu vens à minha busca?

Penélope S.S.
06/02/08 13:46

Na tarde, descanso...

Na tarde, descanso...

Cai a tarde aqui perto
E meu corpo se sente fraco
Como um braço caído, delgado
E sem forças me deito, fico quedo.

Espero passar o pior do sofrer
Tentando lembrar do nosso querer
E oferecendo todo o meu eu
A tudo que se diz seu.

Nessa tarde de chuva
Aqui no campo te vejo tão forte:
Me guia, me leva, me mostra o teu Norte

Que eu te sigo, sem medo e sem pejo
Apenas vivendo do teu desejo
Porque nessa tarde, descanso, descanso, enquanto te vejo.

Penélope S.S.
06/02/08 14:07

MADRUGADA

MADRUGADA

Alguns acordam e não percebem
O brilho que há em suas sombras.
Na madrugada toda luz é forte
E ilumina os que se aventuram.

Vivia eu nas sombras densas da noite
Até que o Farol dos céus me tocou,
Trazendo-me os raios do sol nascente
E aclarando meus passos e mente.

Os anjos sabem quem devem proteger
Enquanto seguimos nos arriscando
Pelas alamedas da vida,

Buscando encontrar sentido e saída
Para as agruras e dissabores
Que nos surgem nas madrugadas da noite.

Penélope S.S.
19-6-9 20:30

Nada mudou em mim

Nada mudou em mim

Em fim as coisas ainda estão aqui
Da mesma forma que antes as vi.
Amigos de ontem hoje revi
E nada, nada mudou em mim.

Ainda tímido me sinto, entre tantas
Outras pessoas, que as mantas
E os mantras não me deixam
Negar e nem mentir o que senti:

Que nada, nada mudou em mim.
Beleza, alegria, risos, fantasias
Todos estão em êxtase e gozo

Mas o que só eu percebi
Dentre tantas bocas a rir
É que nada, nada mudou em mim.

Penélope S.S.
17-6-9 20:48

A poesia não me quer e eu a desejo

A poesia não me quer e eu a desejo

A poesia não quer a mim
Mas meu eu a diz sempre sim
Chamando, desejando tê-la
Aos meus braços. Essa matreira

Me há de querer um dia.
Ah! Não me rejeite... é covardia
O que me fazes. És abrigo
Às minhas dores. Se aflito

Me sinto, quem me há de aceitar,
Se não tu guarida de meu penar?
Se não teus braços a me asilar?

Queiras-me doce luz do amor.
Queiras-me lírio de delicioso olor.
Oh! Aceite-me assim: prazer e clamor.

Penélope S.S.
17-6-9 20:36

HELENA

HELENA
À minha querida sobrinha Maria Helena

Hay una chica muy hermosa y pura
Viviendo en su casa encantada.
Sus pelos son negros, la boca de hada.
Las manos sedosas, sedosas frescuras.

Compara esa niña con la reina del cielo
No les saben el futuro, pero sin será bello:
La luna en las alturas centella tan llena
Y por la tierra luciendo la admirable Helena.

Penélope S.S.
23-6-9 9:34

Ao infante

Ao infante
A Julio Severiano

Vida que nasce, mais nova alegria
da casa. Tão simples a vida renovada no dia
da chegada esperada que a todos contagia,
ilumina, transcende, traz viço, refulgia.

Ao novo infante toda magia
das letras, dos sonhos: certezas.
Ao novo (de novo) que é pai: grandezas
e forças: vencer obstáculos, controlar rebeldia.

Que a mãe de viagem primeira cante
aos céus que é chegado o infante
filho do amor, do prazer: triunfante!

E que todos celebrem essa vida, esse ano:
Nasceu filho pródigo, luminoso encanto.
Sê forte meu Júlio: és Severiano.

Penélope S.S.
21-6-9 7:00

O riso de Penélope

O riso de Penélope

Tens riso de moça feita e pueril
Tens o céu da boca feito céu de anil
Ah! Doces lábios Penélope tem
E quem os tem mais belos? Ninguém.

Ris minha primeira flor-do-amor.
Ris de tudo e a todos enche de torpor.
Ris, e de mim fazes o mais alegre
Dentre os entes que a ti preze.

Oh querida e desejada voz!
Ecoa teu som ao mais alto monte.
Espalha tuas canções aos montes

De ouvidos solitários e sós,
Que a ti desejam ouvir. E, nós,
Então, de teu riso, faremos nossa fonte.

Penélope S.S.
17-6-9 21:09

ALEGRIA

ALEGRIA

Alegria! Alegria! A vida é uma festa
E o que sinto aos outros não interessa.
Que me machuque ou levante
Que me perca ou siga adiante

Não se pode parar: alegria! alegria!
Que o mundo não vive da minha nostalgia,
Do meu mau-humor, meu cansaço.
Eu que me vire, me erga do marasmo

De sempre acreditar na parte cinza,
No céu cinza e nas pessoas de tinta
Nos olhos. Elas são as piores...

pois escondem suas alegrias
Para que não gritemos: sorria! sorria!
E de vez esqueçamos a triste nostalgia.

Penélope S.S.
17-6-9 21:36

a flor e a rua

a flor e a rua

Ninguém reparou na vida que nascia
do nada, ali na rua deserta e vazia.
Mas a vontade de nascer da flor queimou com porfia
e a trouxe ao asfalto, em plena luz do dia.

As pessoas apressadas passam possuídas
pela pressa do relógio. Não veem ali a vida
que se projeta. Estão atônitas e consumidas
por dias e noites, chegadas e partidas.

Ninguém reparou no milagre de Deus
que se projetou na rua. Seriam ateus
os que não sentiram a vida que ali se deu?

A flor não se esmoreceu, mas sucedeu
que querendo o homem seguir caminho seu
fez dela trilha e a vida que ali jazia disse adeus.

Penélope S.S.
18-1-9 21:32

A ROSA

A ROSA

Te dispo. Retiro-te as pétalas
de teu corpo róseo. Deixo-te em pelo,
nua, como a Vênus nascida. E que, pela fresta
de teu regaço, me permita o amor vê-lo:

o jardim dos prazeres. E me desfazendo em tê-lo
serei o homem de alegria mais completa,
feito Dirceu que de Marília fez joia de maior zelo,
amor imenso, canção de amor repleta

de tons e cores, jardins, jasmins, sortidas flores.
Oh minha rosa! Colo puro que percorro, de alabastro,
se me ilumina no céu a deusa-lua, meu astro

das noites. Oh minha rosa! De amor tão casto
que aos diversos outros amores
despertas inveja, exalando no ar teus perfumes, suaves odores.

Penélope S.S.
18-1-9 21:11

rosa dos ventos

rosa dos ventos

Adeus rosa dos ventos,
vida de sonhos. Apenas lamento
ser tão de pesar a partida
de tal beleza, feita e ungida

pelos campos. És monumento
erguido pelo próprio firmamento.
E que alegria trazeis a nós tão luzida
quanto o deus sol. Manhã partida

em noite esta que temos agora.
Em lágrimas de pesares fortes
como filho sem mãe, pássaro sem norte.

Oh rosa dos ventos! Que em boa hora
nasceste, vinda dos prados, bela consorte,
mas, assim como te trousse a vida, te levou a Morte.

Penélope S.S.
18-1-9 20:34

à musa dos versos

à musa dos versos

Não te quero, oh Musa ingrata!
Afasta-te de mim, afasta. Desata
esse enlace que entre nós a noite pôs.
Deixai vir o sol, astro-rei, sobre nós dois.

Que brilhe o brilho do novo dia
queimando em nós com forte porfia.
Que Apolo te resgate levando-te ao Parnaso,
e lá terás ventura, viverás em lindo paço.

Não que não te deseje mais, uma vez que és bela.
Mas, negando teus versos, condena-me a mazela
de sempre rogar-te sem resposta aos pedidos.

Contudo, hermosa, se me abrires uma janela
e por ela passarem mil versos, te prometo, esperas,
mais que Apolo, te serei escravo rendido.

Penélope S.S.
12-1-9 01:40

do tempo e o mar

do tempo e o mar

Tudo que cala clama por sair,
libertar-se, dar voz, se fazer ouvir.
Clama tudo que no silêncio espera
vez, resgate de sons. Nessa quimera

de ilusões, meu corpo se dilacera
na angústia rouca de uma nova era.
E reclama ao tempo que o faz ruir
nesses dias venturosos que estarão por vir.

Tempo nefasto, de crueza tão vil.
Tempo de Fausto, loucuras mil
que devasta certezas tão vastas

como vento que sopra e rugindo arrasta
navios, corações, alicerces e pilares, em teus mares bravios,
nos deixando a reboque, virgem antes tão casta.

Penélope S.S.
5-10-8 2:14

AO HOMEM-DEUS

AO HOMEM-DEUS

Me vem um soneto calado,
melancólico, ressentido e magoado.
Por vezes lacrimoso, mas na sua vinda
triste e perene, sinto soar-me ainda

o sussurro sereno das súplicas celestiais
que me chega à face. Claros cristais
que me trazem das purezas profundas
dos recantos cavernais belezas oriundas

dos tempos. E amalgamadas em brilhante luz,
resplandece ao olhar, feito a forte cruz
do Homem-Deus que resplandece

aos olhares cristãos. Cristãos que padecem
na Terra viperina de chagas e pus
errando e clamando, ao Homem-Deus, suas preces.

Penélope S.S.
4-10-8 19:50

DA ANGÚSTIA

DA ANGÚSTIA

É tarde, lua no alto e noite calma,
tudo sereno, mas em minh’alma
se passa a angústia do dever,
do querer fazer e não saber

como dar passo firme e certo
sem voltar atrás, de novo ao deserto
das ideias frouxas e vagas,
como a imensidão de grandes fragas.

Dai-me Senhor aquilo que busco
na noite de angústia, vazia de luz.
Dai-me Senhor, pois tanto O procuro,

mostrai-me o caminho, guiai-me e conduz
meus passos incertos: feito dia escuro.
Sejais meu amparo, amainai minha cruz.

Penélope S.S.
20/09/08 23:39

DO PRAZER

DO PRAZER

Criemos e recriemos à vontade.
Pois sempre há em nós a vontade
de sabermos como se formam
as formas da bela com formas

tão belas, feito dia de sol,
feito deusa da praia; meu lençol
de cetim. Suave corpo moreno
de tão forte bronze; meigo veneno.

Desejo ter-te à minha cama.
Na noite mais bela, calar-te
a boca, com beijo forte de quem ama.

E no gozo de teu corpo, rainha-mucama,
fazer-te meu quadro da mais bela arte,
vertendo meu gozo, teu corpo, toda parte.

Penélope S.S.
27/08/08 01:16

amar é sentir

amar é sentir

Quem deseja viver sem amar,
apenas circula entre pessoas sem nunca sentir
o verdadeiro calor existente na essência das criaturas.

Penélope S.S.
18/01/08 10:50

quadrinha de amor

quadrinha de amor

Quem tem amores por toda a vida
Vive a desejar apenas um Amor.
Se me achas um tolo ou um louco, amigo,
Te digo que amo, e só isso te digo.

Penélope S.S.
22/05/08 20:55

se me deixas, morro

se me deixas, morro

Deixei minhas mãos soltarem as suas
E segui, subi as escadas, saí pelas ruas
Sem saber se, ainda, minhas mãos tocariam as tuas.

Deixei meus olhos fitarem os seus
Naquele triste instante, no momento exato do adeus
E saí a vagar, a pensar, — Seu amor ainda é meu?

Deixei meus ouvidos com o barulho do motor
Que aos poucos soava mais longe e mais fraco.
Será que soava também assim?
Será que soava fraco, cada vez mais fraco, o seu amor por mim?

Deixaste o meu olfato sentir o teu cheiro.
Fizeste mal, não faças assim,
Pois sabes que morro, sabes que choro,
Sabes que peço, sabes que imploro.
Não partas, amada, não partas,
Porque morrerei sempre que sentir
Tua fragrância, que impregnaste em mim.

Vaguei pelas ruas, vaguei
Sem rumo, sem canto e sem lei.
E quando em casa sozinho me vi
Caí pelos cantos, sem ti que sempre amei.

Penélope S.S.
22/05/08 20:28

mares bravios

mares bravios

Pensei em ti e chorei:
Não de raiva, mas de amor e saudades.
Não de tristeza, mas de frio
Porque as lágrimas me fazem lembrar que estás longe agora.

Pensei em ti novamente e me veio um sorriso no rosto,
De alegria, por saber que ainda hoje estarás comigo.

Quando chegares, não precisas me acordar,
Apenas sussurre ao meu ouvido que me ama.
Quando chegares, não precisas me despertar,
Apenas deite ao meu lado e me abrace.

Pensei em ti e não contive a emoção,
Pois neste exato momento meu coração é um navio à deriva
Sob as fortes ondas salobras que o levam
Para lá e para cá, para lá e para cá, para lá e para cá...

Quando chegares, querida, faças o que lhe pedi
Faças sempre, para que meu corpo e meu coração nunca se percam em mares bravios.

Penélope S.S.
22/05/08 20:05

tu, minha força

tu, minha força

Alguma força me toma neste momento
E ela me inunda de sentimentos fortes.
Alguma força que se perguntado,
Certamente, não saberei explicar.
Mas sei que é boa, pois vem sempre que penso em você.

Uma força maior do que as palavras,
Bem maior do que os amores de verão.
Essa força que me alaga, me afaga, não sei...
Mas sei que é pura, pois sempre chega quando me pego pensando em você.

Se és meu anjo
Se és meu alabastro sagrado
Se és meu colo macio
Não sei..

Mas certo estou de que apenas tu, e só tu, amor,
Me faz forte.

Penélope S.S.
22/05/08 19:49

a perda

a perda

Hoje perdi alguém,
E essa certeza me faz sentir o quanto as pessoas são importantes.
Hoje perdi uma parte enorme,
E essa falta não mais será reparada.
Hoje as mãos se soltaram
E flutuaram, cada uma a seu modo,
Soltas ao vento, sem destino definido.

Hoje o amor não pôde salvar
O que já se partira há muito.

Hoje o amor não foi suficiente
Para colar os cacos do amor vivido.

Quando perdemos, sempre pedimos mais uma chance
Quando vencemos, nunca lembramos de estendermos a mão a quem perde

Hoje, exatamente na hora marcada,
A chuva caiu e deixou tudo mais triste.

Por que a chuva sempre cai quando nos despedimos?
Por que a chuva sempre cai quando sentimos as lágrimas chegando?

Foi hoje.

Hoje perdi alguém
Que não deveria ter perdido.
Mas os amores são como as flores:
Lindos e frágeis.

Hoje, creio que não conseguirei dormir,
Pois metade de mim já não está ao meu lado.

Penélope S.S.
22/05/08 19:40

o fresco sabor do nosso passado

o fresco sabor do nosso passado

Ainda guardo o sabor mais gostoso de tuas cartas
As mesmas que redigiste na época de ouro do nosso amor.
Certamente soubeste me encantar, me convencer, me dominar
Mas agora, após alguns anos, venho dizer-te que não mais
Aprecio tuas palavras.

Se fosse como planejávamos, não estaria eu a rasgá-las agora.
Se fosse como desenhei, nas areias de todos os mares por onde passamos,
A ressaca não me traria o salgado gosto que tenho em minha boca.

Ainda guardo o aroma de teus cabelos;
Ainda guardo o delicioso frescor de teu hálito;
Ainda tenho comigo algumas das mais belas paisagens nas quais posamos como duas crianças felizes.

Mas, passados os excessos, só o que me resta são lembranças;
Mas, retirados todos os enfeites, só o que me sobra são metáforas, sinestesias, oxímoros que, vão se desgastando, com o passar dos tempos, até se tornarem apenas simples catacreses sem valor algum.

Penélope S.S.
17/05/08 15:04

mais uma de amor

mais uma de amor

Essa é mais uma de amor
Mais uma sobre pessoas e encontros.

Não me deixam mentir a lua,
Que na noite mais alegre se fez prata no céu,
E minha amada que se fez nua em minha cama.

Meus desejos, então, seguiram minhas vontades.
Minhas mãos percorreram seus recantos mais escondidos
E amamos, amamos, perante todas as estrelas do universo.
E, tendo-as como testemunhas, amanhecemos,
Exauridos e saciados, porém agraciados pelo divino prazer noturno.

Essa é mais uma de amor
Mais uma sobre pessoas e encontros.

E creio que não seja a última
Pois a lua sempre se faz prata para os amantes
E sempre haverá amantes a se amarem perante a complacência
Da prateada luna e sua constelação estrelar de testemunhas.

Penélope S.S.
17/05/08 14:31

quem quer amar?

quem quer amar?

A garota triste no canto da sala
O menino calado, sem fala.

Todos e todas querem amar.

Eu, que talvez já ame,
Ainda não sei se quem amo
Me ama.

O rico burguês
O nobre que é rei
A bela da noite
O negro do açoite

Diferenças de cor, de brilho e de dor.
Igualdade no sonho de riqueza, liberdade e amor.

Todos desejamos

De Camões a Drummond
De Peri a Iracema
De Isaura a Ceci
De Casmurro a Ema

De Adão a Caetano
De Carolina a Eva
De Heitor a Aquiles
De Penélope a Ulisses

Desejamos, mesmo alguns com certo pejo,
Mas com o furor de sempre:
Amor e Desejo.

Penélope S.S.
17/05/08 11:22

procuras-me

procuras-me

Se me queres ver feliz,
Procuras-me agora.

Vens até mim, abraças-me,
Afagas meu corpo e todo o meu ser:

Me devora.

Penélope S.S.
17/05/08 11:35

o tempo do amor

o tempo do amor

Levamos um enorme tempo
Para descobrir que amamos.
E, então, quando não passamos mais de tolos
É que temos certeza de que realmente amávamos.

Mas o tempo do amor é incerto.

Ele nos engana, jurando ser para sempre a outra metade.
Ele nos engana, criando em nós uma falsa garantia.
Ele nos faz sentir seguros, por demais seguros.
E, justamente, quando baixamos a guarda
Ele nos tira a outra parte,
E nos furta o equilíbrio,
Nos deixando com todo o tempo restante
Para chorarmos a perda.

Por que nos dá um presente passageiro?
Por que nos oferece uma felicidade temporária?
Por que nos deixa tão mal acostumados, se em tão pouco tempo
Ficaremos a sós novamente?

O tempo do amor, certamente, não é o nosso tempo.
A sua permanência em nós é muito curta e intensa.
E todo o tempo que amamos, por mais que amemos,
Nunca sentimos e dizemos tudo que precisamos.

E não é nossa culpa.
É falha do tempo e do amor que não se combinaram.

Penélope S.S.
14/05/08 16:36

amor e lágrimas

amor e lágrimas

O amor nos leva às lágrimas
E essa é a única certeza que tenho,
Depois de ter relido e rasgado as páginas
Aromáticas que tuas mãos me mandaram.

O amor nos leva a loucuras
E essa é a única certeza que tenho,
Depois de ter me atirado a seus pés
E me deixado arrastar diante de todos.

O amor... quem diria que o amor fosse tão cruel.
Mas se engana quem tenta escapar à sua força,
Porque mais dia menos dia ele sempre chega
E, quando entra, não deixa espaço à razão.

Que fique de fora, diz ele, ao peito.
Que fique ao relento.
E, então, torna-se senhor de tudo:
Do corpo e da alma, da fome e da sede,
Da dor e da calma, do riso e da rede.

O amor, meu nobre, é galhofa e galhardo.
É maldoso e danado,
Mas quem nunca desejou um amor bem vivido
Não pode, de certo, morrer sossegado.

Penélope S.S.
14/05/08 16:22

meu anjo

meu anjo

Na noite em que mais sofri
Meu anjo voo, veio até aqui,

E afagou-me até que meu coração batesse
No compasso certo. Ah meu anjo! Se soubesses

O quanto descompassado anda meu peito
Virias todas as noites e afagarias a pulsação
Desse sofrido e afligido coração sem jeito.

Não faltes esta noite, não faltes,
Porque a chuva teima em não parar
Lá fora e dentro do meu corpo.

Penélope S.S.
14/05/08 16:06

ADEUS

ADEUS

Quem vai embora sempre diz adeus
A quem fica sem saber os motivos seus.
Lágrimas são constantes nos olhos que ficam
A avistar de relance as costas longínquas.

Só Deus que não diz adeus e ampara
O caído. Aquele que fica ferido,
Com o peito transpassado, baleado e machucado
Por flechas ferinas, pontiagudas.
Oh Deus! o quanto é sofrido sentir as metades se partindo
E indo, indo, indo...

Quem diz adeus, meu caro, dá as costas
E não volta jamais.
E quem espera o avesso disso está por demais
Enganado, errado, iludido e logrado.

Desculpe a certeza de minhas palavras
Mas quem vai, vai “as favas” com quem fica:
Que chore, implore, pranteie, soluce
Pois é findo tudo o que foi posto no peito pela flecha do Cupido.

Penélope S.S.
14/05/08 15:32

amor e outros temas

amor e outros temas

O tema que me faz existir e que me angustia
está posto em todos os meus poemas:
viver/morrer.
Quando me sinto vivo,
sempre me vem à mente
o que farei quando não mais estiver.
Por isso, nesses poemas inconstantes e incertos,
é que me fragmento,
tentando não levar ao descanso último
minhas alegrias ou tristezas.
Quero deixá-las neste mundo.
Neste vasto mundo de Drummond e Raimundo.
Neste vasto mundo de Zeus e de meu Deus.
Quero, antes, libertar-me desses versos (versos?)
que trago em meu peito.
Quero, sim, deixar a quem os quiser ler;
A quem os quiser rasgar;
A quem os quiser guardar.
Quero não ter que os levar comigo, definitivamente,
não tenho essa pretensão.
E ainda que me perguntes,
acerca do tema “amor e outros temas”,
digo-te que vais buscar em outros poemas meus,
pois nesse apenas encontrarás
reflexões acerbas de um poeta amargo e sorumbático.

Penélope S.S.
01/07/08 16:50

sexta-feira, 2 de abril de 2010

— AR

— AR
À minha querida esposa

OLHAR
APROXIMAR
CONVERSAR
GOSTAR
FICAR

DEIXAR

CHORAR
PERDOAR
VOLTAR

CHEIRAR
BEIJAR
AMAR
GOZAR
DESCANSAR
........ RE-COMEÇAR

— AR.

Penélope S.S.
01/02/06 23:10h

quinta-feira, 1 de abril de 2010

cântico sacro

cântico sacro

Caminhos nunca antes percorridos
antes guardados, e escondidos
somente agora são revelados
e aos olhos dos homens mostrados.
traçados pelas mãos do divino criador
a mais sublime força, digna de todo louvor.

Oh! Deus! não nos deixe errar
Nos mostre por onde seguir, nos salve deste vagar

Andamos por muito tempo
por terras esquecidas, cheias de dor e sofrimento
por muitas noites choramos, pedimos Teu manto
para que nos fosse enxugado todo o fluente pranto,
pois somente Tu, Deus nosso, conheces o caminho santo
pois somente Tu, nosso Deus, nos livras do mau encanto.

Oh! Deus! não nos deixe errar
Nos mostre por onde seguir, nos salve deste vagar

Caminhos hão de existir aos montes, e largos,
mas somente um dará passagem aos honestos e bravos.
caminhos hão de existir aos montes, e belos,
mas somente um será aberto aos sábios e sinceros.
caminhos hão de existir aos montes, e brilhosos,
mas somente um dará passagem aos campos gloriosos.

Oh! Deus! não nos deixe errar
Nos mostre por onde seguir, nos salve deste vagar

A Ti pedimos e a Ti agradecemos,
porque sabes quem somos e o que fazemos.
E a cada dia que nasce sentimos Tua força
que guia o homem, a mulher, o jovem, e a moça,
pois não finda Teu amar e Teu perdoar sobre nós
uma vez que deste Teu filho, o Salvador, para levar-nos a Vós.

Oh! Deus! não nos deixe errar
Nos mostre por onde seguir, nos salve deste vagar.

Penélope S.S.
03/09/07 09:58h

a volta de Ulisses

a volta de Ulisses

Por causa de Troia chorou uma rainha
tão bela e fiel, tão forte e sozinha.
seu nome: Penélope, a musa de Ulisses
que perdido está enfrentando planícies
navegando e vencendo bravios mares,
ouvindo as sereias com seus lindos cantares,
matando gigantes, salvando seus homens.

Eis, então, que retorna o perdido rei
ao lar que parece estar destruído,
mas a nobre rainha o havia mantido,
e guardado seu leito: — Aqui está, eu o honrei.

Penélope S.S.
20/09/07 16:40h

dia divino

dia divino

Oh! Dia novo, de brilho intenso
De vida, de sonhos, calor imenso.
Oh! Dia lindo, de beleza imensa
De glória, alegria, força intensa.

Dia que nasce a cada manhã
Esperança renovada na formosura.
Dia que acalma o dolorido afã
Fé que nos faz novo em nossa lisura.

Oh! Dia novo, de brilho varonil
De vida, de sonhos, calor do Brasil.
Oh! Dia lindo, de beleza que encanta
De glória, alegria, força que nos levanta.

Dia que nasce pelo dom do Divino
Esperança renovada no olhar dos infantes.
Dia que canto: — Tu és meu hino
Fé que cantamos, pelo mundo, triunfantes.

Penélope S.S.
19/08/07 07:37h

amar é palavra sem definição

amar é palavra sem definição

Sentir a emoção de amar é fascinante,
pois não a explicamos, mas é inebriante,
e transbordantemente luminosa.

E nesse glorioso mundo dos amantes,
amamos e desejamos um ao outro.
E, como parceiros fiéis, nunca deixamos nosso prazer se esvair.

Sentir a emoção de amar é transbordar
dentro de nós mesmos, como o mar
que escorre para fora de si e, em seguida, logo volta.

É: Amar nos causa causas que as palavras não se atrevem a contar.

Penélope S.S.
24/10/07 15:33h

saudade

saudade

Saudade, teu nome é amor
teu rosto é alvo, límpido e claro
teu corpo é delgado, curvado e surrado de dor
dos teus olhos jorram lágrimas de brilho raro.

Saudade, teu gosto é amargo
como despedida fria
como o olhar da janela vazia
feito adeus de um amor, antes largo.

Saudade teu abraço é de amiga
que oferece o ombro, a mão
que nos segura firme, e então,
alivia o pesado penar de nossa vida.

Ah! Saudade tristonha
conheço-te bem, amiga enfadonha,
por isso, me chame, se lhe falta na vida ardor
amiga Saudade: teu nome é amor.

Penélope S.S.
20/09/07 15:42h

ferida aberta

ferida aberta

A Morte levou minha vida:
pois que leve a vida inteira dona Morte.
Apenas deixe em meu peito
a ferida aberta do amor
que, esse, não tem jeito.

Penélope S.S.
10/09/07 00:55h

ao infiel

ao infiel

Triste daquele que não lamenta
a perda sofrida de um ente querido.
Chorar não consegue, nem ao menos tenta
encontrar as palavras que deveria ter dito.

Na hora da morte, diante da dor,
se cala, não fala, palavras não tem.
Jaz frio, no canto, sentindo temor
daqueles que olham com repulsa e desdém.

Se uma cova existisse, seria bem-vinda
para esse vivente de natureza tão fria,
e nela, infiel, viverias ainda

A dor de ser só, nessa cova vazia.
Então saberias que amor há ainda
pois, mesmo por ti, alguém sofreria.

Penélope S.S.
18/09/07 17:15h

poesia barroca ou plágio gregoriano

poesia barroca ou plágio gregoriano

“Meu Deus, que estais pendente em um madeiro”,
a Ti não sei mentir, o que temo e quero,
de Ti não sei esconder, o que desejo e espero.
A Ti, oh! Deus divino, o meu sofrer por inteiro.

Aprendi a olhar-Te, através do grande poeta
aprendi a amar-Te, com louvor e afinco
e hoje sou outro, sou forte, sou fibra, sou zinco,
pois houve um dia Gregório, trovador de glória completa

Perdoai, oh! Deus, esse meu plagiar
pois bem sei que a de Matos não se pode igualar.
Mas, mesmo assim, com minhas turvas ideias na mente a sapatear
“espero em vosso amor de me salvar”.

Penélope S.S.
09/09/07 23:58h

filha

filha

S u a v e como uma pena que flutua sem destino
B e l a como um belo poema camoniano
F r e s c a como o mais vasto campo arcadiano
A r o m á t i c a como as rosas do jardim secreto
G l o r i o s a como a vitória da vida sobre a teimosa morte
D i s c r e t a como a resposta ao nobre pedido diante do altar: “sim”
G r a n d i o s a como um épico do imortal Homero
P e r f e i t a como a deusa das deusas do Olimpo
F o r t e como as grandiosas guerreiras amazonas

Filha minha,
Herdeira da beleza de Apolo.

Filha minha,
Herdeira do meu amor.

Filha minha,
Herdeira das minhas alegrias.

Filha minha,
Suave, bela, fresca, aromática, gloriosa, discreta, grandiosa, perfeita, forte.

Meu mais novo e eterno AMOR.

Penélope S.S.
16/08/07 17:47h

S—EX—O

S—EX—O

...Uma bela MULHER...
...Um HOMEM...
...Um LUGAR...
...Alguma IMAGINAÇÃO...

...Mais? não é PRECISO...

Penélope S.S.
16/07/07 10:00h

barulhos

barulhos

Os CARROS que passam rápidos, rasgando as ruas
Os AVIÕES que voam e caem sobre nós
Os TRENS que nunca param, tremendo nos trilhos feito balas
Os VIZINHOS com suas vozes vazias, verborrágicas e vis

Todos esses barulhos deixam-me atordoado, angustiado.

Por que não somem??
Por que não morrem??
Por que não me permitem o doce e adorável
SOM DO SILÊNCIO??!!

Penélope S.S.
25/07/07 18:58h

1922

1922

SEMANA passada me falaram DE ARTE
Disseram que era MODERNA
Eu, como sou jovem, gostei.
O moderno sempre atrai os jovens.

Penélope S.S.
05/07/07 00:41h

triste nova canção do exílio

triste nova canção do exílio

Minha terra tinha palmeiras
onde cantava, alegre, o sabiá.
As aves que agora cantam
são tristes, são de fazer chorar.

Nosso céu, estrelas, ainda tem,
mas nas várzeas morrem as flores.
Belos bosques poucos se veem,
assim como vida e amores.

Em cismar, sozinho penso:
— Que miséria, que mal imenso,
que tristeza me faz chorar.
Minha terra tinha palmeiras
onde cantava, alegre, o sabiá.

Não permita Deus que eu viva
pra ver, de vez, tudo isso se acabar.
Ver a ave cantar triste,
ver meu filho sem um lar.

Sábio foi o poeta Gonçalves Dias
que um dia cantou muito bem
as maravilhas que essa terra tinha
e que, por nossa culpa, hoje não tem.

Penélope S.S.
18/08/07 20:36h

Brasil

Brasil

Brasil de muitos e de muito pouco
Brasil de muitos sem e muito para poucos
Brasil de grandes e pequenos pequenos
Brasil dos que nunca serão grandes.

Brasil que mais parece outro país
Brasil com S e com Z de Brazis
Brasil que amo e meu amor é DOCE.

Brasil: meu amor é Romântico
Brasil: meu amor é mal-do-século
Brasil: meu amor MORRE jovem e prematuro
Brasil: meu amor te leva para o mais alto monte arcadiano
Brasil: meu enlace contigo é verso forte, barroquiano
Brasil: por ti volto até Anchieta e Cabral
Ah! Brasil: aproveita que te trouxe até o início, e NASCES de modo diferente.
Brasil, sonha meu querido Brasil, pois sonhar é fuga que não se paga.

Penélope S.S.
05/07/07 00:18h

poema resposta com letra “r”

poema resposta com letra “r”
A Rodrigo Severiano

Rabiscos Riscados Recheiam Rascunho
Rasuras Refeitas Revivem Reanimam
Resposta Rimada Rebuscada Reorganizada
Repito Reproduzo Reflito Renego Rótulo Recriado.

Rapaz: Reflita Repense
Romance Rápido Rima Rajada Risco Romaria Rua
Retrato Rabiscado Resvala Ruína Retenção

Retina Rutilante Rotativa Rotineira Rouba Romance
Rouba Roupa Rasgada
Rouba Rugido Rufado
Rapta Resgate Rubro Risonho

Resposta Risível Representada
Romântica Realista Rococó
Revolto Rio Revolucionário
Rebelde: Ria Réu Retrógrado Ria Roedor Rabugento!

Penélope S.S.
13/07/07 23:35h

nega

nega
À minha esposa, com carinho

Nega, nega, é minha nega.
É nega e fresca:
De frescura aromática
De perfume suave
De jasmim que exala só pra mim.

Nega, nega, é minha nega.
É nega e bela:
De beleza radiante
De quadro pintado a mão
De corpo tão belo e são.

Minha nega sem frescor e beleza
Não é nega completa, é quadro imperfeito:
Sem tinta, sem moldura, sem traço, sem lindeza.

É artista sem público
É barulho sem ouvido
É quadro branco no qual falta a tinta, o risco
E o suspiro de quem o admira.

Penélope S.S.
05/07/07 11:40h

cabral e o brasil

cabral e o brasil
Dedicado à luso-brasileira Gabriela Costa

Lá vem Cabral em sua embarcação.
Lá vêm os índios de flechas nas mãos.
Não tenha medo querido português,
pois somos gentis, até falamos francês.

Desce Cabral, na terra de Vera Cruz,
trazendo consigo padres para falarem de Cristo Jesus.
Não precisa espanto com nossas vergonhas,
pois aroma e beleza, não há mais quem as ponha.

Ah! Meu Brasil se não fosse Cabral:

— Como seríamos?
— Que fala falaríamos?
— Que roupas vestiríamos?
— Que comida comeríamos?
— Que cultura devoraríamos?

Lá vem Cabral em sua embarcação.
Lá vêm os índios de flechas nas mãos.
É o futuro Brasil, vindo de além-mar.
É do Brasil esperança, de nascer, crescer, prosperar.

Penélope S.S.
19/08/07 07:59h

sozinha em carne viva

sozinha em carne viva
A Clarice Lispector

“Aproveitar que estava em carne viva
para se conhecer melhor,
já que a ferida estava aberta”.

Aproveitar que as lágrimas caíam
Para deixar limpar todo o rosto
Já que ninguém estava por perto.

Aproveitar que as mãos estavam frias
Para abraçar-se e dizer o quanto se ama
Já que a outra pessoa se foi sem nada falar.

Aproveitar que as luzes estavam apagadas
Para se sentir clara e luzente
Já que a claridade do dia e a do Sol não eram bastante.

Penélope S.S.
10/08/07 16:59h

meu coração...

meu coração...
À minha, sempre amada, esposa

Todas as artérias funcionam,
mas sempre acho que está vazio
quando tu, minha querida
não estás aqui, de mim pertinho.

Sei que o sangue circula bem,
mas não preenche o vazio que ele tem
quando tu, meu eterno amor
não estás aqui, não há nele louvor.

Minha pele luta sempre: o protegendo e guardando,
mas meu escudo é frágil, tenro, brando
quando tu, meu doce amor
não estás aqui, não sinto calor.

Então, pergunto eu, pra que um coração?
então, dizes tu alva beleza,
respondes ao meu sofrimento, à minha oração
junta o teu ao meu, nesse amor de imensa grandeza.

Penélope S.S.
18/08/07 20:54h

a Cláudio Manuel da Costa

a Cláudio Manuel da Costa

Ah! querido Cláudio Manuel
homem do campo, honesto e honrado
que leva teu rebanho ao verde dos prados
junto à tua pastora, tão bela e fiel.

Viveste teus encantos, teus amores
nas sombras das mais copadas árvores.
Amaste cândidas donzelas, assim como Álvares
tratando-as como as mais lindas e raras das flores.

Enfim, fechaste os olhos para tuas amadas
sem forças, querido Costa, pois a vida é finita,
sem mais repousar sobre árvores floradas.

Mas, a voz do poeta, ainda se agita
e aos jovens amantes, soa como as toadas
porque, tuas virtudes, essas são infinitas.

Penélope S.S.
03/09/07 14:30h

g u e r r a

g u e r r a
A Gregório de Matos

A guerra de Gregório é barroca,
Conflituosa, metafórica e angustiosa.
A minha: é guerra nova, rica, civil, popular e desastrosa.

Eu a ousadia gregoriana não tenho.
Eu a boca infernal não tenho.
Eu o atrevimento oposicionista não tenho.
Eu a coragem de ser amoral não tenho.

Tenho sim, a grande arma nas mãos.
Tenho-a e cuido dela com imensa devoção.
Tenho a forte pena que hoje é caneta,
E com ela escrevo com similar emoção.

Da minha guerra cuido eu
Da minha arma cuido eu
E, deixo a Gregório, o saudoso passado que viveu.

Penélope S.S.
14/05/07 00:15h

a felicidade de Clarice

a felicidade de Clarice
À sempre enigmática Clarice Lispector

Abriu os olhos e aprovou o que viu.
Porque, durante a noite, o que mais temia sentiu.
Sentiu o vento bater na janela e as lembranças
que lhe saltaram os olhos
eram de fazer chorar o mais forte vivente.

Levantou-se. Caminhou vagarosamente até o local de onde fluía todo o ventar.
Debruçou-se sobre a saída da janela e
procurou algo, mas, nada encontrando, decidiu,
definitivamente, apagar da memória aqueles tristes e saudosos pensamentos.

Porém ao voltar à cama, já fria, sentiu um vulto cercar-lhe,
aquecendo-lhe a alma.
Dormiu. E, quando abriu os olhos, sentiu que corria
num canto do rosto uma singela e salgada lágrima.
Era a aprovação que tanto esperava.

Então, levantou, caminhou até a janela,
abriu-a, suspirou forte,
e dos pulmões veio o nome mais belo de todos: felicidade.

Penélope S.S.
19/10/07 18:49h

amor tão desejado

amor tão desejado
À minha amada esposa, mais uma vez

Quero amar durante toda a minha vida,
até sentir que não mais aberta está a ferida,
que composta foi quando brotei nesse mundo de viventes.

Quero amar durante o nascente
e o poente do deus sol,
e que me cubra a noite escura com seu lençol.

Quero querer amar durante as horas vagas
e também quero que me tragas (esse amor)
conforto e prazer ao amar-te.

Amor! És abrigo para meu lastimado coração.
És segurança para meu temor.
És cura para todo os males que carrego.
És razão para meu inebriante torpor.

És tu amor, meu grande amor.

Penélope S.S.
24/10/07 15:19h

o grande rei

o grande rei
Dedicado com carinho ao amigo e escritor Francisco Malaquias

O grande rei chegou ao recinto
trazendo luz, pois pressinto
a força, o brilho, os raios de sol
que da face do nobre emana, e só

na presença de sua majestade
é que seu povo não teme a forte tempestade,
a pluvial demanda de água,
e a seca que castiga, causando mágoa.

Viva o grande rei, que conforta seu povo.
É pai acolhedor que renova a esperança, e de novo
faz brotar o vigor, a gana e o buscar
de novos caminhos, a fim de que não possamos fraquejar.

Penélope S.S.
24/10/07 14:53h

ao louco Ari

ao louco Ari
A Ari Denissom

Nunca conheci ARI, antes de
hoje, à tarde, nunca eu o vi.
Mas notei um ARI meio distante,
um louco que sabe o que diz, enfim.

Nunca eu havia visto versos tão novos.
Os de ARI são meio estranhos, sinuosos,
diferentes dos meus que não são bem assim.
Diferentes, é claro, assim como ele é de mim.

Revolvi, então, escrever para ti.
Resolvi me atrever a falar de quem ainda não conheci.
Mas sei que, apesar de tão diferentes assim,
no fim da estrada estarão: meus versos e os do louco ARI.

Não. Não foi um soneto que te escrevi.
Fique tranquilo, esteja calmo,
você é quem sabe sonetar como ninguém.
eu, apenas escrevo...
escrevo em versos livres: e isso me faz muito, mais muito bem.

Penélope S.S.
13/07/07 15:01h

o contista

o contista
Dedicado ao mais novo contista
do Brasil: Rodrigo Severiano

Um contista novo e atrevido
Quer entrar no meio dos grandes.

Um contista pai e estudante
Quer seu semblante num quadro
Grande, junto aos imortais demais.

Um contista sério e esculachado
Quer seu nome pendurado
Nas revistas e jornais.

Vá com calma meu amigo:
Paciência e alegria.
Quem sabe, assim, um dia
Sua cara e suas letras
Deixem de ser estreitas
E enlargueçam mundo a fora.

Penélope S.S.
05/01/06 17:40h

ver

ver
A Lívia

Longe de qualquer suspeita, o
Íngrime terreno das palavras, me faz
Velejar por outros caminhos, até chegar ao
Instante exato do encontro entre o
Artista e sua parceira homenageada.

Penélope S.S.
15/02/06 20:30h

l a b i r i n t o d a s l e t r a s

l a b i r i n t o d a s l e t r a s
A Ana Beatriz

A menina mimada e amada
Nas tardes de sol enfeitada
À espera do riso e da graça.
Bela menina querida
Esperta e traquina menina
Às vezes tão longe da casa bem – vinda.
Teria alguém tão belo sorriso?
Raios - de - sol mais belos? Duvido ter visto.
Imenso amor fraternal que
Zeus, assim como Deus, nos deu de imprevisto.

Penélope S.S.
05/07/07 01:03h

MÃE

MÃE
Dedicado com muito carinho às minhas várias MÃES

Palavra simples
Monossílabo único e forte
Palavra tônica que dá o norte
Mágicas letras de fonemas ímpares.

És a pronúncia do amor
És o tema de todos os amores
A beleza sofrida dos anos de dor
A eterna merecedora de todas as flores.

O parto é a prova maior do teu poder
A força que tens e que entregas
Na hora exata, não negas, não negas.

És tu. Oh! Mãe tão ímpar
És tu. Oh! Bela de beleza incomparada
És tu. Minha fortaleza troiana,
De muralhas erguidas e inconquistadas.

Penélope S.S.
15/05/07 00:35h

a morte

a morte
À bailarina chamada: Morte

A morte é o corte na vida.
Onde tudo para:
O tempo,
A lágrima, o choro.

A sorte da morte
É na hora do corte
Acertar o seu bote.

Você foge e se esconde
E não sabe pra onde.
E não deixa rastro de passos
E não marca os passos da fuga.

E ela te segue.
Com calma. Fria.
Sem pena da dor
Nem de sua agonia.

Finalmente te alcança
E a dança da noite é curta,
Como a valsa que é interrompida
Rapidamente e de surpresa.

E o fim da música
É o começo da despedida.
O triste fim pra quem bailava
Tão bela, pela vida.

Penélope S.S.
21/09/05 11:50h

o velho

o velho
A mim

O velho que não quer ser velho prefere manter-se na antítese.
Prefere viver negando o tempo e a sua forte força.
Viver em ANTÍTESES é andar na corda bamba, seja claro ou escuro, sempre.

Se você pende para um lado: é dia
Se você pende para o outro: é noite
Se você olha para o céu: vê Deus
Se você anda pela terra: encontra o pecado

O velho que não quer ser velho briga contra o Realismo.
— Por quê? — Ele diz —, Esse Realismo veio
para me mostrar a triste realidade. Quem disse a ele que o chamei
no século XXI? Eu quero o meu Romantismo de volta. Exijo-o.

O velho retruca sobre o que não pode mudar.
O que foi feito, foi feito.
O que foi dito, foi dito.
O que ficou velho, ficou velho.
Assim como o Bendito/Maldito.

Penélope S.S.
05/07/07 00:35h

quando virá minha morte?

quando virá minha morte?

Que venha a minha Morte como uma força fatal,
e faça da minha dor um suspirar de pássaro,
um sopro que passa rápido.
Esperando, assim, tão calmo, cá estou eu,
sentado em meu sofá, lendo meu surrado jornal
e bebendo o mesmo doce e suave vinho tinto de que tanto gosto.
O gosto das uvas do campo
transformadas em bebida engarrafada é inebriante, tranquilizante.
Com toda a plena certeza,
a bebida produzida a partir das frutas dos cachos pertence aos amantes.
Mas, e a Morte? Perguntas tu, meu interlocutor,
com quem compartilho esses vocábulos
cuspidos e lambidos,
saídos do fundo do pensamento,
no intento mais simples: conversar contigo.
Deixe que ela se atrase, que erre o alvo,
ao menos por enquanto. Até que eu me aborreça dessa vida
e lhe mande um recado dizendo assim:

“Venha, mulher fatal. Venha cumprir sua missão,
Porque eu não tenho mais gosto por esse lugar.
Venha, e traga sua lâmina afiada. Sua fiel companheira.
Venha que meu corpo não suporta mais me carregar.
Depois que consegui tudo que sempre quis,
me tornei um peso para mim mesmo.
Me tornei um....não sei dizer”.

Mas, lhe faço apenas uma exigência: não permita
que meus amores e amigos lamentem minha partida,
pois tudo que fiz nessa vida foi para tentar ser lembrado.
Não lhe dou o direito de fazê-los sofrer.
Desde já agradeço a sua atenção e compreensão.
Atenciosamente: Eu, um vivente.

Penélope S.S.
5/9/07 16:05h

é preciso dizer à vida que estamos aqui

é preciso dizer à vida que estamos aqui

Dizer o que se pensa é preciso:
mas é preciso dizer hoje,
porque amanhã se morre
amanhã tudo se finda,
então, dizeis a todos.

Dizer-lhe hoje que o ama
Dizer-lhe hoje que o odeia

Se queres salvar o mundo, fazê-lo agora,
porque teu mundo vai morrer contigo.
Se queres vencer na vida, fazê-lo hoje,
porque teus sonhos não podem viver sem ti.

Se queres fazer poesia, leias pela manhã
Drummond, Gregório, Augusto, Pessoa e Camões,
e a tarde não faças nada, apenas pense em tudo que leu.
Mas quando cair a noite, e as palavras começarem a te perturbar,
então, cuspi-as para fora de teu corpo.
Coloca-as em algum lugar visível, para que quando morreres (tu)
todos saibam que realizaste o teu desejo.

Vives agora amigo!
porque a vida não é reprisada.

Penélope S.S.
27/09/07 7:33h

morres amigo, morres

morres amigo, morres

Morres amigo, se não sabes colher da vida
o fruto mais precioso. Abandonas tua lida
e seguis em direção ao sombrio infinito.

Morres amigo, se não sabes viver com afeto
e afeição aos teus ou apego a um amor. Vives sem teto,
correndo por caminhos vazios e cheios de contramão.

Morres amigo, se a cada instante fazes alguém chorar
com tuas rudes palavras. Se finges lamentar
o que sentes.

Morres amigo, morres. Procuras a dona Morte
e se tiveres alguma sorte
a encontrará sentada num banco de praça
cabisbaixa, silenciosa, a te esperar.

Penélope S.S.
19/10/07 09:03h

a ovelha que quer abraçar o mundo

a ovelha que quer abraçar o mundo

Já fiz versos de amor, compaixão e dor,
de saudade voraz, e de grande amizade,
religião e prazer. Todos com ardor,
pois queima dentro (de mim) uma imensa vontade

de falar, por pra fora
o que me incomoda, me angustia.
E fala dentro (de mim), grita na rebeldia.
Sabendo eu deixá-la sair, verei que se aflora.

E corre solta pelos campos da vida
como a alegre novilha, que da mãe se liberta
e se sente faceira, vendo a porteira aberta
se esquecendo da volta, só pensando na ida.

Mas diante do risco, retorna à genitora,
sabendo, a cria, que a vida é incerta
e que nos jovens, o Mundo, curiosidade desperta
porém nada é mais certo que o amor da protetora.

Penélope S.S.
01/10/07 14:46h

o cidadão só

o cidadão só

Fazer versos é penar na solidão,
assim como o só que vaga na escuridão
das ruas estreitas da cidade acordada,
confusa e iluminada.
Mas com tanta gente ao redor, gente só
não procura falar.
Antes se cala, se esconde,
se fecha em si mesmo. Ficando a esmo,
sem poder chegar ao céu, entregue, completamente, ao léu.

Penélope S.S.
29/08/07 00:23h

súplica à musa dos poetas

súplica à musa dos poetas

Oh! Musa dos versos
nesse penar, suplicante, te peço.
Dai-me apenas o primeiro
que do resto saberei ser garimpeiro.

Ajudai-me nessa árdua lida
em minha labuta, diária e aguerrida.
Oh! Musa dos poetas, amada,
cantai-o para mim, nobre deusa adorada.

Se dormes, acorda
se sonhas, desperta,
e acode teu servo
com tua voz, o liberta,

pois preciso de teu canto,
necessito do teu louvor,
musa dos versos, meu encanto,
dona dos campos, feito a rosa-flor.

Penélope S.S.
28/09/07 23:48h

aos meus amores e amigos

aos meus amores e amigos

Que será do Mundo, quando partimos para não mais voltar?
Que será das pessoas que gostamos, e dos momentos que passamos?

Que será da poesia de Drummond, quando meus olhos não se abrirem mais?
Que será dos versos camonianos, quando meu amor chorar sobre meu corpo?

Que será dos meus versos, quando meu pensamento não mais viver?
Que será dos meus amigos, quando eu disser adeus?

Irei para onde vão os poetas?
Ou irei para onde vão os que se acham poetas?

Ah! se meu nome fosse Raimundo!
ao menos faria parte de uma poesia drummondiana,
mas sou Silva, sou apenas um vivente nesse mundo de Carlos, João, José, Pedro
de pessoas que nascem e morrem
e passam toda a vida a procurar a felicidade.

Que será de ti ó Mundo?
“Mundo mundo vasto mundo”

Que será de ti minha amada querida?
que por noites velou meu sono tão suavemente
que por anos e anos me acolheu em seu doce regaço
e me fez repousar, aguardando o nascer do dia.

Porém, é preciso partir
é preciso que se diga adeus
aos amores e aos amigos
aos lindos poemas de Drummond,
de Camões, de Pessoa, de Gregório
de Cecília, de...

Porém, é preciso ir
é preciso que se diga a todos que se ama:

ADEUS... “Mundo mundo vasto mundo” é chegada a hora de deixar-te.

Penélope S.S.
21/09/07 14:17h

minha poesia...

minha poesia...

Minha poesia me entende, me acalma
faz carinho em mim, me afaga
me põe pra dormir, me sossega
me chama com jeito, me desperta

Minha poesia me acompanha durante todo o dia
não reclama da vida, não surrupia
não fala alto comigo, não grita
não remexe na cama à noite, não se agita

Minha poesia me cobre com lençol de seda
conta estórias de fadas, duendes e lendas
me faz viajar em seu suave e doce colo de sereia
e em seu macio seio de musa, retorno ao Olimpo sagrado
e bebo, juntamente com os deuses, dos melhores néctares.

E, deitado eu, em seu macio ventre
Repouso o banquete, antes desfrutado
e a mais bela de todas as damas sussurra baixo em meu ouvido:

— Meu doce poeta, meu nobre escritor,
me cubra de beijos, me tenha em seus braços, pois sou seu amor.

Penélope S.S.
27/08/07 15:51h

a falha do anjo

a falha do anjo

Aquele que pousou em meu telhado
Quebrou toda a minha fortaleza,
Depois bateu asas, e disse aDeus
E fiquei eu só, olhando para o céu.

Aquele que disse ser o meu anjo
Na verdade não me protegeu da queda:
Ele caiu sobre as telhas e eu no abismo das lágrimas.
E assim, nós dois não fomos perdoados.

Aquele que deveria me socorrer
Vestia branco, mas não pôde voar
Tinha olhos claros, mas não viu minha mão estendida
Tinha ouvidos limpos, mas não escutou meus gritos perdidos.

E assim ficamos:
Ele sem cumprir sua missão
E eu, sem ser SALVO, mais uma vez...

Penélope S.S.
16/07/07 09:49h

mudanças minhas

mudanças minhas

SAIBA como estava,
Após alguns anos de VIDA:

Sem OLHOS
Sem FORÇAS
Sem MENTE

Foi preciso comprar nova visão
Foi preciso buscar novas energias
Foi preciso voltar às antigas memórias

VEJA como fiquei,
Após algumas MUDANÇAS:

Voltei a enxergar os outros
Voltei a ultrapassar barreiras
Voltei a visitar meus amigos de outrora

E assim, continuo a viver...

Penélope S.S.
26/07/07 16:56h

processos em mim

processos em mim

Dentro de mim há vários eus
há um que não gosta de nada que é meu
há, porém, aquele que busca o que é seu,
e que sempre rouba a metade do meu eu.

Dentro de mim há processos sem fim
alguns me aborrecem, outros, já, enfim...
há momentos em que os deleto
e há, imagine, momentos em que me sinto completo.

Tudo depende de como meus eus estão
se há harmonia: trabalho, produzo e sorrio
se há apatia: descanso, deitado e vazio
seja na cama, na rua ou no chão.

Penélope S.S.
10/09/07 00:15h

como não ser poeta:

como não ser poeta:

Querido leitor: não sinta emoção,
não queira, não chore, não chame,
não peça, não se jogue no chão,
não acene, não corra, não ame.

Querida leitora: não goze,
não olhe, não beije, não force,
não minta, não se deixe iludir,
não se permita sofrer, ou destruir.

Querida pessoa,
minha voz voa e soa
como o som do sino,
assim como ecoa
a grandeza no hino

Querida pessoa,
meu conselho tem sentido e louvor,
se não quer ser poeta
siga tudo que lhe disse,
mas o mais importante:
deixe fora do peito
esse nobre sujeito,
sentimento inconstante,
inebriante e errante, que é o AMOR.

Penélope S.S.
30/08/07 11:46h

não sou deste século

não sou deste século

Que me perdoem DRUMMOND, OSWALD e MÁRIO de ANDRADE
Que me perdoem o MODERNISMO, a fumaça, a cidade:

Mas não sou deste século

Sou noturno, taciturno, fugitivo
Sou arredio, desregrado, angustiado.

Eu deveria pertencer ao BARROCO gregoriano
Eu deveria nascer no ROMANTISMO hiperbólico
Eu deveria dizer que sou EXAGERADO, mas alguém, antes de mim, já falou.

Que me desculpem todos os modernos
Que me perdoem todos os contemporâneos

Mas não sou deste tempo
Não pertenço a este momento

Sou Antropocêntrico X Teocêntrico
Sou o centro de meus questionamentos
SOU o meu LAMENTO, meu SOFRIMENTO, minha LIBERDADE e minha FUGACIDADE.

Que me perdoe VOCÊ LEITOR
Que me desculpe

Mas reitero MEU ANSIOSO DESEJO
DE MORRER nesse século
E retornar, se possível for
Ao passado rebelde, evasivo, lúgubre, indígena,
MELANCÓLICO... ROMANESCO.

Penélope S.S.
06/08/07 12:25h

a cidade e eu

a cidade e eu

Caminhando entre muitos,
convivendo entre milhares,
mas não existindo olhares
iguais, sentimo-nos destintos,

sem vontade de olhá-los.
Quando na rua ando, amigo,
permaneço cabisbaixo e fingido,
sorrindo apenas quando me é solicitado.

Opaco, meu riso amarelo
se desfaz na face franzina,
e recolho meus lábios,
num singelo movimento o qual seguirão as retinas.

Penélope S.S.
26/10/07 19:50h

como virei poeta

como virei poeta

Um dia, assim, sem querer
veio o amor e, com seu jeito faceiro, me fez conhecer
aquela, que era tão bela
tão forte e, por demais, donzela.

Um dia, assim, sem notar
veio o traquino cupido
com flecha e arco, a cavalgar
em seu majestoso cavalo cândido e florido.

E me fez vítima de seu poder
e me fez, de amor, por demais sofrer
e me fez, doces beijos, por demais querer
e fez, alma minha, junto a dela viver.

Um dia, assim, sem menos esperar
por culpa daquele traquino menino
me vi assim, com angústia, saudade, prazer e ardor
me vi enlaçado por ti bela e jovem donzela
sofrendo e querendo, cada vez mais teu AMOR.

Penélope S.S.
30/08/07 12:17h

explicação

explicação

Não leia meus versos como quem procura uma solução.
Não os leia como aqueles que por outros têm devoção.
Não leia meus versos como quem busca uma saída,
pois neles há apenas uma constante dor mantida
pelo meu simples prazer de fazê-los.

Não tente encontrar rimas raras,
ricas, alternadas ou claras.
Não conte sílabas fortes e fracas,
gordas ou magras.

Se quiser regras, siga os parnasianos.
Se quiser sentir gozo na leitura, busque os românticos.
Se quiser refletir sobre si mesmo, marque um encontro com o mestre Vieira.
Se quiser chegar mais perto da beleza abstrata, evoque os simbolistas.

Eu sou apenas um plagiador de versos alheios.
Se minto, lhe provo com o mais belo verso que já li.
Algo que gostaria de escrever e não o fiz,
pois Bandeira o recebeu das musas com maior sorte
e disse: — Eu faço versos como quem morre.

Penélope S.S.
28/09/07 16:30h

eu: um silva

eu: um silva

Façam todos silêncio agora,
pois lhes peço que escutem minhas lamentações.
Após terminar minhas lamúrias, deixarei todos em paz,
mas antes disso apenas lhes peço: silêncio.

Um belo dia, não veio um anjo e me disse para seguir na vida.
Veio sim o cruel Destino, me marcou com seu ferrão, e
disse-me: —Vai Silva, vai ser tristonho na vida.

Ah! Aquele maldoso Destino, não teve sequer pena de mim
que já nasci antes de tudo um Silva.
E nós sabemos que os Silvas
sofrem mais do que a média das outras pessoas.

Então, à medida que me entendia como gente,
também aprendia que deveria me esforçar mais,
pois essa é a sina dos Silva, e assim me disse o Destino.

Penélope S.S.
13/10/07 09:52h