Meus seguidores

terça-feira, 29 de novembro de 2011

PÊNDULO


A vida é um pêndulo oscilante
à espera do dedo da Morte
para que o faça parar.
(Estagnação existencial).

Penélope SS

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Terra-Seca-Alagoas (a minha terra)

Onde vivo é um sol pra cada um.
Aqui é Nordeste: onde o boi lambe a terra seca,
implorando uma gota de água.
Aqui os peixes têm cor-de-tristeza
e as cabras saltam por entre as barreiras,
tentando se esquivar dos altos graus solares.

Aqui é onde nasci, cresci e morrerei.
Nesta terra seca e cheia de vida.
Neste chão pisado e regado à luta dos que aqui brotaram.
Aqui é onde quero estar:
Exatamente aqui.

Penélope SS
17-11-11 13h:05

Quadrinha da caneta feliz (a minha esposa)

Como pode objeto singular-comum
fascinar o mundo dos olhos e dedos?
Atrair pessoas a tê-lo em suas mãos,
construir histórias, mitos e lendas atemporais?

Penélope SS
17-11-11 11h:25

Labirinto (a minha esposa)

Entro. E já não sou mais o mesmo.
Aquele que sairá desse labirinto espiral terá outra face.
Enquanto corro velozmente,
atrás de mim se forma um mundo novo,
cheio de concreto e pessoas apressadas.
E as casas não aquecem mais como no tempo de minha mãe;
E os irmãos já não protegem uns aos outros: lutam entre si.

Saio. E a morte,
de vestido cinza e sapato de salto tamanho 15,
me estende a mão.
Desperto: já estou morto.

Penélope SS
17-11-11 11h:15

Poema animalesco (a minha esposa)

O velho costume nunca é deixado para trás.
Enraíza-se em nós como lama de pântano;
como as cinzas dos restos de construção.
Ah! O prazer é um bem valioso.

E as pernas dos amantes se entrelaçam.
São cobras a picarem-se em desespero bestial.
O roçar dos corpos escamados;
a fricção das bocas a buscarem-se,
almejando o gozo (ápice dos deuses) divinal.

Penélope SS
17-11-11  11h:05

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

c a s s a r l e t r a s

C A S A L
C A S A M E N T O
C A S A
C A S A R Ã O
C A S E B R E
C A S A R I O
C A S T I G O
C A S T I D A D E
C A S T R A Ç Ã O
C A S T R A D O
C A S M U R R O
C A S C U D O
C A S Q U I N H A
C A S C Ã O
C A S C A
C A S A M E N T O
C A S S A R
C A S A R
C A S E I


Penélope SS
03/08/07 16h:03

CRISECRIMES

† † † † M I L G R A U S † † † † † † †
† † † † O † † † † † † † † † † † † † †
P F A E R O N A V E S † † † † † † † †
† † T † T A M C † L A S T I M A V E L
† B R A E † † P † † B R A S I L † † †
† † A † S † † I † F O G O P O L I C E
V A S P † † † † † † T R A F E G O † †
† G O L † † † † † L A G R I M A S † †
† † S † † † † † † † G R A U S † † † †
† † † † S O F R I M E N T O S † F B I
† C A N C E L A M E N T O S † † † † †
I M L L A M E N T O S † R E S G A T E

Penélope SS
25/07/07 20h:30

Tudo que há é Deus

A folha cai: é o sinal da primavera que se inicia.
O sopro de Deus se renovará
perante e diante de nossos olhos.
As abelhas seguem seu destino e vitalizam
as flores que encontram pelo caminho.

Mas quem as programou dessa maneira?
Quem lhes indicou o caminho das flores e dos campos?

“A natureza faz revelações” disse o poeta maior
e Deus se mostra claramente em cada gota de chuva;
em cada ramo que nasce;
nas peles e pelos trocados dos animais.

Deus se mostra em cada recanto de pedra;
nos musgos mais recônditos,
sua onipresença pode ser notada até mesmo
no coaxar uníssono dos sapos parnasianos.

Deus é montanha e átomo.
É tônico e átono.
Sou e você.

Deus é o que há.

Penélope SS
15-11-11 11h:20

O pássaro de Deus (a Djavan)

Deus não dá asas a cobra,
pois a castigou por ludibriar Eva com sua maçã.
Mas (Deus) cedeu sua voz a um pássaro frondoso
(afro-alagoano) e o chamou: Djavan.

Penélope SS
15-11-11 10h:45

Contraste

A vida é dura quando se cresce.
Torna-se cinza o dia, o tempo envelhece
a passos largos. Constatação amarga
para adultos acres e suas pesadas cargas.

A vida é suave para as crianças
em seus mundos encantados, andanças
livres, ruas abertas, novas descobertas
ao alcance das pequenas mãos, sempre abertas

ao inesperado. Inocência divina refletida
nos olhos infantes, nos ensinando a saída
do abismo, labirinto infernal do egoísmo

humano. A vida é um contraste entre dia
e noite, chegada alegre e triste partida,
amargas derrotas e vitórias revestidas de heroísmo.

Penélope SS
15-11-11 11h:00

Nossos olhos

Deus está tão claro que nossos olhos
sujos de pecado ainda conseguem
apreciá-lo na sua mais perfeita criação:
a Natureza.

Penélope SS
12-11-11 6h:05

Enigma

Escrever é deixar escorrer o incerto
para ser exposto ao outro. Haverá momento certo
para se mostrar aos demais? O poeta é
o único tolo que não aprende a se calar. Fé

em Deus e vocábulos aos outros, aos quatro
cantos do mundo. Será que Deus aprova o fato
de ser usado em poesia? Por falta de resposta
divina, melhor voltar ao plano real, à encosta
da cadeira e ao enigmático poema.

Penélope SS
11-11-11 ??h??

Deus deveria se chamar Aurora

Raios, calor, vida que se renova
através da força mística do sol.
Como pode exercer tanto fascínio
um ser que sequer conhecemos?
A palavra que responde é Encanto.
Quando Deus labutava na criação dos planetas,
Ele, indubitavelmente, uniu toda sua força
para nos oferecer uma estrela única e imortal.

Deus deveria se chamar Aurora.

Penélope SS
12-11-11 5h:51

Deus e o sol

A beleza do nascer do dia é a prova
máxima da alegria de Deus para com os homens.
Brilhai! Brilhai! Astro-Rei e sobre nós
derramai gotas de teu calor infinito.
Deus acordou mais amável do que nunca.

Penélope SS
12-11-11 5h:35

Desapontamento

Os homens do meu tempo são vazios de paciência:
triste constatação numa manhã chuvosa.

Penélope SS
11-11-11 9h:38

Homem-primata

A dama despida se faz desejada
no quarto abrasador, enquanto o amante escorre
por entre suas entranhas com afinco de primata.
A guerra entre os corpos é o sinal mais visível
da brutalidade animalesca presente em nós.
Na hora do sexo, meu bem, ninguém é bonzinho.

Penélope SS
11-11-11 9h:30

Cotidiano

A criança chora;
Os carros passam apressados
e os homens, incansavelmente, trabalham.
Trabalham como células em nosso corpo
erguendo o que ainda não tem forma.
Os homens incansáveis empurram o país para frente;
Os homens que suam na chuva, gotejam no sol,
suor de quem labuta nesta Terra Brasilis
e não goza o prazer de sentar-se à noite à porta de casa.
A criança chora, ainda;
Os carros foram dormir
e os homens sonham com o dia de amanhã.

Penélope SS
11-11-11 9h:19

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O analfabeto

Voltei à tinta e ao papel
e, meu Deus, creio que não saiba mais usá-los.
A mão parece perder-se sobre a matéria clara em sua frente.
Os dedos escorregam como pés em piso molhado.
Estou cego de minha escrita.

Penélope SS
11-11-11 9h:05

sábado, 12 de novembro de 2011

O moribundo

Ai de mim que nem vivo, nem morro
(lamenta o moribundo)
Passo meus dias e noites zanzando
sozinho, gritando socorro! Socorro!

Penélope SS
8-11-11 12h:05

Espelho

Diz o poeta se olhando no espelho:
— Esse que aí está não passa de um
que não sou eu. E, mesmo partido ao meio,
ainda seria de mim diferente:
Eu sou poeta e ele um vivente.

Penélope SS
8-11-11 12h:00

Poema vômito

FLAUBERT me sopra ao ouvido como devo escrever um romance. Mas a vida do século vinte-e-um é um verdadeiro desastre com suas modas repetidas e escritores de Best-Seller. Hoje os anônimos são mais famosos que BALZAC e a mulher de trinta bota silicone nos peitos e na bunda para enganar a gravidade e o homem com quem se deita à noite. Pois quando se faz sexo não se pergunta de qual clínica veio o enchimento de 230 ou 350ml. MACHADO é que tinha razão quando escreveu BRÁS CUBAS e ninguém mais fará outro defunto-autor, nem em mil anos, nem com toda tecnologia junta. Não há vampiros modernos que sucumbam BRAM STOKER e sua fantástica criação. SINCERAMENTE, me cansa esta Literatura de fim de tarde. HONESTAMENTE, os poemas de hoje vão à TV e se acham no direito de ensinar alguma coisa aos leitores. São todos (inclusive os meus) vômitos de uma geração ociosa e de cara feia.

Penélope SS
8-11-11 9h:39

A velocidade da noite

A noite passou veloz como um jato.
Vi apenas seu rastro para trás deixado
como uma trilha viscosa. E meus olhos

que nem sequer conseguiram adormecer,
ainda agora que já é dia claro, tentam cerrar-se,
voltar ao estado calmo das horas da madrugada.

Penélope SS
8-11-11 8h:25

Minha pátria

Minha pátria é minha casa,
porque aqui me sinto acolhido
e vivo os meus desejos,
sejam eles puros ou obscenos.

Neste pedaço de chão
a podridão dos corruptos não penetra.
Aqui é minha pátria.

Minha pátria são os olhos de minha filha
que sinceros me dizem sempre a verdade.

Minha pátria é minha caneta
e minha folha em branco.
Com eles eu cuspo no mundo
toda a minha ira contida.

Aqui é minha pátria:
neste quarto, nesta cadeira, nestas teclas.

Fora desta casa tudo é estrangeiro.

Penélope SS
8-11-11 7h:45

Quadrinha da chuva que cai

Alguém no céu derrama seu pranto
e nós, cá embaixo, nos molhamos
feito filhote novo, nessa bruta chuva
que encharca terra, alma e roupa suja.

Penélope SS
5-11-11 23h:34

Quadrinha do assanhamento masculino

E de ver passar um rabo de saia
logo o sujeito se vira, com mirada
de fuzil certeiro, a sonhar tal beldade
despida, polida e cheia de liberdades.

Penélope SS
5-11-11 23h:19

Quadrinha da vida urbana

Caminha a humanidade sem saber pra onde,
enquanto o caos conscientemente progride
a passos largos pelas vielas e condomínios
desse mundão de meu saudoso Deus.

Penélope SS
5-11-11 23h:10

A Vós meu conselho

Orgulho é coisa besta, pois se morre de cara feia
E a mágoa causada nunca é reparada. Margeia
A estupidez ter rancor por outrem que se vai,
Assim como nós. Dando um bom tempo se esvai

Toda a birra é somente paciência ter. Acalmai
Teu ímpeto e palavras para que não machuqueis
O vosso amor ou amigo. Das belas coisas Lembrai,
Uma vez que curta é nossa estada. Bebei, comei e vivei,

Ao lado dos que te amam, sempre em verdade.
Deixai a empáfia aos teus inimigos, cultuai a lealdade
E vereis quão maior será teu grupo, tua irmandade.

Acolhais do lado de dentro de tua casa apenas amor
E que ponhais do lado de fora todo o amargor
Que traz a soberba, filha amarga do acerbo rancor.

Penélope SS
28-10-11 23h:17

Luz: eterna Claridade

E mesmo que eu ande por caminhos incertos,
Haverá sempre uma forte mão a me livrar
Dos abismos obscuros e espinhosos, pois certo
É aquele que entrega nas mãos do Criador o guiar

De seu destino e segue aquele que é a Luz do Mundo,
O Farol de infinito brilho, mesmo que os imundos
Tentem desvirtuar seus ensinamentos. Aprendamos,
Oh ingratos viventes, ainda que tardio, aprendamos

A viver em comunhão; unamos nossas orações
E aos céus supliquemos salvação. Corações
Ao alto como na oração e na Terra obrigações

De amor e fraternidade; respeito e irmandade
Para com nossos iguais e não mais crueldade,
Escuridão, pois é chegada a era da eterna Claridade.

Penélope SS
28-10-11 22h:45

A prostituta e o poeta

O poeta se prostitui quando se oferece
em meio a tantos outros
pendurados numa vitrina qualquer,
dentro de uma linda loja
com seu ar-condicionado cheirando a cama limpa de motel.

O poeta oferece suas palavras a quem pagar mais,
assim como a prostituta oferece seu corpo,
suas entranhas a quem lhe chegar primeiro,
a quem lhe matar a fome e a sede.

O poeta, assim como a meretriz,
não tem a menor vergonha de se expor,
mostrar-se aos muitos, despir-se de todo o pejo,
toda a candura.

Cabe à rameira esforçar-se com todo vigor
a fim de inebriar seu pagante, como cabe ao poeta
manter seu leitor apetecido por suas metáforas,
embriagado com suas rimas tão ricas e fartas.

O sofrimento poético é intenso
como uma trepada amarga com corpo desconhecido,
mas o prazer de vencer a dor
e expor o seu mais dilacerando brilho
os torna tão fonte e imensuravelmente vivos.

Penélope SS
22-10-11 01h:04

A Henrique VIII

Não importa o que pense o Papa
Por amar em demasia, eu, rei absoluto,
torno casamento nulo,
crio religião, reconfiguro Mapa.

Penélope SS
8-11-11 11h:55

Poesia cabralina (Homenagem a João Cabral de Melo Neto)

Eu que não quero um poema cabralino
Cheio de não ao sim, corrompendo o lindo
Azul do céu com suas formas secas, maldizendo
O amor, renegando o torpor lírico, apetecendo

Tudo aquilo que já não sente. Eu, que me perco
Em meio a Gregório e Bandeira, talvez seja um grotesco
Ao renegar a bela faca-só-lâmina estendida por famoso João;
Ao rejeitar ideias mil: pedras, edifícios marmóreos, um chão

Batido numa terra seca, um Nordeste forte, canino,
Com raiva nos dentes, latindo alto, voz de Severino
Que ecoa na grande metrópole. Cantas teu hino

Louvado Neto e finges que o mundo é uma enorme
Roda gigante em preto e branco, com ferrugem e disforme,
Enquanto eu, levando a vida em tela colorida, me conforme.

Penélope SS
21-10-11 23h:14

A Lêdo Ivo

“Não vejo a hora de morrer”, grita o poeta velho
e entediado e revela: “para que minhas cinzas sejam
jogadas no Tâmisa e eu siga o caminho que sempre quis”.

Penélope SS
8-11-11 12h:30

Nova data (Com eterno amor a minha sempre amada filha)

O tempo é um amigo engraçado, pois ontem te vi
Em meus braços, tão frágil e pequenina, e hoje aqui
Estás, ainda pequena mas já em passos firmes e olhar
Assente em direção ao futuro. Falar de ti é inundar

Os olhos; verter rosto abaixo infinitas gotas de um amar
Incólume; ter o peito de jubiloso como no dia que vi brilhar
Para mim teus feixes de luz, como faróis celestes, divinos.
E, desde esse dia, não há respiração tua que em mim

Não desperte a gratidão aos céus. O tempo, um dia, numa
De suas brincadeiras, há de nos separar, porém o meu amor
Por ti não se finda com marcação terrestre, porque transpassa

O que há entre terras e céus, mares e oceanos. Fortuna
Minha de imensurável valia, raio de sol do meu dia, calor
De minh’alma, que o tempo seja bom e nos conceda eterna graça.

Penélope SS
25-10-11 21h:47

Amor inesperado (A minha sempre amada esposa)

Inesperadamente te vi entrar por aquela porta
Tão doce e jovem, ainda infante mas já envolta
De beleza singular. E meus olhos, ao mirar-te,
Souberam inexplicavelmente que a parte

Andrógena, que eu tanto buscava nos efêmeros
Lábios de outrem, ali se materializava. Evento
Extasiante que em mim se fez marca. Sol-brilhante
Que irradia o que em mim é alma; júbilo cantante

Dos anjos sei que houve em hora tão sagrada
E a voz divina versou em nós o que se chama amor:
Desejo inteiro, lívida plenitude. Querer-te, oh amada,

É andar em celeste azul, infinito céu. É sentir o doce sabor
Do fruto original e ter infinitamente na pele exarada
Tua marca, teu beijo, teu cheiro macio, tua matiz de viva cor.

Penélope SS
21-10-11 00h:04

Caminhada por Maceió (Dedicado a minha querida cidade de Maceió)

Vivi a vida toda andando aqui e ali,
transitando pelas ruas desta cidade azul.
Fiz dez, quinze, vinte e cheguei aos trinta
mas parece que as ruas de Maceió não
completam idade nova, seguem sempre
com a mesma cara, o mesmo sorriso amarelo.

Olha pra frente Maceió,
desbrava o teu futuro,
penetra no Mundo,
grita aos quatro ventos que és linda
como a sereia de tua praia.

Ah Maceió, aqui é três mulé prum home só,
sem contar tuas águas cristalinas,
teu verde-mar, natural azul-piscina.

Vivi toda minha vida correndo
pelas ruas de minha cidade natal:
ônibus cheio às seis da manhã;
ônibus cheio às seis da noite.

“O trabalho dignifica o homem”,
mas ônibus cheio não dignifica ninguém.

Deus, Deus, por que destes tantas belezas
a esse lugar e muito poder a esse
ninho de sovinas?

Penélope SS
6-11-11 00h:00

Minha cidade

Ando pelas ruas esburacadas de minha cidade
E nos rostos cansados e senis enxergo a mocidade
Que jaz vivida em épocas passadas. Tempos bons
Aqueles: sentados às portas, conversas infindas

Com a vizinhança enquanto as crianças traquinas
Corriam, brincavam e viviam sem o malévolo som
Das armas, das balas perdidas. Triste atrocidade
Que hoje mancha nossa existência; ferocidade

De bicho assassino que a todos amedronta.
Minha cidade bela já foi, mas o que se encontra
Aqui, nestes dias de caos, são mãos erguidas aos céus

E vozes aos homens de bom coração, desejando pronta
Extirpação desse câncer, chaga belicosa, arenoso fel,
Para que infantes e senis possam novamente deleitar teu mel.

Penélope SS
26-10-11 00h:08

Quadrinha do paraíso

Amamos os amigos pois não se vive só
Nesse imenso mundão, casa de Deus que do pó
Nos fez metade, para que buscássemos findar o nó
Da solidão, feito Eva que janotamente inebriou Adão.

Penélope SS
21-10-11 00h:12

Quadrinha do amor distante

Amor, amor que estais tão longe, distante
De mim que tanto sofro. Retorna neste instante
Oh amor errante, pois meu corpo arde, queima
Forte de saudade tua: ser ígneo, chamejante.

Penélope SS
25-10-11 23h:41

Homenagem aos Lumière

Bendita a luz que ilumina as salas escuras
pelo mundo à fora, e bendito Deus que iluminou
as mentes de dois irmãos para que fizessem
nascer a mais bela das artes.

Penélope SS
8-11-11 11h:49

Morrendo em Paris

“Nunca fui à França”, diz o sonhador poeta
e completa “mas gostaria de morrer
nos braços de Simone de Beauvoir”.

Penélope SS
8-11-11 11h:35

Quimera parisiense

Paris é um sonho inalcançável
que sonho toda noite em meu quarto.
Triste é acordar e não sentir o doce-frio
das ruas parisienses.
A realidade é uma cama que não se move.

Penélope SS
8-11-11 12h:15

PARIS

As ruas de Paris cheiram a calote
Como amantes pobres que fogem
Sem pagar a tarde suada, passada
Num quarto três-por-quatro. Nada

de perdão aos egoístas! A Cidade
Luz agora brilha embaçada, fealdade
Cicatrizada nos rostos passantes.
Paris é uma virgem (despida) diante

Do farol do Mundo e envergonhada
Por expor suas formas, seu Monte-de-Vênus
Ao bel prazer dos critiqueiros. E calada

Permanece, gemendo baixinho, maltratada
Como as putas de seus portos. Ah! Extremos:
Arco, Torre, putas, dores, grandeza de menos.

Penélope SS
8-11-11 7h:33