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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Diástole

Diástole


Que chuva a cair em meu telhado.
Gota a gota, molhando e cumprindo seu papel.
Assim, lavando e levando consigo impurezas diversas;
folhas, galhos, restos, sobras, terras.

Que chuva a cair em minha mente.
Gota a gota, me fazendo retroceder;
lembrar fatos e fotos e rostos e lábios e braços e promessas.
Outrora chovia sempre em meus pensamentos,
mas, por hora, apenas goteja;

Que tanto de outrem a chuva me trouxera agora.
Unhas e cabelos; gostos apetitosos.
Que tanto de ti me transborda,
cai de meu ser como as gotas que do teto descem.

Que dizer de tanta amargura;
quando um não quer o outro vira e cala.
Continuemos nossa vida paralelamente às águas;
paguemos nossas contas e deixemos ao Firmamento
a decisão de decidir por onde seguiremos,
após dispersarmos nossos sonhos.

Agora, quão de nós é um e não dois?


Penélope SS

24-1-15   18h:59 

Rua

Rua


Gastou-se a paciência.
Findou-se a tolerância.
Mesmo sem rumo certo,
Seguirei o rumo que meu nariz apontar.

Meus gostos se desgostaram de ti;
Derme, epiderme, couro cabeludo, capilar, cópula incerta.

Gastou-se a decência.
Findou-se a complacência.
Rua, aqui vou eu.


Penélope SS
24-1-15   19h:30


Ando meia jururu

Ando meia jururu

Homenagem


Ando meia jururu. Assim... assim...
Demasiadamente ansiosa por novidades
em meu quarto e em mim.
Ando pelos cantos da casa e
pelos meus próprios cantos.
Recôndita em meu corpo tão meu;
tão complacente (meu corpo) com minhas dores
que já nem o escuto.
Ando meia jururu comigo mesma.
Tão cheia de mim que até chego a discutir
com a imagem que me olha nesse espelho
celestialmente transparente.
Ando meia jururu com minha religião e com meus dogmas.
Mais um pouco, e os mandarei às favas.
Ando e caminho e me sinto assim, ultimamente.
Tropeçando em meus próprios pensamentos,
todos jogados no vão dessa casa imensa chamada eu.
Ando tão meia jururu que começo a falar de mim
como se eu fosse outra; hóspede em minha própria morada.
Ando tão meia jururu que comecei a negar minha voz.
Ando tão meia jururu que de mim mesma já ri
e me fiz promessas de vindouras visitas.
Oh! Sol de cidade lagunar:
quanto de teu sal,
são lágrimas de minhas agruras diárias.
Ando, sim, meia jururu por hoje.
Mas andarei amanhã, por aqui, por ali, por acolá,
Risonha e límpida; ofegantemente gritante
com minha arranhada voz novamente ecoada
aos quatro ou cinco ventos,
usando de minh’arma mais poderosa:
FE-LI-CI-DA-DE.


Penélope SS

3-2-15  23h:11   

Chamam-me Altas Montanhas

Chamam-me Altas Montanhas


À minha parceira literária Jennifer Yamashita


Estranhamente segura-me a cama.
Corpo parado e cansado.
Enfadonha manhã de domingo
aqui em minha existência.
Ouço, ouço, cantos e vozes ao longe.
Pássaros e pessoas a cantar e falar aos seus.
E os parques abrem suas portas.
E as praias convidam seus frequentadores.
E os shoppings ligam seus mortais ares-condicionados.

Estranhamente, convido-me a permanecer quietinha.
Calmo ruído em meus pensamentos.
Dentro do turbilhão que me tornei,
remexo e reviro-me e refaço-me
e repenso-me e respiro fundo.

Janela aberta;
alguém lá fora ainda precisa de mim.
Fujo das dores e arranco todas as camadas inertes
que outrora me acorrentavam.

Viver é preciso;
Ver o sol é preciso;
Caminhar é preciso;
Sentar-me no balanço do parque é preciso;
Respirar novo ar e correr sem rumo é mais que preciso,
se faz necessário.

Acordei de um sonho estranho.
Novos ares e velhos amigos.

My life
My friends
My world  

Eu, ainda mais viva.
Eu, ainda mais intense.
Eu, indestrutivelmente, EU.

Prazer: Altas Montanhas.


Penélope SS

25-1-15  10h:56

Eu e minha Fênix

Eu e minha Fênix

Homenagem a parceira das artes: Jennifer Yamashita


De mim, a ti, confiei o que de mais valioso tinha:
Meu ser, sem ressalvas e sem rédeas. Sem nada
A perder, me fui entregando gota-a-gota (essência minha);
Cobrindo-te com meus risos, mal sabendo de continhas

A perfídia impureza humana. Amar a dois é estar
Constantemente em avaliação; é querer abdicar
De olhares outros, a fim da pessoa amada zelar.
É manter-se firme, complacente no mirar

Amado. Todavia, eis que sem ti me vejo,
E tão leve me sito que, ao te mirar, percebo
O quão de nós era apenas eu. Sem ti ei

De caminhar, passo a passo. Obstinada irei
Além e aquém de tuas amarguras. Antes Rei,
Hoje só; somente a mim restando ocupar-me de viver. 


Penélope SS

5-2-15  22:47

Resposta intuitiva

Resposta intuitiva


Cada passo, exatamente como foi pensado,
Nunca deixa de ser uma escolha (renúncia)
De outra resposta. Pegada que o pesado
Corpo desfere ao chão; imensuravelmente cansado

Dos dias de luta. Vinde a mim, manhãs gloriosas,
E alegrai minhas retinas demasiadamente fatigosas.
Vinde a mim, Alegria. Chegai a quem incansável
Te busca; chegai e tornai leve manhã essa inefável.

Cada não renuncia o contrário da negativa,
Bem como aceitar rejeita outra assertiva
E sigamos na filosofia diária das escolhas.

Hoje, contando meus passos, decidi: colhas
Tu do chão minhas respostas em folhas
Garrafais; letras de meu sangue: resposta intuitiva.


Penélope SS

8-2-15   00h:44