Meus seguidores

sábado, 29 de novembro de 2014

O saber ir (trajeto de min’alma)

O saber ir (trajeto de min’alma)

A alguém especialmente distante


Saber que o ir é certo e incerta a dor latente em nós,
aguda e funda e intensamente latejante.

Que dirão os anjos quando me virem?
Que palavras serão cantadas em memória de mim?

Saber que finito esse viver
e certo o porvir dos céus.
Mas e obrigatoriamente
o saber doar-se e o brotar-se
por entre as mentes e corações.

O saber inserir-se
O saber permanecer internamente
em outrem
que em nós
uma vez concedida a estadia,
acolhido o afago,
morada fizemo-nos.

Deixar ir e manter-se perto.
Alegre contraste de antíteses humanas
e alegoricamente metafísicas.
Sejam nossos olhos as vozes;
o elo com os amores mudos
e as palavras ao redor,
nessa incontável sala feita de livros
e vocábulos que ao penetrar em mim,
tornam-se e tornam-me eu.

Saber querer o conforto do abraçar
o mais íntimo de quem se ama
e desejar ficar quedar aqui no recinto amado
por um tempo mais que estelar;
eternidades cósmicas e camadas e camadas
de pura vida, pós-vida e pós-lágrimas
e findar-se ao fim do dia.

Jaz meu eu no dia mais ENSOLARADO
e o lago largo dos risos será de mim percurso;
trajeto de min’alma.

Penélope SS
28-11-14  00h:24      




Universo em ti

Universo em ti


Intensamente miramos o distante,
como se nada agora fora mais importante.
Inconscientemente aceitamos que o Sol nos deixe por hoje,
como se o próprio caminhar dos astros
fosse suficiente para aplacar o universo
de angústias que trazemos em nós.
Inconsequentemente permitimos o largar das dores
em algum canto recôndito e estelar,
como se quiséssemos extirpar nosso sofrer
e deitarmos aqui mesmo no piso frio
e acolhedor do que chamamos lar.

Chegue-se até mim vagarosamente;
Permita-me aquecer meu eu em tua alma,
a cada lágrima que eu derramar;
Acalme-me os suspiros arrítmicos
que me sacodem internamente;

Feche todas as saídas...

Hoje somos nosso próprio universo
E desejo-te mais luminosa do que a própria galáxia.

Penélope SS

25-11-14 00h:24 

Enigmática Monalisa a mirar-me

Enigmática Monalisa a mirar-me


Mesmo estático, move-se o belo e enigmático sorriso.
E o contrastar dos intensos lábios com a suave-ingênua
doçura dos alvos dentes, faz de ti musa minha;
Monalisa de minha arte;
Parede onde fixo tua pintura.
Deixai cair sobre tuas retinas
as finas madeixas que recobrem tua imagem;

Ai de mim que fixamente miro-te e,
ao flertar com a imensidão luminosa de teus olhos,
vejo-me tão distante de onde piso que suspiro e
aspiro meus próprios pensamentos,
tentativa vã de me transportar para dentro de tua imagem.

Sabes bem que em ti cabem todas as forças
e toda poeira infinitamente angelical.

Como pode o estático mover-se
tanto diante de meus oculares globos?
Como podem as pedras se moverem
tão singela e vagarosamente sobre os campos?
Como pode tu, ser-de-luz, irradiar tamanho brilho
a ponto de querer saltar de onde estás?

O fascínio da arte consiste em:
Tornar vivo o imóvel;
Tornar próximo o distante;
Tornar vivo o inerte;
Tornar um o dois.

Penélope SS

25-11-14  00:06 

O repouso do anjo

O repouso do anjo


Dorme, dorme o anjo das alturas.

Dorme e sonha;
Dorme e descansa seus olhos,
enquanto nós o velamos;
Dorme e poupa suas energias
para a grande batalha que se aproxima;
Dorme e imagina seus pensamentos
e cabelos livres das rédeas humanas;

Dorme e suspira,
enquanto nós vigiamos seus suspiros.

Dorme, dorme o anjo das alturas.

Dorme e sonha com lindas flores
e perfumes campais;
Dorme enquanto afago-te as madeixas escuras;
dorme e, enquanto dorme,
longe vai suas dores e angústias diárias;
dorme enquanto que do Olimpo miram-te os deuses,
invejando-te a capacidade de ser tão humana e celestial.
O sono forte se faz,
e com ele o desejo de ver-te anjo
mais uma noite em paz.


Penélope SS

20-11-14  22h: 10

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Verbalizar-te-ei

Verbalizar-te-ei


Deitar-me-ei aqui
E suportarei sua ausência por hoje.
Aquecer-me-ei com tua falta
E degustarei lembranças de outrora.
E dessa forma vivo meus dias...

Penélope SS

10-11-14  01h:27

Levante-se, arrume-se e caminhe para fora do meu coração

Levante-se, arrume-se e caminhe para fora do meu coração


A ti


Do lado de cá é bem melhor,
pois tenho todos os sorrisos de que preciso.
O que, por muito tempo
me faltou em você, a quem tanto me dediquei.

Do lado de cá é que me sinto viva,
pois os abraços são mais sinceros
e as alegrias são primaveris.
O que, por inúmeras vezes, acreditei haver em ti.

Gritaste alto demais e em demasia me feriste

Agora, eu quem decido meu caminho
e as entradas e saídas da minha estrada.
Levante-se, arrume-se e
caminhe para fora do meu coração.

As trombetas agitam-se ao longe
e a vibrante voz se inflama
dentro de minhas entranhas.

Agora eu quem decido meu caminho
e as entradas e saídas da minha estrada.
Levante-se, arrume-se e
caminhe para fora do meu coração.

Ainda consigo enxergar as estrelas
e todo o brilho que elas apresentam
e talvez seja isso que nos diferencie agora...

Ainda consigo sentir a brisa e os trovões
e todas as transformações dentro de mim
e mesmo correndo em direções opostas
posso afirmar que prefiro
lançar-me ao inesperado sozinha do que ao seu lado...

Agora eu quem decido meu caminho
e as entradas e saídas da minha estrada.
Levante-se, arrume-se e
caminhe para fora do meu coração.

Penélope SS

10-11-14   00h:52

E você Alice? Ou apenas meus devaneios?

E você Alice? Ou apenas meus devaneios?


A ti que tanto estimo


Não sei se caí
ou me disseram apenas para seguir em frente
e segui sem questionar
se o lugar para onde me mandaram
era o paraíso que tanto queria.

Aqui, não me sinto bem:
Queima-me a pele
como se em fogo convertido todo meu corpo estivesse;
Arde-me o desejo de voltar ao lugar tranquilo e calmo, feito ventre materno;
Sinto-me cansada e demasiada ofegante com tamanha cinza nuvem.

Então, meu desejar se intensifica, mais e mais...
Então, meu ansiar se inflama dentro de mim...

Leve-me ao lugar onde os anjos possam voar;
Leve-me, anjo meu, ao mais alto dos Olimpos;

Leve-me...

Pois é o que meus olhos tanto almejam.

Não sei se caí
ou por descuido dos deuses vim parar aqui
Não sei de quem a culpa é
Apenas queimo... Ígnea dor em meu ser aflige
Dia após dia... Noite dentro de cada densa noite.
 
E assim caminho,
Sem as asas de antes
Sem a temperatura correta

Fôlego ofegante...
Paraíso meu...
Mostrai-me tua porta
Alice de meus sonhos
Tão e tão e tão distante.

Penélope SS

10-11-14  00h:11

Grandioso grão

Grandioso grão

A ti novamente

Não é o caminho, e sim o percurso que você faz nele;
São as pegadas que deixas por onde passas;
São os sorrisos que arrancas espontaneamente.
Grandiosos serão teus feitos se forem sinceros.

Não é a premiação, e sim as lágrimas da tua conquista;
É o labor diário, tentando, lutando, errando, acertando;
É a dedicação inabalável que te faz subir ao palco e ouvir os aplausos.
Gloriosos serão teus dias se forem verdadeiros.

Não é pelo dinheiro, e sim os abraços dos que te cercam;
São os gestos imperceptíveis que te fazem tão grandioso
Como uma gota no imenso azul da imensidão humana
Um grão de areia no oceano íntimo e zeloso.

Penélope SS
13-7-14  22h:26


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

À procura de ti

À procura de ti


Caiu a noite... e com ela o frio de ser um só.
E tu, doce-flor, andarias por onde?
Corre aquece quem tanto treme na noite gélida
e seguidamente silenciosa.
Apressa-te pois a noite interminável me consome.

Penélope SS

25-10-14  20h:44

Decifrar-te? Atrever-me-não-irei

Decifrar-te? Atrever-me-não-irei

A ti, enigmático ser


Serão teus dentes ou tua face?
Será teu cabelo ou teu sorriso?
Será teu gênio indomável e livre ou teu recôndito coração?
Será tua força verbal ou tua imagem a balançar suavemente nos campos?
Serão tuas tranças ou tua franja inquieta?
Serão teus gritos rebeldes ou tua suavidade com as flores?
Serão tuas marcas das mais vividas e
intensas batalhas ou teu poder de renovação como a Fênix frondosa?

Decifrar-te é por demais tarefa injusta
Decifrar-te é missão dos deuses
Uma vez que de minha parte apenas aos (deuses) agradeço por ceder-nos tão rara joia e radioso ser.

Penélope SS

03-11-14   01h:10

Tua casa, teu lar

Tua casa, teu lar

A ti

Enfim estás em tua morada.
E nós, amores teus, ansiosos estávamos à tua espera.
Enfim és de novo nossa.
E nós, que de ti necessitamos, oh! Anjo de nosso lar,
pedíamos constantemente a volta de teu riso.

Vagar, sair, andar, afastar-se um pouco
ainda permitimos que o faças, mas ir ao longe e deixarmos
na presença de tua falta, mesmo que por motivos maiores,
a proibimos, terminantemente, de tal travessura.

Entrai, e acomodai teu corpo neste que é teu lar.
Entrai, Altas Montanhas, em tua morada
e alegrai-nos com a doce-luz de tuas retinas.


Penélope SS

3-11-14   00h:12

Tropeço inesperado

Tropeço inesperado


Tropecei em ti;
tivesse eu antes desviado meu caminho
para não passar tão perto do que em ti me atraiu.

Tropecei em ti;
antes alongasse mais a estadia
em casa segura e confortável.

Tropecei em ti: fato é.
Mas, o que por demais me alegra,
é erguer-me após dias de escuridão.

Tropeçar é dor intensa e insana
Erguer-se é firmeza certa e renovada vida.

Tropecei em ti.
E mesmo ainda presente em minhas retinas,
tua imagem, a cada segundo infinitamente interminável,
apaga-se, e apaga-se e apaga-se...
Até que apenas a lembrança do tropeço
seja apenas lembrança e não mais dor.


Penélope SS

25-10-14    20h:07 

De cá e de lá

De cá e de lá

À moça do jardim


De cá tem-se o sol intenso
De lá tem-se a lua imensa
De cá tem-se o calor no rosto
De lá tem-se o frio no osso

De cá tem-se as praias
De lá tem-se o campo verde
De cá tem-se o sotaque firme
De lá tem-se a suavidade pueril

De cá tem-se o peso do som
De lá tem-se doçura do dom
De cá tem-se palavras bem ditas
De lá tem-se imagens magnéticas

De cá e de lá
Assim nesse indo e vindo
Como as ondas do mar
Como as folhas no ar

De cá e de lá
Como o balanço a balançar
No jardim da casa da moça
Risonha e feliz.

Penélope SS

11-10-14  20h:59

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Doce-Flor

Doce-Flor


Miras-me e me tragas para dentro de teu corpo,
pois não há lugar outro onde eu deseje estar.

Deixas-me saciar o que em mim é vontade...
E, por fim, quando caídos estivermos...

Uma vez que a flor se fez graciosa;
Uma vez que a flor tornou-se mulher;

Assim te chamarei: Doce-Flor,
e apenas eu poderei.

Penélope SS

21-10-14   23h:12

A doce-Flor em minha quimera

A doce-Flor em minha quimera


É dia...
E acordo da quimera intensa vivida na noite anterior.
Estaria eu em teus braços?
Andaria eu por tuas curvas?
Percorreria eu teus caminhos apetecíveis?

É dia...
E minhas mãos buscam tua face.
Meu hálito anseia por tua boca.

É dia...
E renova-se em nós o desejo de mais uma vez amarmos.

É dia...
E que seja feita nossa vontade: o amor é imperativo e absoluto.

Amemos, então!
Amemos, agora!
Amemos, sempre!


Penélope SS

21-10-14   22h:37  

Descrição de uma dama chamada Flor

Descrição de uma dama chamada Flor


Quão doces são teus lábios...
e eu aqui a desejá-los;
Ardendo em ânsia por teus carinhos.

Oh! Quão enormes são teus braços...
e eu aqui no esperar de tê-los a minha volta,
abraçando-me, envolvendo-me.

Quão caudalosos são teus olhos, minha doce-Flor...
e eu aqui fisgado por tuas retinas.
Ofegante por beijá-los noite a dentro.

Oh! Quão suave é tua pele, minha musa...
e eu aqui ofegante por teu fogo...
inteiramente disponível aos teus cálidos beijos...

Quão firme é teu corpo, filha de Vênus...
E eu aqui lascivo por teu monte...
libidinosamente ávido por amar-te...

Rejeita-me se fores capaz...
Larga-me à minha própria sorte se assim desejas...
Mas, uma vez dentro de ti, serei o mais vivo e firme possível...
Mas, uma vez que digas sim, não mais sentirás necessidade de outrem.


Penélope SS

21-10-14   22h:18 

A flor

A flor


Floresce em meu jardim a nova FLOR,
tão cheirosa e viva e intensa como o primeiro amor.

Penélope SS

21-10-14  21h:53

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Aqui esperamos

Aqui esperamos

Ao ser de luz

Dia após dia
Caminha a jovem estrada à fora.
A caminho do inesperado e incerto.
Mas, certa da certeza da vitória em letras grandiosas e garrafais,
caminha a jovem a passos firmes e decididos.

Sobreviver na selva humana não é tarefa difícil,
basta que se tenha nome de Rocha Firme, Altas Montanhas.

Dia após dia
Noite dentro da noite
Vigia a jovem, as estrelas movendo-se no céu de anil
Vigia a jovem, as nuvens suavemente flutuando
pra lá e pra cá, em direção ao aventureiro.

Caminha menina de outra galáxia;
Caminha em direção aos bichos do teu jardim;
Caminha em direção ao balanço do teu quintal.

Dia após dia
A caminhada se faz necessária.
Dia após dia
As estrelas cairão diretamente nos teus olhos
como retinas fosforescentes e luzentes;
Dia após dia
Os átomos se fundirão, revitalizando
e energizando tua matéria feita de luz e riso fácil;
Dia após dia
Teus cabelos se renovarão e nascerão
infinitamente belos, como as ramificações arbóreas.   

E, dia após dia, noite dentro da noite,
aqui permaneceremos quietos e inquietos,
a vigiar-te o sono e teu repouso,
enquanto tuas forças ganham infinitas forças,
erguendo-se uma vez mais
e gritando aos viventes tua origem e grandeza:

Prazer, sou Altas Montanhas,
Filha do Cosmos
Vinda dos deuses

E da mãe Natureza.

Penélope SS

20-10-14  23h:11  

sábado, 11 de outubro de 2014

De cá e de lá

De cá e de lá

À moça do jardim

De cá tem-se o sol intenso
De lá tem-se a lua imensa
De cá tem-se o calor no rosto
De lá tem-se o frio no osso

De cá tem-se as praias
De lá tem-se o campo verde
De cá tem-se o sotaque firme
De lá tem-se a suavidade pueril

De cá tem-se o peso do som
De lá tem-se doçura do dom
De cá tem-se palavras bem ditas
De lá tem-se imagens magnéticas

De cá e de lá
Assim nesse indo e vindo
Como as ondas do mar
Como as folhas no ar

De cá e de lá
Como o balanço a balançar
No jardim da casa da moça
Risonha e feliz.

Penélope SS

11-10-14  20h:59

As vozes

As vozes

Ao primeiro encontro

Encurtaram a palavra distante,
mesmo por alguns instantes.
E se falaram por horas e horas
E a palavra estranho não mais existiu
entre as vozes que conversavam.

E a chuva caia de cá; e o sol brilhava de lá
E as palavras não cessaram
e todos os suspiros
e todas as surpresas
e toda apreensão...

E as vozes se reconheceram...

E todos os conectivos e substantivos
e adjetivos e verbos
foram concatenados
de maneira a não se ouvir ruídos na comunicação.
Até mesmo os grilos se calaram.

E disseram coisas sobre o céu e o mar;
E falaram sobre as alegrias e tristezas;
E, como já conhecidos fossem, riram no final do encontro.

Encurtaram a palavra distante,
E as vozes se reconheceram e conheceram mais de perto a palavra amigo.

Penélope SS

11-10-14  20h:16

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Pessoas em nossa vida

Pessoas em nossa vida

Dedicado com todo carinho aos amigos que fiz e que farei na minha jornada.

Muitas e inúmeras pessoas passaram, passam e passarão
em nossas vidas durante esta vida.
Várias se farão desnecessárias,
outras nem notaremos vossas presenças
e algumas permanecerão por alguns poucos instantes.

Mas há aquelas que impreterivelmente não se desgrudarão de nós,
por mais que o tempo e a distância se façam cruéis.

Há sempre aqueles sorrisos que nunca sairão de nossas memórias;
Há sempre aquelas briguinhas que servirão apenas para fortalecer laços tão inquebráveis;
Há sempre aqueles abraços que parecerão intermináveis;

Pessoas entram e saem de nossas vidas diária e constantemente;
Pessoas se vão tão rapidamente que nem nos permitem a despedida.

Mas sabemos exatamente quais se arraigarão em nós
de forma e maneira tão seguras que por mais que a ventania
se faça intensa, os braços dos verdadeiros amigos se estenderão
para nos segurar e apoiar durante o temporal.

Pessoas sempre virão e se irão embora
É a roda-gigante da vida.
Caminhos sempre se cruzarão e se distanciarão
Na longa estrada que percorremos.
Mas sempre caberá a nós e a cada um
colher o que de melhor têm aqueles que um dia chamamos: “amigo”.

As pessoas vêm até nós de forma livre
E nossos corações se encarregam de guardar cada um
em seu lugarzinho especial
para que quando estivermos em apuros, chorando, tristes, preocupados,
angustiados, felizes...,
possamos buscar em cada gavetinha do nosso peito aqueles que,
sinceramente, podemos chamar: “amigo(a)”.    


Penélope SS

3-10-14   20h:44

A culpa é toda dela

A culpa é toda dela

For you

Se me pego sorrindo sem a menor razão ou olho o nascer do sol,
somente para lhe mostrar o quanto o dia será intensamente vivo,
não é culpa minha: a culpa é toda dela.

Se não me sinto mais só,
mesmo quando o frio da noite me diz o contrário,
não é minha culpa: a culpa é toda dela.

Ela que me chama sem hora marcada;
Ela que me diz, “eu sei tudo de você”, mesmo sem ter visto meu rosto;
Ela que de longe me vigia ao nascer do sol e ao cair da noite;
Ela que veio de tão longe que ainda não fui capaz de decifrar sua origem;

Se não a consigo decifrar, não é culpa minha,
a culpa é toda dela.
Às vezes, sinto-a tão perto,
E muitas vezes a sinto incondicionalmente ao meu lado

E se me perguntas a culpa de tal proximidade,
não te saberei responder com clareza.
Mas a culpa não é minha, disso te asseguro:
a culpa é toda dela. Dela e de mais ninguém.
E todas as estrelas sabem e testemunham o que digo.

Penélope SS

3-10-14   19h:11

domingo, 28 de setembro de 2014

Meus sapatos

Meus sapatos


Não consigo mais calçar o mesmo sapato.
E meus pés agora buscam outro caminho.
Seria eu um homem sem bússola interna?
Ou meu coração entrou em conflito com meus pensamentos?
Atire fora estes calçados velhos que andarei descalço de agora em diante.


Penélope SS
28-9-14   00h:13


Humanos

Humanos


Olhares se cruzam e vidas se imbricam todos os dias
nas quentes ou frias ruas das cidades.
E os homens andam e correm para seus empregos
e para suas esposas como exatamente nos idos mais remotos.
E suam seus corpos e procriam e povoam o inchado planeta
e na medida do impossível buscam ser humanos.
Pernas e braços e mãos e abraços,
constantemente indo e vindo; e indo e vindo;
e dizendo “bom dia” sem ao menos saber o nome do interlocutor.
E os humanos tentam a todo custo ser mais humanos;
E as mulheres tentam educar seus filhos, exatamente como foram;
E os homens assinam papeis em branco.
E pagam suas contas.
E vão todos ao centro de compras, como no idos mais remotos.
E os poetas, insanos dos tempos modernos,
buscam e rebuscam explicação para a paranoia humana.
E buscam em vão, pois nem Freud explica a falta de calor entre os primatas de terno;
E buscam em vão, pois nem a medicina cura o desamor cotidiano.
Olhares se cruzam e vidas se laçam e enlaçam
E todos somos parte da imensa roda gigante
Ora embaixo, ora encima;
Ora rindo, ora lacrimejando.
Ser humano é acima de tudo andar em círculos.
Ser humano é ter labirintite cotidianamente.

Penélope SS

28-9-14    00h:02   

Garoto da turma

Garoto da turma

Ao infante Cauã


E quem tem aquele sorriso?
Aquele que só o garoto da turma sabe mostrar?

E quem tem o riso fácil e colorido?
Aquele que guardamos dos anos pueris?

O saber da conquista está na graça da inocência.
E está no vivo correr e pular e ser o ser mais puro que se pode.

Deleitem-se com o riso do garoto da turma,
E celebrem o vivo brilho do riso sonoro sereno e límpido.


Penélope SS

27-9-14  23h:43 

domingo, 21 de setembro de 2014

Eleição safadinha

Eleição safadinha


Aqui na minha terra é assim: ganha eleição quem faz a carreata maior.
Encha meus ouvidos com buzinas pinicais e lhe darei um NÃO gigantesco nas urnas.

Parlamentar bom é parlamentar sem mandato.
Mandarei um mandado de busca e apreensão para todos os abusadores dos ouvidos alheios.

E tenho dito.


Penélope SS

21-9-14   23h:10    

Aqui ou lá

Aqui ou lá


Tanto faz aqui ou na França.
Tanto faz a cor do cobertor que lhe aquece.
Tanto faz o alimento que lhe apetece.
Tanto faz o sorriso de uma criança.

Aqui ou lá, saudade tem o mesmo tamanho: imensurável.


Penélope SS

21-9-14   22h:57

Equilíbrio

Equilíbrio


Entre uma tecla e outra há o equilíbrio de todo o universo.
Entre a pianista e o instrumento há mais harmonia do que imagina nossa vã admiração.

Deixe ser o universo em cada um e em cada tecla pressionada: assim se faz o cosmos.


Penélope SS

21-9-14   22h:50

Ovo

Ovo


Quebrei minha casca e encontrei algumas feridas ainda abertas.
É pena não haver solução para a angústia humana.
É pena não haver um Manuel Bandeira para cada coração em pânico.
E nós, pobres mortais, seguimos pisando em pegadas passadas.
Andando em círculos sem rota de fuga ou saída de emergência.

Quebrei meus óculos nessa manhã fria e chuvosa de domingo.
Ouvir os pingos é bem melhor que enxergar o correr da água sobre a janela.
É pena não haver um Vinícius de Moraes para cada garota que desfila sua beleza por Ipanema.
E nós, tristes mortais, seguimos tropeçando nas calçadas esburacadas
E escuras das vielas cariocas ou alagoanas ou paulistas ou mineiras ou palmarinas ou tatuienses ou norte-americanas ou israelenses...

Quebrei minha casca e saí o mais rápido que pude.
E corri, e corri, e corri, e sem olhar para trás, ofegante,
Recostei-me em teu muro e ali, soube que faria minha morada: tua casa, minha casa.

Dilui-se a casca e eis que me faço igual a ti.


Penélope SS

22h:34  21-9-14

Distância

Distância


É longe a palavra distância,
Mas teus olhos encurtam meu caminho,
Guiando-me para dentro de tua casa iluminada.


Penélope SS

21h:55

Quadrinha das almas

Quadrinha das almas


Distraído vinha eu poeta
Quando em ti tropecei.
— Deus meu, pensei eu
E de ti não mais larguei.


Penélope SS

21h:55

Tanto depende

Tanto depende


Tanto depende de quanto ainda consigo respirar e de toda força que ainda tenho;
Tanto depende do brilho que ainda vejo em seus olhos e das lágrimas que derramarão;
Tanto depende da força juvenil e do fugaz amor que se fez inteiro;

A culpa não cai do céu, como pensamos.
Pertence a nós a escolha das estrelas que farão parte da nossa constelação.

Tanto, querida,
Tanto depende do quanto você é esclarecedoramente brilhante diante dos meus olhos;
Tanto depende das mãos que me afagam;
Tanto depende do cigarro que nunca me matará;

E tanto depende da distância que nunca irá nos afastar.

Tanto, querida,
Tanto depende do quanto sou brilhante para você.

E tanto depende das estrelas e dos amores que contaremos vida a fora.


Penélope SS

21-9-14  21h:51

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Finita estrada

Finita estrada


Ninguém acaba o que já não existe.
Perdoe-me
por não mais conseguir dizer: te amo!
Assim é a vida: chegada e partida;
partidos corações em pedaços
de cacos jogados
no asfalto abrasador.

Ninguém acaba o que finito se fez.
É hora de amar outros braços machadianos.

Penélope SS

2-9-14  21h:09

Rapidinha entre mim e Vênus

Rapidinha entre mim e Vênus


Penetro em ti oh! Musa
E removo de teu ventre
Teu mais doce sabor e,
Tornando-me dono teu,
Faço-me dominador
De tuas forças, despindo-te
De tua vergonha; e que
A sanha nos possua feito
Otelo a Desdêmona.


Penélope SS

2-9-14  20h:22

Você me quer?

Você me quer?


Quem diz me querer me enche de palavras belas;
Quem diz me querer me sorri sempre que me vê;

Mas querer não apenas é dizer o que o outro deseja ouvir.
Querer não implica em somente mostrar os dentes e gargalhar;

Querer é mais que desejo
Querer é bem mais que suar mutuamente
E esgotar dos corpos as forças

É carinho sem pedido;
É carícia sem hora marcada;
É abraço intenso, imenso e duradouro.

Ah! Meu bem

Se tu me quisesses como dizes
Se tu me afagasses a dor que sinto
Incessante, fluente e constante,
Saberia eu que teu querer é sincero.

Ah! Meu bem

Sabes tu que de tanto te esperar apaguei
E não notei que quando chegastes já tarde era
E minha espera esvaiu-se no ar como cinzas.

Se me queres, corres.
Se me desejas, apressas-te.

Uma vez que é nascente o dia
E meu peito ainda está à espera do teu afago.

Ah! Meu bem

Querer é mais que amar;
Querer é mais que cuidar;

É tornar e manter em si (outrem) permanentemente feliz.

Penélope SS

2-9-14  20h:03    

sábado, 30 de agosto de 2014

Teu Segredo

Teu Segredo


Cupido hoje me soprou algo sobre você:
Disse-me ele que seus olhos apenas brilham por mim.
Ouviste? Por mim e ninguém mais. Em fim,
Após tentativas vãs, revelou-me ele teu segredo:

Tentavas ser forte diante mim;
Tentavas manter-se inquebrável;
Tentavas agarrar-se ao muro que levantaste,

Mas sei que apenas tentas.

Ainda não dormi porque teimo em esperar
Que confirmes o que Cupido me segredou;
Ainda não fechei meus olhos porque Morfeu
Há dias me castiga sem me trazer descanso.

Será que os deuses brincam com minhas dores?
Serás tu Vênus a maior culpada por minha insônia?
Ou serei eu, poeta teu, único ser a sentir essa dor?

“Só sei que nada sei” sempre serão palavras sábias,
Porém hoje soube eu o segredo dos seus olhos:
Disse-me Cupido que o brilho que deles saem
São causados por minha presença e de ninguém mais.

Penélope SS

26-8-14  23h:53