Meus seguidores

quinta-feira, 1 de abril de 2010

a felicidade de Clarice

a felicidade de Clarice
À sempre enigmática Clarice Lispector

Abriu os olhos e aprovou o que viu.
Porque, durante a noite, o que mais temia sentiu.
Sentiu o vento bater na janela e as lembranças
que lhe saltaram os olhos
eram de fazer chorar o mais forte vivente.

Levantou-se. Caminhou vagarosamente até o local de onde fluía todo o ventar.
Debruçou-se sobre a saída da janela e
procurou algo, mas, nada encontrando, decidiu,
definitivamente, apagar da memória aqueles tristes e saudosos pensamentos.

Porém ao voltar à cama, já fria, sentiu um vulto cercar-lhe,
aquecendo-lhe a alma.
Dormiu. E, quando abriu os olhos, sentiu que corria
num canto do rosto uma singela e salgada lágrima.
Era a aprovação que tanto esperava.

Então, levantou, caminhou até a janela,
abriu-a, suspirou forte,
e dos pulmões veio o nome mais belo de todos: felicidade.

Penélope S.S.
19/10/07 18:49h

Nenhum comentário:

Postar um comentário