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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Bachianas

Bachianas


Ouço Bach e suas Bachianas.
Ouço detalhadamente suas harmonias e harmônicas.
Ouço apreensivamente o alternar dos tons.
Ouço detidamente o deslizar das alternâncias.

Bach não pode ser de um mundo.
Universalmente falando:
todos os seres amam suas Bachianas.

Ouço Bach: Atentamente.
E penso, como Deus nos presenteia divinamente.
Bach é o som Divino aos tímpanos humanos.
É a essência do próprio ser.


Penélope SS

17-1-15   21h:56

Quadrinha da sensualidade

Quadrinha da sensualidade

À Vênus


Pediste-me um gozo, casta musa;
Pediste-me uma fúria. Ora, Vênus doce, minha cara,
bem sabes tu o quanto de mim a ser teu pertence,
se já bastante de ti em meu eu se sente.


Penélope SS

17-1-15   22h:09

Meu reino por uma cabeça

Meu reino por uma cabeça


Não quero entrar em Versalles.
E isso está decidido.
Afinal como poderei governar minha linda França,
se não terei minha cabeça sobre meus ombros.
A França para os franceses e minha cabeça para mim.

Merci


Penélope SS

17-1-15 

Hell

Hell


Hoje ao meio-dia
exatamente às 12 badaladas
senti saudades do inferno de Dante.
Olhei para o céu, enquanto
de meu rosto escorriam gotas de suor.
A comédia é tão Divina quanto o autor.
Os dias aqui nos queimam mais
que os castigos infernais.

Mestre Virgílio! Onde estás que não nos socorre?

Dante! Dante!

Escrevei a Divina Decadência Humana
Somos todos idiotas
Aqui, presos, nesse inferno de meio-dia.


Penélope SS

22-1-15  23h:42

Eu e minha lente

Eu e minha lente


E eu aqui: presa nessa imagem de mim.
Tentando não sair dessa lente.
Aqui me sinto viva; corpo quente,
sem máculas de outrora, enfim:
eu por eu mesma. Aqui.
Ai de mim,
que não paro de me prender nesses quadros.
Eu por eu mesma. Aqui.
Eu que sou meus cabelos e franja;
Eu que sou meus medos e coragem;
Eu que sou meus dentes e sorriso;
Eu: de laço e viço e tudo que
me enfeita e me camufla.
Eu que miro o espelho
à espera de e à espreita do vindouro.
Eu que não sei mais sair sem ser vigiada,
ainda sei fugir e me esconder onde mais gosto:
dentro de mim e da minha lente.
Eu por eu mesma.


Penélope SS

23-1-15  00h:02

Poema moderno

Poema moderno


Concorde comigo quando lhe pedir um doce,
um lábio, uma palavra.
Relutar é perder o que temos de mais precioso: tempo.
Doce-paixão: é tempo de olharmos ao redor de nós.
Doce-lírio que ao longe me fala;
aos ouvidos meus é chegada tua voz,
doce como os anos pueris, primaveris;

Doce como o riso-doce da menina
de olhos vivos e cabelos longos
a dar voltas em meus pensamentos.
Castiga-me a saudade de teu mirar,
enquanto apetecendo fico eu pelos corredores,
gastando voz em vão, pelos vãos vazios
desse imenso lugar tão cheio dos outros.

Concorde comigo quando lhe pedir uma nota,
canção de dois, poema teu e meu.
Torta minha essa sina
de a ti menina
entregar meu pensar
sem mais, nem medida certa.
Torto meu caminho; poeta torto
e solto em teus braços, ao que vier
lábio, palavra, canção de dois,
pequena grande mulher.


Penélope SS

23-1-15  00h:38

sábado, 17 de janeiro de 2015

Serventia

Serventia

Homenagem à poeta das imagens

Não me serve a palavra que pede licença.
Que se cobre de rodeios, sem direção,
nem mira certeira.
Gosto do direto.
Do reto. Do claro e fixo.
A palavra foi feita para ser clara.
Definição de outrem. Quem a lê que a decifre.
De minha parte, sou portador de minhas mal-ditas-linhas.

Não me serve a cara fechada.
Goze primeiro e depois me venha contar suas fantasias.
Poema torto; tortuosamente bêbado;
tropeçando em pedras pontiagudas,
prontas ao bote.

Não me serve a política.
Paletós alinhados e carteiras batidas.
Impostos; impostores e impostômetros.
E, por fim, no fim e ao fim, tomam-nos até nossos centavos.
Tomates aos pobres e ovos aos ladrões.

Não me serve nada.
Por hora quedo-me mudo e incompreendido.
Basta-me silenciar e ouvir meu suspiro,
que ainda não foi privatizado.

Não me serve o não.
Bata a porta e suma.


Penélope SS

17-1-15   21h:41   

Amar: amei e amava

Amar: amei e amava


Homenagem


Amar: amei e amava e
senti e deixei e
me fui até que parei e
me vi na esquina dos teus braços e
me vi no reflexo dos teus olhos e,
então, me joguei no amor que havia
em mim e em ti e
me fui inteira novamente consumida
por tua força e
teus encantos e tuas alegrias e
meus desejos e teus afagos e
nossos abraços e
me vi tão perto do que era distante e
te vi tão próximo do que teu
já era antes que o prélio nosso bruma
se fez e se desfez na suave brisa
do dia novo raiando na Aurora enquanto amando,
amava eu estando amada
por olhos tão teus.


Penélope SS

4-12-14   20h:15

Coração de menina

Coração de menina

A ti

Doce menina...
Soltai, soltai vossas madeixas e
deixai que a brisa traga até nós
o doce-aroma do teu cheiro.
Doce menina...
Correi, correi pelos campos
do nosso pensamento,
povoando nossas lembranças
com teu riso e tua alegria.
Doce menina...
Andai, andai por nossa pele
com teus abraços e afagos,
aplacando nossa saudade de ti.
Doce menina...
Mesmo sendo ainda noite
em nós habita o desejo de agradecer-te
por tão presente presença;
mesmo sendo madrugada ainda,
em nós desperta a vontade de afagar-te o sono...
mirar-te as retinas e ao pé-do-ouvido
sussurrar os mais puros sentimentos.



Penélope SS
5-11-14 23h:48