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sábado, 19 de março de 2016

Poema zero-hora

Poema zero-hora


Gastei tempo e solado de meus pés
Na busca de poesia firme e bela. Tolice
Romântica de quem se prende a épocas
Pueris, primaveris. De tantos revés,

Tantas idas e vindas, findei palermice
De meu ego; sossega poeta, sossega,
Pois o mais que se consegue são piegas
Palavras, ranhuras num papel.

Gastei tempo e saliva; caneta, dedos e tinta.
E assim, publiquei meus achados e perdidos
Nas idas e vindas de meus devaneios.

Gastei paciência alheia; roubei sono teu;
E assim me fiz visivelmente perdido,
Despercebidamente ateu.


Penélope SS

19-3-16  00h:00

Aurora

Aurora


Deu-se a aurora em minha existência.
Triste constatação a quem, de tanto ansiar,
Pôs-se a esconder-se nas entre linhas
De mãos calejadas. Debaixo desse sol

Que traz o vir e o porvir, o suor de meu rosto
Expõe todas as rugas, marcas de minha labuta
Árdua e tristonha, calejante e enfadonha.
Constato, por hora, que aurora tornou-se breu.

Deu-se o equinócio, o circular igualitário
Da partida e chegada; braços que dizem
Adeus; lábios sussurrantes; pernas que

Vão e vêm, no piso solitário e frio
Dos portões de embarque e desembarque. Pedirei
Um café, aguardando chegada de nova aurora.


Penélope SS

18-3-16  23h:15

sexta-feira, 18 de março de 2016

Pedra e vidraça

Pedra e vidraça

A quem interessar


Aos que hoje me atiram pedras, aos montes;
Aos que insurgem suas lâminas, línguas e açoites,
Em verdade vos digo que telhado hoje sou, vidraça
Exposta ao sol, chuva e intempéries do caos.

Aos arroubos dos sapos parnasianos, com
Sua nota única e uníssona, cantando, ecoando
Seu coaxar, “out, out, out”, sons de outrora,
Idade das trevas em terra de vera cruz,

Permito-me recusar teus agrados em troca de
Minha voz; permito-me abdicar de tuas especiarias,
Teus achaques e badulaques. Coaxais brejeiro,

Coaxais o mais alto que puderes, contudo
Não eis de olvidar que hoje, se vidraça
tornei-me eu, vindoura aurora tornar-te-á.


Penélope SS

18-3-16   22h:29

domingo, 13 de março de 2016

Chama-se Amar

Chama-se Amar
A Giovanna

Amar...
Dedicar-se a outrem mais do que a si
Tornar-se parte, imbricar-se enfim
De tal forma a pensamento uno formar.
Todavia, amar e somente amar nos torna
Taças frágeis, cristais quebráveis ao bel
Prazer do acaso.
Chama-se amar o amar
Chama-se amar o saber deixar, voar
Chama-se amar o desprender, respirar
Aprendi o amar nas palavras de Drummond:
“hoje beija, amanhã não beija...”
Sossega Giovanna, a vida é assim.
Amar o belo aos olhos de quem vê;
Amar o som das sílabas, canto de aves libertas;
Amar e deixar-se esvair, ir, seguir...
Finitamente é o amar,
Embora tentemos viver na antítese do fim
Finite est*¹.
Finite sumus*².


Penélope SS
15-12-15 23h:32


Naturalizei-me

Naturalizei-me
A Jennifer Yamashita


Saber-te explicar o êxtase interno
que em meu universo transborda,
seria tarefa demasiadamente desnecessária;
Alguns poucos sabem
o quanto me metamorfoseei
nesses logos dias de chuva e sol;
poeira e calor;
Troquei todas as minhas peles;
Larguei todos os pesos inertes;
Agruras, mazelas e afins.
Naturalizei-me
ao ponto de conhecer e neutralizar
minhas angústias;
Turvos foram os dias em que mais me protegi;
dores sem fim;
vermelhidão intensa em minh’alma;
rara calma nas vozes
que ao longe me soavam brandas alegrias.
Gotejei toda impureza, a cada madrugada,
lágrimas de um sal turvo e salobro.
E, hoje, permito-me respirar a plenos pulmões,
vertendo minhas lágrimas aos desejos e realizações presentes.



Penélope SS
16-12-15 00h:10

Poesia nada poética

Poesia nada poética


Minimamente, cada partícula cósmica
que habita em nossa existência,
move-se com tamanha velocidade
e tão intensamente firme que ao pensarmos
sobre nosso funcionamento
nos deparamos com inexplicáveis soluções e respostas.
Não há poema aqui e nem caminhos a percorrer
Nada além de advérbios e substantivos soltos
Em pleno ar-celestial.
Não há poesia em páginas de jornais
Nada além de números e gráficos coloridos
Em folhas que cheiram mal
Minimamente, cada fonema e letra,
agrupam-se, como se fora a folha
o único lugar abrasivo e terno
em todas as galáxias.
Poesia é coisa de quem conta estrelas
e anéis de saturno
Poema é desculpa às mazelas humanas.
Fechei meu jornal
e me pus a vagar
por entre as órbitas de tuas retinas.




Penélope SS
21-12-15 23h:21

Boa Viagem

Boa Viagem
Poema em homenagem a Alagoas


Terra de belo porte
Serras, montes aos montes
Ao sul ou ao norte
Descampados campos
Serve a nós de recanto
Moradia aos montes vejo.
O alegrar da liberdade nos olhos
Dos pequenos seminus,
Correndo à beira do asfalto.
Terra de meu viver
Tanto amor a ti declaro;
Terra de minhas raízes
Tanto afeto, carinho raro;
Terra de meu nascer
Em minhas unhas e pele
Te trago
E te levo comigo
Seja ao Norte ou ao Sul.
Pois a terra de meus encantos,
Mesmo as outras tendo tantos,
Tem mais lindo o céu azul.
Escrito durante trajeto Alagoas-Recife



Penélope SS
18-2-16 17h:15

segunda-feira, 7 de março de 2016

Sorriso anil

Sorriso anil

Poema em parceria com a artista, fotógrafa e amiga Jeniffer Yamashita

Entreguei-te todas as informações. A cerca de mim
Nada deixei em oculto. Pintei estradas e colori
Janelas, a fim de que não perdestes a trilha do meu lar
E, por fim, eis que minha porta abri, para ver-te aqui.

Puderas tu, cores e flores trazer em teus braços?
Puderas tu, amores tantos, doçuras, encantos?
Puderas... tu, puderas assim, tão primaveril?
Puderas tu, trazer aqui tão límpido céu?
Sorriso anil.


Penélope SS

7-3-16  00h:19

domingo, 6 de março de 2016

O sonho de Macbeth

O sonho de Macbeth


Tornei-me Rei. Assim, tendo em minhas
Mãos, teu sangue. Cobri-me de júbilo
E no mais enlouqueci ao notar-me
Diante de meu próprio quadro.

Constato aqui, no amplo castelo, pedras e muros,
O quanto ínfimo e sórdido fui. Atirei-me ao desejo
E me tornei majestade. Curvei-me diante de my Lady.
Oh! Quão tolos são os homens! Quão doce é o sabor

Que escorre por sobre a Terra: Poder, meu caro amigo.
Sentir olhares aos montes. Respirar o mais alto grau
Da corte. E, por fim, decair. Aos pés do destino fincar

Meu ser. Findo todo sonho de reinar; finda a magna ânsia;
Nesse trono finquei meu sangue; e permiti que escorresse
Por todo reino o pensar de meu desejo febril: eis-me Rei.


Penélope SS

15-2-16   22h:18   

Ano novo

Ano novo


Brindemos o passar triste das horas
Nesses díspares momentos de junção
Das vistas e vozes. Brindemos todos,
À medida que se tragam os espumantes,

Ergamos nossas taças e saudemos
A saúde dos estranhos conhecidos.
Vida! Viva! Vivamos então, até
Que cessem os espumantes e a

Paciência. Cara amiga, mãos
Aos céus e bolhas nas ventanas.
Doce coceira borbulhando em

Nossas narinas. Exijo mais um tilintar;
Mais uma data em vermelho
Mais uma roupa de gala. Brindemos!!!


Penélope SS

18-10-15

Filho da Terra (erma e querida)

Filho da Terra (erma e querida)

À minha amada Terra União do Palmares


Daqui sou
E me basta ser e ter o sangue dessa terra;
Teus brios e gemidos;
Tua impetuosidade destemida e inabalável.
Minha terra embrenha-se,
Percorre meu eu, como se outrora fosse sangue,
Não azul, mas sim rubro,
Red, vermelho, feito luta diária nos campos e prados de tuas serras.

Amo-te, terra minha,
Mesmo distante de tua sombra, teus arbustos,
Teu cheiro e tua fedentina;

Amo-te, sagrada casa dos poetas,
Onde, aos poucos, deitam-se teus letrados,
Um a um, na fria pedra marmórea da Morte.

Amo-te ao longe, feito desleixado amante.
Porém não penses tu que amor menor tenho
Por conta desse hiato entre nós.

Amo-te daqui como se aí estivera;
Amo-te bem firme e servil
Amo-te por hora, por agora e por
Vindoura Aurora.

Amo-te.


Penélope SS

18-10-15   00h:10

Mundo Psicológico

Mundo Psicológico
Poema sob encomenda


Ilógico, mundo meu, sabei eu, segredos teus?
Ao longe, ao perto, ao infinito, talvez mais além
Das tuas poeiras cósmicas a irritar-me as narinas.
Ilógico poema, desfaçatez de meu psicodelismo

Imerso em tuas retinas, meu charlatanesco lirismo
Degrau a degrau alça camadas de tua bio-, estrato-,
(feras). Rir de meus devaneios, ao menos saberei
Que dentro de tantas galáxias duas órbitas fixaram-se

Em miúdas linhas. E, mesmo com o fluir do cosmos,
Houve tempo a ti para de mim lembrar em tuas
Miradas nas linhas turvas que saltam aos pulos

Nesta imensidão de papel. Psicologicamente,
Humana-mente, cheia e infinitamente vasta
De meus eus, os quais vagueiam galáxias a fora.


Penélope SS

28/8/15   23h:41