Meus seguidores

sábado, 31 de maio de 2014

Tão frio aqui

Tão frio aqui


Tão frio aqui
Me faltam seus braços e abraço;
Me faltam, nesta noite, seu hálito doce e quente
E suas mãos fortes e suaves.

Tão frio aqui
Que nem sei mais onde está meu pensamento.
Agora tão longe buscando o seu;
Agora tão sem direção,
Buscando sua estrada
Nesta noite gélida e solitária.

Tão frio aqui
Que minha cama se fez enorme;
Que meus olhos teimam em não fechar;
Que meu corpo suplica pela metade distante.

Tão frio aqui
Me falta o necessário
Me falta um afago
Me falta você
Você.

Tão frio aqui
Neblina turva
Cristalizam minhas lágrimas.
Que falta me faz o que me faz inteiro

Tão frio aqui
Me falta o necessário
Um afago
Um abraço
Um sopro ao ouvido
Um...
... você.

Penélope SS


30-5-14 21h:06

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Análise freudiana unipessoal inconclusiva

Análise freudiana unipessoal inconclusiva

Não sei por que ou para quem escrevo.
Devo ser eu um marginal das letras.

Sem público, nem leitores;
Sem fama, nem holofotes.

Não sei por que ou para quem escrevo.
Devo ser eu um malfeitor da língua padrão.

Sem glória, nem gozo;
Sem toga, nem trono.

Não sei por que ou para quem escrevo.
Devo ser eu um José: sem festa pra ir;
nem pedras no caminho.

Perdoa Drummond, perdoa.

Penélope SS

20-7-13  22h:53

Reflexões

Reflexões

Removam-se as pedras do caminho
e outras mais aparecerão.

Dessa forma é que somos testados.

Dia-após-dia;
semana-após-semana;
mês-após-mês;
ano-após-ano.

Até que nada haja
e retornemos ao lugar de onde viemos.

Louca sina esta a nossa.
Durmamos um pouco que
as sombras se irão embora.

Penélope SS

20-7-13  22h:34 

Delírios de um sóbrio

Delírios de um sóbrio

É bastante sairmos às ruas,
Para que se perceba o iminente
Caos à espreita, louco por um deslize
Humano.

É bastante um esquecimento
para o alojamento desgovernadamente
organizado da fúria apocalíptica.

É bastante uma poesia labiríntica
para nos mostrar a saída, ainda que tardia,
do que nos tornamos.

É bastante um basta
às loucuras poéticas
de quem nada tem a dizer.
É bastante já um fim.
É bastante.
É.

Penélope SS

20-7-13  22h:13

Corramos rumo ao desconhecido (Enigmática)

Corramos rumo ao desconhecido
(Enigmática)

Impossível parar agora.
Caminho o mais rápido que posso,
uma vez que todas as portas estão se fechando.

Impossível olhar para trás.
Caminho o mais firme que posso,
uma vez que minhas retinas podem cegar
(diante do enigma que se tornou seus brilhantes olhos).

Impossível distinguir sua voz
dentro da torre inundada de gritos e lamúrias.

Impossível não voltar a ser previsível
e regressar ao início de onde começamos a fugir.

Segure-se em mim; e, embora não saibamos a saída,
Corramos e corramos até que todos os suspiros
estejam e sejam findos.

Penélope SS

15-7-13  23h:39

My paradise

My paradise

Apaga-se a última vela acesa sobre a mesa.
As vozes findam ao meu redor. Cessa
a angústia que em mim se fez perene
por inúmeros verões. Ciente e paciente

das minhas escolhas, caminho, ainda que
tropece em algumas pedras; ainda que
não sinta meus pés totalmente fixos
na estrada íngreme. Miro e, ao longe, fixo  

meus olhos na imagem que, além mar,
estar a mirar-me com retinas esperançosas.
Imagem de musa (Helena de Páris). 

Ergo-me onde estou; forcei-me a quebrar
Teus encantos. Todavia, vigor e ardidez vitoriosas, 
Fazem de tua imagem a última em minha íris.

Penélope SS

15-7-13  23h:10

Aqui

Aqui

Aqui, todas as palavras são ditas sem culpa.
Nestes poucos versos busco a tal fuga.
Aqui, há permissividade.
Aqui, neste curto espaço, liberto-me.

E findo o que chamo poema.

Penélope SS

14-7-13  00h:30

sábado, 3 de maio de 2014

Caliente dama de Sade

Caliente dama de Sade


Seria tua a voz que ao longe se ouvia?
Seria teu o clamor de dor, dolente e camoniano amor
De chama firme ardor: flamejando nos bosques sem fim
Espalhando ígneos sussurros à busca desenfreada de mim?

Seria teu o corpo largado ao solo?
Seria tua a carne regada por Eros e Neros
De imprudência selvagem, libertinagem
Roma violada e violentada enfim

Seria eu a buscar-te? Onde sabedor do teu refúgio
Domar-te-ia as rédeas e cavalgar-te-ia o ventre
Por vezes ardente e caliente como uma dama de Sade:

Impudica e lasciva; penetrável e afável.


Penélope SS
2-5-14   23h:54  






sexta-feira, 2 de maio de 2014

pedido


Renovam-se as promessas quando as folhas caem na primavera
E ei-lo aqui (teu poema), doce-luz das manhãs.

Que mais pedirás tu, raio-claro e ensolarado nas manhãs de Hera.

Serão os jardins suspensos?
Ou as faraônicas criações à beira do infinito Nilo?

Dar-te-ei das flores a mais luzente

E basta que acenes aos céus para que o próprio Apolo
Erga-te as mãos em devoção a ti.

Renovam-se as promessas quando as folhas caem na primavera
E ei-lo aqui (teu poema), doce-luz das manhãs.

Penélope SS

2-5-14  22h:53