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sábado, 9 de abril de 2011

Prélio Quebrado

Partiu-se o último e triste momento
E o que ficou: um adeus, um lamento
De saber que não poderia ser diferente;
De sentir que há muito jazia dormente

Dentro do mais íntimo segredo
O temor de que o sentido medo
Por vez se tornasse vultoso. Olhar
Partir o que deveras deveria quedar

É punhal cortante; bala abrasante.
Partiu-se o último sorriso amarelo
Levantando voo com aladas asas

Num planar reluzentemente fascinante
Feito jato; feito bicho do mato. Prélio
Findado; elo quebrado; muro sem casa.

Penélope SS
15-3-11 22h:10

OLHOS TEUS

São raros Olhos como os teus:
belos e negros como a Noite,
como as Estrelas.
São grandes e fortes como a Lua,
como o Céu

como uma símile entre as coisas
como uma possível comparação
como eu digo sim
Assim são teus Lindos Olhos de Paixão

Ah! Inspiração para meus Devaneios
Fuga secreta para minhas Lágrimas
Grito de alerta para minhas Dores
Tentação que tanto amo, meus Amores.

Será que sou eu que os tenho?
Será que eles é que me possuem?
Será que deixarei de vê-los um dia?
Deixarei apenas de pensar e viverei para observá-los.

Penélope SS
13/02/07 9h:54

ALGUNS RASCUNHOS

1.

Reproduzir é fácil
Crie, faça nascer:
Tenha seu próprio parto.

2.

Só tenho o que preciso
Pra que mais?
Você, só por si, já é o bastante,
Pra que eu possa ser apenas eu.

3.

Eu corto a carne
E o sangue escorre
A parte nobre pego,
Saboreio e degusto
O resto...

Penélope SS
27/01/06 22h:00

Sorte Arremessada

Minha dor me carrega como a um fardo
e me deixo levar como um peso morto,
como se não mais me importasse ser torto,
ou ao menos sonhar em ser um dado.

Para então ser jogado pelos outros
com suas mãos molhadas, suadas
nervosas, frias. E nas jogadas
ser a peça que daria maus frutos

ou bons, não sei, pois sou peça
nesta engrenagem desregulada
que a vida chama de premiada.

Mas se sabe que nada é sempre nada
e quem vence sempre sabe jogar bem mais
do que aquele que treme quando arremessa a sorte à mesa.

Penélope SS
22/12/07 16h:04

Versos à Dama-da-noite

Gosto de escrever para a Dama-da-noite.
Quem sabe assim com meus versos
a convenço a deixar-me cada vez mais
neste meu pequeno universo.

Dama-fria, sem carne e sombria
que na noite vagueia, tecendo fio a fio
o seu manto sombrio.

Dama-das-lágrimas, da dor, do silêncio angustioso,
não te comoves nosso pranto lamurioso.

Dama-sem-coração, sem face, nem sorriso.
Sabes tu onde piso, espreitando meu riso, desejando meu tombo.
Para ti escrevo meus versos, mas, de antemão, já te peço:
— Deixai-me aqui: Escrevendo, vivendo e sofrendo.

Pois, para teus braços irei,
quando de mim escapar o prazer de escrever,
findando assim meu labutar.

Penélope SS
01/12/07 00h:57

LADOS dispersos

Há dois lados em cada caso,
os quais não sabemos se por acaso,
são perfeitos ou se estão trocados,
mas que continuam ligados, imbricados.

Há duas metades em cada fala:
uso apenas a que me convém,
a variação oposta descarto,
pois, de usá-la, estou farto.

Há lados definidos na cama:
sou homem e deito protegendo minha dama
dos perigos noturno e do frio,
cobrindo-a como o longo braço do rio.

Lados deveriam ser iguais, mas,
aliás, nada que se possa dividir em metades o é.
Então apenas nos resta fracionar o que temos
e seguir acreditando que um dia haveremos
de equacionar tal problema.

Penélope SS
24/10/07 9h:02

Um certo poema sobre lembranças

A noite, certamente, é um belo tema,
assim como o luar em seu mais lindo brilhar.
A escuridão, com toda certeza,
mantém viva a imaginação de outrora,
criada pelos românticos. Ah! Que vagar.

Meus pensamentos, vai-e-vem, relembram os poetas de outrora.
E, como agora, fico a desejar
que minha existência tenha ao menos um pouco do refinamento
e encantamento dos poetas falecidos.

Musa dos versos, suplicante te peço,
dai-me a chave de ouro,
para que eu possa abrir e adentrar os pensamentos teus.
E de lá, espero eu, extrair rimas de grande valor,
metáforas de digno louvor, e metonímias tão raras
que meus poemas possam se tornar... apenas poemas.

Penélope SS
19/10/07 19h:45

Presente e Passado

Estou começando a me sentir bem.
Quando estou escrevendo algo me vem
que me deixa a vontade para falar
de coisas que naturalmente não falaria.
Falo sobre pessoas e coisas
falo sobre objetos.
Fazendo versos alivio o peso da vida,
e confesso o que naturalmente não confessaria.
Estou começando a juntar as palavras
de modo mais certo, mais concreto
com direito, até, de mostrar aos outros
e, essa, é sempre a pior parte da minha criação
a parte que hoje não escondo
mas antes, certamente, esconderia.

Penélope SS
20/09/07 17h:05

Traços Noturnos

Meus traços são noturnos
obscuros nos muros diurnos,
mas na claridão da noite negra
são claros raios de luz que chega
aos olhos de quem observa
atentamente o que me enerva
me enleva. Me enxerga a treva
e me ilumina em minha sina
de escritor que a própria dor mina
na solidão do silêncio quieto
que me faz ouvir meus próprios gestos:
se olho, me vejo aceso
se ando, me sinto organicamente vivo
se ouço, me atordoo com o que projeto na calma
se paro.... a única vontade que tenho é a de cair na cama,
onde me espera a que ME AMA.

Penélope SS
09/09/07 23h:22

As lágrimas

Lágrimas são salgadas e doces
lágrimas aliviam e machucam
lágrimas alegram e ferem
nos causam ira e dormência.

Às vezes saem naturalmente durante o prazer
ou são expulsas de dentro de nós com ferocidade.
Eu sei, o que quero dizer ainda não está claro,
mas minhas lágrimas não me deixam terminar.

Elas teimam em sair
Elas teimam em me machucar
são pregos, facas, lâminas.

Elas teimam em ficar
Elas teimam em me remoer
são dentes, guilhotinas, afiadas.

Penélope SS
10/08/07 17h:16

Pedaços de VOCÊ

À minha querida esposa

CABELOS e cheiro
matreiros cabelos
envolve em seu pelo
os tolos guerreiros

BOCAS e beijo
despertam desejo
gostoso "subeju"
da língua que beijo

DEDOS e pele
expostos a tudo
pegar ou sentir
as dores do mundo

PERNAS e braços
gostosos abraços
colados, prensados
não deixam espaços

Penélope SS
26/09/05 18h:27

Primavera, Calor, Outono, Frio.

Estou sentindo a suave primavera
Aquela que nos convida a sair
Aquela que nos faz abrir um sorriso
E carrega pais e filhos aos campos floridos.

Estou sentindo um forte calor
Daqueles que queimam a pele
E racham até os lábios mais firmes
E avermelham todas as curvas.

Estou sentido a brisa do outono
Agora sei que está perto o inverno
É hora de preparar o ninho
É hora de aninhar os filhotes.

Estou sentindo um forte frio
Daqueles que batem na espinha
E paralisam até a guardada alma
E congelam todo o simples sopro.

Penélope SS
14/08/07 21h:23

Outra vez amanheceu...

Outra vez amanheceu...
E quem estava à procura de abrigo
continua a correr... a sofrer...
Não encontra.
Dessa vez o prazer não aqueceu,
e a chama que ardia enfraqueceu.
As mãos estão pálidas
os lábios: cada vez mais brancos.
As lágrimas. O pranto.
O grito. O espanto.
Não. Na floresta só há silêncio
e o silêncio nessas horas não traz socorro.
As mãos gesticulam
fazem movimentos rápidos e desesperados,
e clamam: — Alguém aí fora, me liberte!
— Alguém aqui dentro, me repila!
Ninguém. Ninguém quer se arriscar.
— Tenha calma agora
O fim já esteve mais longe
Logo tudo isso vai terminar.
O sangue em você é pouco e finito
e sinto que em mim também.
Então, acho que não há mais nada a fazer:
O abraço é a chave que leva ao outro lado.
"A luz da vida vibrante" se foi.
"O desenho, o perfume, o delírio."
Adeus...
A Deus...
Eu, mais uma vez, não sei pra onde vou...

Penélope SS
1/03/06 11h:15

Nº 29

Dedicado aos amigos de longa data.

Hoje não teve aula
Eu, sim, fui pra sala
E sempre com minha mala
Aquela que nunca fala.

Hoje teve só conversa:
Todos juntos, porta da casa,
Café quente, feito as pressa
Sem o esse, dá mais graça.

Pra casa volto acompanhado
Amigos de longa data
Amanhã, quem sabe falto
Volto lá, na mesma casa.

Penélope SS
10/08/05 22h:30

A NOITE

Não. Não direi as mesmas coisas.
Já é tarde. E o silêncio é tão forte que não ouço mais nada.
Sinceramente: já deveria estar na cama a esta hora.
Mas, dormir cedo, me cansa muito.
Mas, não dormir, também é cansativo.
Pensando bem: vou escrever mais.
Pensando bem: é bom escrever.
Pensando muito bem: dormir é que é bom.
Até amanhã! BOA NOITE!

Penélope SS
13/10/06 00h:23

SEMPRE O FIASCO

EU tô cansado dessa vida
E dessa ferida
Que sangra e cresce
E que nunca finda.

EU...

EU tô cansado do cansaço
E de ser sempre o bagaço,

No FIM: sempre o FIASCO.

Penélope SS
10/08/05 22h:00

Romantismo Contemporâneo

Meu mal não me deixa em paz
meu bem nunca me procura
minha vida sempre exige mais do que posso dar
até minha amada-musa é mulher moderna.

— E o meu Romantismo onde foi parar?
devem tê-lo trocado por alguma coisa moderna, quem sabe.
alguma coisa que acalente um peito angustiado
algo que preencha o vazio da noite boêmia.

A vela ainda me vela durante a noite
ainda é minha companheira de mesa,
e de pena, e de tinta, e de papel.
e ainda vejo minhas letras nascendo em mim.

Sou contemporâneo de nascimento,
mas minhas angústias não são desta vida
vieram comigo de outrora, eu sei
vieram do saudoso-século-passado que herdei.

Penélope SS
14/08/07 21h:49

EU

— Quem sou eu?
Eu sou o que sou
Sou o que sinto e não digo
Sou o que quero e não tenho
Sou o que desejo e não conto
Sou o que vejo e não pego

— Quem é você? Me pergunta.
Ah! Nem sei te dizer.
E aposto que nem você.

— E você?
Sabe quem é?
Sabe o que sente?
Sabe o que quer?
Sabe o que deseja?
Sabe o que vê?

Se não tem as respostas, tudo bem.
Deixe como está
EU sendo EU.
e VOCÊ sendo VOCÊ.

Penélope SS
27/10/06 20h:29

Velho novo poema

É preciso deixar que o poema venha
Sem pressa como diz Drummond.
Mas e se a Morte chegar primeiro?
Então, não espero. Perdoa Drummond.
Tenho pressa. Tenho pressa.

É preciso ler bastante para se aprender a escrever.
Já dizia meu querido professor.
Mas se leio começo a querer imitar meus autores
preferidos e não se pode cometer heresia contra a poesia.

É preciso escrever primeiro com a emoção.
Depois paramos e consertamos com a razão.
Mas e se não der tempo?
Lembremos da Morte que não espera.
Oh malvada apressada essa.

É preciso publicar o que se escreve.
Ou então viver toda a vida na triste amargura
de ser lido por não mais de duas... três... ou uma só pessoa.

É preciso não precisar dos outros. É preciso imitar os gênios.
É preciso ouvir as crianças. É preciso dormir na hora certa.
É preciso não repetir o poema. É preciso calar a boca.
É preciso findar a sobra. É preciso só o necessário.
É preciso amar à noite. É preciso nascer de novo amanhã.

Penélope SS
14-3-11 00h:16

A ONDA

Este poema foi elaborado a partir das imagens imensuravelmente fortes
da tragédia ocorrida no Japão em março de 2011.

Dedicado aos sobreviventes e aos que nos deixaram

Inacreditavelmente o fim é anunciado
Pelas águas: fortes, imensas, varredouras.
Diante da ira oceânica ficamos bestificados,
Rogando aos céus tua amortização vindoura.

Será tua força o aviso eminente da aurora?
O iminente prelúdio? Lembremos de outrora,
Lembremos. Oh mundo de seres-humanos
Ameis mais; vivais mais; sejais mais humano.

E enquanto estupefatos a avistamos (a onda)
Nos questionamos o quão a vida é frágil e vital
Neste universo fascinante inconstante atemporal.

E instamos a ti desmedido manancial:
Oh colérica revolta força descomunal
Quanto do teu mal é vindita celestial?

Penélope SS
13-3-11 23h:08

TORCER

Ao todo poderoso timão

Torcer é mais...

Mais que apenas comprar um ingresso e gritar,
durante noventa minutos, junto com outros iguais.
Mais que gritar, xingar, reclamar, chorar e
ao final de tudo ainda arranjar coragem
para voltar pra casa em um ônibus lotado ou metrô espremido.

Torcer é mais...

Mais que camisa; que jogadores
Mais que estádios lotados; que aguentar loucos narradores.

Torcer é um tipo de paixão.
Daquelas que sufocam.
Se ganha, dormimos mais leve; um sabor de jasmim nos enche o corpo;
Uma satisfação prazerosamente extasiante inunda nossa mente.

Mas se perde... ah! Se perde!

Assim como as paixões no avassalam,
nos tragam como imensos redemoinhos,
A derrota nos deixa um sabor irremediavelmente amaríssimo na boca.

A derrota é lança grega nos corações troianos.
A derrota é agressão física que nos fere até a alma.
A derrota é traição pega no flagra.
A derrota é faca amolada e afiada que nos corta o peito e nos faz sangrar por horas, dias.
Noites frias passamos a fio, até que uma nova Vitória se faça luz em nosso caminho escuro.
A derrota é dia de chuva.
É dormir sem companhia em dia chuvoso.
É chorar sozinho enquanto o outro chora a distância.

Torcer é paixão sem medida.
Torcer é paixão descabida.
Torcer é querer sempre mais
Desejar, ansiar, eternas Glórias: imortais.

E por ti meu Timão
Faço escarcéu, do céu ao chão
Paixão que não finda, sem moderação
E que o guerreiro São Jorge ouça sempre minhas orações
Salvando o clube alvinegro “dentro dos nossos corações”
Glorioso Corinthians “o campeão dos campeões”.

Penélope SS
16-7-10 22h:52

Pseudo-soneto ao pequeno gigante

Dedicado com todo carinho a Vitor Hugo

Tens nome de gigante, meu pequeno vivente,
Pois bem antes de ti surgira, como uma cadente
Estrela no céu da humanidade, um gênio franco
De grandeza incalculável. Ouviam-se, então, cantos

De louvor, em todos os cantos, ao mestre de Os Miseráveis,
Bem como hoje a ti cantamos e louvamos. Admiráveis
Serão teus feitos, assim como os do poeta;
Grandiosas se farão tuas palavras dispersas

Pelo imenso canteiro (Mundo) de Deus.
E que Ele te cubra de honra e sabedoria,
Como a teus pais que na mais bela alegria

De olharem esse novo ser, essa bela cria
Comprovam a grandeza da vida; e o nome teu,
Crês, é mais uma prova dos desígnios de Deus.

Penélope SS
28-2-11 11h:18

Ano velho

Quem disse que é o ano que fica velho?
Nós que não percebemos o tempo que passa.

E esse tempo não passa nas folhas cheias
de números pretos e vermelhos;
Esse tempo não passa nos ponteiros velozes do relógio;
Esse tempo não passa nas idas e voltas
do trabalho ou das viagens que fazemos.

O tempo que marca nossa existência passa, voa
quando não estamos com nossos amores;
O tempo nos castiga quando não estamos
abraçados com nossos amigos;
O tempo nos deixa assim: com cara de passado,
se nos falta alguém para amar.

Não é o ano que fica velho,
mas nossa capacidade de nos renovarmos sim.
Não foi o ano que não prestou,
mas nossa fraqueza diante dos desafios,
nossa covardia perante as batalhas,

nosso fraquejar.

Todo ano é sempre, absolutamente, igual.

Nós é que não. E essa é a magia de viver.

Penélope SS
29-12-10 18h:03

Pseudo-soneto embrincado a Valentina

Ao meu mais novo amor Lis Valentina

Longe, ainda nas mãos de Deus, a vejo:
Imaculada semente, doce flor. Em mim desejo
Sentir tua respiração ao nascer; Teu olhar
Valente e viçoso, gloriosa vida a me iluminar.

Antes de tudo, ainda mesmo do consentir,
Luzes meu caminho. Oh amada dos campos;
Energia que circunda a realeza de amplos
Nababescos. Chegai! Chegai! Que o teu porvir

Toma de mim meus dias e torna ansiosas,
Intermináveis, as noites. Chegai minha valiosa
Nele. Pede que tua frondosa mãe Flora

Atenda minha gritante súplica e que por agora
Me conceba a semente que te fará majestosa
Para que meu amor te resguarde até infinitas horas.

Penélope SS
26-2-11 22h:26

Nós ou poesia fragmentada ou hiatos poéticos

E o dia. E a noite. E as horas.
Tudo me causa vertigem,
porque me parece haver alguma coisa de você que ainda não se foi.
E as nuvens. E os carros.
Até as buzinas alardeiam aos quatro cantos que algo se quebrou.
E sabemos que o céu é um ótimo lugar para se estender uma mensagem.
Nós.
Há tempos não usamos esse pronome.
Há tempos não sabemos mais quem é: nós.
Até os verbos já surgem no passado.
Um passado muito mais-que-perfeito.
Muito mais que pretérito.
Um passado que... perdera-se.

Uma ruptura se deu e não se sabe bem precisar o momento exato.
E não me pergunte com esse olhar inquisidor;
você também não saberá precisar a separação das almas.

O nós se fizera eu/você.
Os sonhos se partiram em pedaços de um quebra-cabeça.
Deus se encarregou de dissolver os desejos unidos em vontades singulares.
No fim das contas a culpa é sempre de uma terceira pessoa: Deus ou Destino.

E o dia é novo. E a noite é nova. E tenho todas as horas.
E a cama está mais espaçosa do que antes.
Mas mesmo assim não consigo dormir.
Me falta um eu que se foi e é você.

Penélope SS
11-10-10 12h:19

Música para quem está distante

Recomeça o dia. Ao longe as aves cantam a mesma canção.
Ontem eu ainda sabia, mesmo de forma incerta,
que alguém me ouvia e entendia.
Mas o dia de ontem é passado. Esse alguém tão indefinido
bateu asas como os pássaros que agora cantam e
sem pensar duas vezes disse: “good-bye my Love”.

E eu? E eu Sr. Alguém? Como não sei voar postei-me aqui
mirando o bater de asas mais triste que já presenciei.

Toca a canção. Cantam os pássaros.
Brilha o dia lá fora.
Ah! Como brilha o dia.
Parece que Deus está brincando comigo:
Uma alegria tão radiante da Natureza e
uma tristeza tão escura em minha alma.

Será um sinal: as vozes dos pássaros?
Será um aviso: da Natureza o riso?
Será Deus me alertando para um novo amor?
Será minha loucura me atormentando mais do que o normal?

As perguntas são fáceis de fazer.
Complicado é respondê-las.

Entro.
Fecho a porta para não mais ver a beleza do dia;
O maravilhoso bater de asas;
Os olhos brilhantes dos pássaros enquanto cantam;
As nuvens representando o dedo apontador de Deus;

Entro.
Reparo em todos os cantos.
Busco em todos os esconderijos:
Estou só.
Este é um dia perfeito
para escrever uma canção para quem está distante.
Então pego minha pena e meu borrão e me vem o primeiro verso:
I’ missing you...but good-bye my Love.

Penélope SS
11-10-10 12h:12

Musa insaciável

Anda solta a vontade de amar
a quem se deixa, se permite levar
pelos braços da Vênus. Minha doce
beleza, tão firme nas formas. Fosse

eu um semideus viril para deitar
ao teu lado e saciar teu desejo.
Atirar-te na relva, cobrir-te de beijos
e ao final do prazer te acolher, aninhar.

Anda solta minha amante Afrodite
pelos campos e prados, acredite, acredite
não a posso impedir, seu desejo é constante.

E me esgotam as forças, corpo nu, extenuante.
E me acabo em teu regato infinito, num grito
de gozo; num urro arfante, delirante e aflito.

Penélope SS
17-10-10 18h:05

A Morte

A José Saramago

Morrer nunca é o problema.
Muitíssimo pelo contrário.
A Morte é a solução.
E embora em minha fala haja uma contradição
é justamente na Morte que entendemos
ou deveríamos entender como a vida funciona.

A Morte apenas compre um papel para o qual foi determinada.

O triste é notar
os que apenas passam pelo seu tempo e não vivem.
O triste é enxergar
nos olhos dessas pessoas o pior tipo de Morte: a ASTENIA.

A vida só existe quando não perdemos tempo
buscando respostas tolas
para perguntas mais tolas ainda.

A vida precisa pulsar em nós:

A cada dia;
A cada noite;
A cada instante;
A cada agora;
A cada já.

Não se pode morrer estando vivo.
Essa é a lei da vida.
Não se pode viver se já morto está.
Essa é a desculpa da Morte.

Penélope SS
16-10-10 16h:09

Labor de poeta

Trabalha o poeta: dia e noite, noite e dia
à procura de paz, na rotina vazia.
Só e mal iluminado, pois a musa se fora,
busca o tolo outra musa (Quem lhe dera sedutora)

Quem lhe dera singela fosse a nova amante
e mais claramente mostrasse num rompante
os seus versos. Oh dona musa! Do meu labor
tem penar. Tem penar santo amor.

Meu labor é sofrido e minha espera é longa.
Na fraca luz que me resta, o desejo prolonga
a vontade de vencer. E a ânsia é forte

me mantendo alerta, guiando-me ao meu Norte.
Labora o poeta: noite e dia, dia e noite
e a musa o espreita, olhos firmes de açoite.

Penélope SS
17-10-10 14h:00

Divino júbilo

Dedicado com eterno amor a Penélope Júlia

És tão pequena e já não sei como viver
Sem ser perto, junto a ti. Conviver
Com outros não mais me alegra
Não há paz em lugar outro que não seja

Teus braços. Luz de meu caminho
Infinita fonte de todo terno carinho
Pequena altiva, brioso serzinho
Presente dos deuses: anjinho, anjinho

Pequena porção, és parte de mim.
E, eu, hoje sei, arrebatado por ti
Fui, no exato momento em que te vi

Sair das mãos celestes. Nunca havia
Eu sentido tamanha porção de alegria.
Princesa minha. Divino Júbilo (extasia)

Penélope SS
20-8-10 23h:40

Escrever

Escrevo porque preciso
Necessito da escrita como o amor necessita dos amantes
Necessito da tinta como o filhote da mãe pra sobreviver
Necessito da folha como o sedento do sertão necessita da água
Escrevo porque não sei cantar o que sinto
E nisso sinto inveja dos pássaros.

Ah! As vozes suaves das aves de Deus
Belas criaturas
Criações aventuradas
Aos céus! Aos céus!
Cantem! Louvem! Jubilem-se!

Escrevo porque a mim Deus não deu voz de ave
Escrevo porque a mim Deus não deu voz angelical
Mas Deus que é Deus sabe a quem premiar dos seus

A mim voz não deu
Porém eu um teimoso filho seu
Busquei meu falar em palavras de tinta
Busquei meu cantar em lauda escrita

Escrevo e escrevo
E creio que assim meus dias devo encerrar
Com a caneta e a folha nas mãos
Fiéis parceiros de risos e lágrimas
Abrigo, refúgio: luminoso perdão.

Penélope SS
9-7-10 23h:15

Ato falho

É fato que não mudo de hábito
Se tento falho, sou falho

Falhas visíveis e risíveis
A todos os transeuntes

Me olham
Me apontam

— Lá! Lá!

Meu ato falho é mais claro
E diante de tantos olhares me embaralho
Feito cartas de malfadado baralho
Um graveto seco transformado em borralho

Que falho no ato é fato
Mas meus cacos cato
E novamente salto
O mais rápido e alto

Olhem. Apontem.

— Sou safo! Sou safo!

Penélope SS
9-7-10 23h:40

Confidências do palmarino

Feito e dedicado com todo esmero a todos de Rocha Cavalcante

Não trago em minhas memórias lembranças tão claras quanto as do ilustre itabirano.
O que sei é que principalmente nasci em União dos Palmares.
Mas o rio onde me banhei; as serras por onde passei;
o campo onde assisti inúmeros jogos nos finais de tarde
de infinitos domingos, certamente não ficavam em União.

O local se chama Rocha Cavalcante.

Foi lá que vivi, esporadicamente, essas emoções.
Ainda me lembro das criações de meu pai (o buscar dos capins);
Os banhos no Rio do Canhoto ouvindo o conversar das lavadeiras.
As crianças, mais corajosas que eu, pulando das pedras (na água).
A água turva que por alguma razão que não sei explicar não lhes fazia mal;
A linha do trem que corta, rasga o povoado, feito uma cicatriz;
E o barulho mágico do trem que de longe avisava aos desavisados: — exijo passagem.
Ainda me lembro da voz forte de meu irmão a me chamar,
pois a noite estava vestida de luar prateado e as ruas (não muitas)
estavam povoadas de novidades (ocorridas durante o dia).
Porém eu, mesmo chegado de fora (garoto da capital),
não lograva muita sorte com o sexo oposto.

Mas a imagem do domingo é a mais aclarada em meus pensamentos.
O domingo (quando usávamos a melhor roupa) era o dia da feira. E ainda o é.
As vozes inocentes e orgulhosas a venderem suas plantações;
o doce cheiro das frutas; a farinha de mandioca feita na véspera;
a luta entre os cachorros por sobras de carnes;
a visita ao mercadinho do tio Luís e da tia Delice;
o cachorro quente feito em rodelas de pão francês;
o barulho das bolas na mesa de sinuca (nunca soube jogar);
a expectativa do jogo (de futebol) que se realizaria à tarde (absolutamente todos iriam ver);
os olhares dos espectadores; os picolés que não paravam de ser consumidos;
as gloriosas vitórias e as amargas derrotas.

Mas o que (de tudo isso) me ficou eternizado foram os sorrisos,
a alegria da simplicidade vinda das pessoas,
os amigos de longa data,
a fala tão rica e particular de seus moradores
e o amanhecer sereno e acalentador de Rocha Cavalcante.

Penélope SS
1-3-11 01h:07

Agora eu sei o que é ter um anjo

Dedicado com eterno amor a Penélope Júlia

Agora eu sei o que é ter um anjo
E o meu é pequeno ainda.
Ensaia os primeiros passos.
Devagar, bem sem pressa.
Todos os dias ele caminha um pouco mais.
E assim vai tornando suas perninhas mais firmes, mais fortes.
Passo a passo.

Ele ainda não fala. Ou será eu que não compreendo
o que ele tenta me dizer?
Mas só de olhá-lo com seus lábios tentando me explicar
o que se passa em seus pensamentos me sinto
agraciado por ser o receptor de suas palavras.

Eu tenho um anjinho agora.
E quando ele me abraça me sinto nos braços do Criador.
Pequenos braços que me acolhem, me acariciam.
Eu tenho um anjinho agora.
E me sinto repleto, completo, infinitamente amado.

E ele me olha com seus pequeninos olhos.
Brilhantes e acesos. Rápidos e vivos.
E tão observadores que chego a não acreditar
em tamanha capacidade em tão minúscula criaturinha.

Eu tenho um anjo agora.
E digo a todos que deveriam ter um também.
Eles são tão graciosos com suas carinhas inocentes.
Suas faces brilhantes.

Ah o meu anjo.
Veio de tão longe pra me proteger
enquanto (eu) estiver por aqui.

Penélope SS
20-8-10 22h:43

Meu doce anjinho

Dedicado com eterno amor a Penélope Júlia

Pequena porção do meu amor
Fruto amado. Forjado no calor
Dos corpos. Anjo. Anjo meu
Cria minha. Eterno teu

Serei. Serei braços a ti apoiar
Serei colo, no sono, a ti ninar
Serei corpo, no frio, a ti aquecer
E nas lutas amargas serei eu por você.

E mesmo que venham dias escuros
E noites sem fim, de mim terás, juro
Coração e amizade castos, puros

e por mais que pareçam sombrios
Os caminhos, terás de mim um ninho
Pronto a te acolher: Meu doce anjinho.

Penélope SS
20-8-10 23h:05

A voz da musa

Uma voz me chega aos ouvidos:
Se de musa-recatada,
se de meretriz-ousada
Não me é lícito definir.

Mas, honestamente,
a definição é o que menos me preocupa.

A voz é o desejo maior de meu pensamento.

E embora me turve a mente,
ela me embriaga
e alaga meus desejos de saborosos pecados.

Devo confessar: o misto de pureza e desfaçatez
é a chave de seu ardoroso encanto.
Ah! Devo confessar tantas coisas mais.
Mas me pede a voz que eu me contenha
e apenas retenha seu falar,
sem de outras graças me engraçar.

Ouço-te com afinco minha doce-acre flor;
Ouço-te com desejo meu terno-rijo amor;

E imagino-te assim: como em flor transfigurada
E imagino-me assim: em teu mais visceral âmago
E por fim tê-la,
por um breve minuto-eterno,
casta e desflorada.

Penélope SS
11-10-10 12h:54

A Ti

Com eterno amor a minha pequena joia Penélope Júlia

A ti, meu coração, todo o meu amor
E encanto, eternamente dedicado ao teu louvor.
E que nenhum tristonho desencanto,
Por intervalo que seja, faça ninho em teu recanto.

A ti, luz divina, glória dos meus dias,
Toda a minha rendição e imutável zelo. Ilha
De frondosa vida; caminho de luzente trilha;
Bela-amada, salve! Salve! Idolatrada-filha.

A ti, pequenos olhos, que os meus ao vê-los
Transbordam do mais puro e terno desvelo.
(Inundam meu rosto, lacrimosas de salobro gosto).

A ti, doce olhar, nunca o acre do desgosto;
Nunca o dissabor da dor em tão fagueiroso rosto;
Nunca, a ti, amada filha, o desatinar de feliz não sê-lo.

Penélope SS
18-2-11 23h:02

A poesia é um problema difícil de resolver

A teima do poema não resolve
o meu problema. Ao contrário, dissolve
o que ainda restava de esperança.
Oh! Malograda sorte. Seguir nessa andança

louca; dia e noite; sede forte; céu da boca
seco como sertão. Na espera louca
de encontrar a fonte d’água; estrela d’alva
na vida torta. Caminho certo; visão que salva

o pobre hospedeiro do poema. Desiste da teima
querido verso. Encerra, já chega,
suplicante, te peço. De mim desapega, já basta

o ocorrido. Tua ânsia que é vasta
em meu peito, um abrigo diminuto,
fez-se contenda hercúlea, na qual luto,luto,...

Penélope SS
16-10-10 23h:32

Pseudo-soneto à minha pequena Mona Lisa

À minha doce e amada filha Penélope Júlia

A pequena que me olha com olhos
de anjo, me tem por inteiro. E rogo
a Deus que em seu cristalino olhar
permaneça sempre o desejo de vagar

à procura de mim. Amor meu: luz a brilhar
nas manhãs dos meus dias. Claridade sem par.
Te canto, meu encanto, aos sete cantos do empório
universal. Jubilando-me de ti, doce espólio.

E os ventos sopram a doce leve brisa.
E a Terra se move na relutante cisma
do caminhar de Deus. Seguindo paulatinamente

e nos levando a outra esfera. Mas da minha frisa
vejo-te, pequena e bela, em face de Mona Lisa
e sei que de amores por ti morrerei, calma e inelutavelmente.

Penélope SS
22-12-10 22h:19

Daqui a pouco...

Daqui a pouco o sol nasce e você se arrepende de ter perdido mais um dia.

Daqui a pouco o sol se põe e você promete realizar tudo no dia que virá, sem falta.

Daqui a pouco a caneta cai de minha mão enfraquecida pela hora e pela vista cansada.

Daqui a pouco a Morte bate à sua porta, reclamando seus direitos sobre sua vida mal vivida e aí não poderá mais voltar ao que era antes.

Daqui a pouco a Morte bate à minha porta e haverá libertação de minha alma angustiada, enquanto os que me amam se desmancharão em pranto sobre o meu corpo.

Daqui a pouco o mundo já não mais aqui estará para nos servir de morada, e para onde iremos? Quem sabe marte?

Daqui a pouco os dinossauros se levantam e reclamam seus direitos sobre essa MAL-DITA-TERRA-DE-HOMENS-BURROS.

Daqui a pouco Deus estenderá sua mão e apenas os que nunca poluíram subirão ao reino dos céus: ALELUIA!!

Daqui a pouco todas as minhas profecias se realizarão e eu serei proclamado o maior charlatão deste e do outro mundo.

Daqui a pouco: nós não perdemos por esperar.

Penélope SS
5-2-10 1h:05

O miserável

Eu sou o miserável que vaga
no vago da noite, procurando espaços,
brechas onde ninguém mais deseja habitar.
E lá, no mais recôndito e gélido canto,
canto minhas dores: dores de outrora
e dores de agora.

eu sou meu próprio miserável
sou meu próprio Jean Valjean
meu réu e meu carrasco.

E, ainda que sinta a doce presença
da amada, mesmo assim ainda
me sufocarei com meus próprios
pecados libidinosos, pecaminosos,
aterrorizantemente guardados
em minhas lembranças.

Que sangre o obscuro pensar.
Se em nós, todos os desejos são possíveis
então, saiamos por aí,
na tentativa desenfreada de realizá-los.

Penélope SS
5-2-10 00h:50

Amor à primeira vista

Com eterno amor a minha amada filha Penélope Júlia

Ouço algo que se move
E que me olha como que me reconhecendo, enfim.
Vejo pequenos olhos brilhantes como duas pequenas pérolas
Que me buscam e tateiam o ar como a averiguar onde estou
E apura o som que sai de minha voz, sabendo já quem sou.

Vejo que não mais estou só
Vejo que o amor enfim me encontrou
Sinto a mão de Deus a me tocar e a me
Impelir até você, para que possamos nos ver pela primeira vez.

Será que já nos amávamos antes mesmo de nos mirar?
Decerto que o amor já havia em nós.

De repente sinto que meus olhos não suportam tanto querer
E mais do que de repente me sinto envolto em lágrimas, como um tolo
A mirar-te, enquanto me olhas com sincera afeição.

De repente sinto que em meu peito não há mais espaços vazios,
Pois tua chegada torna inundado de louvor tudo o que há em mim.

Penélope SS
4-2-10 22h:42

Brisa no rosto e palavra de salvação

Daqui de onde estou vejo o vento soprar
E o calor do sol que me envolve, enquanto caminho nesta estrada longa
Cheia de entradas e saídas.
Mas de longe te vejo sorrindo e de braços abertos pra mim.
Corre, corre oh meu mais novo amor!

Vem em minha direção e me abraça.

Daqui de onde nada é tão bom quanto uma gargalhada vinda de ti
Daqui de onde te vejo abrir seus longos braços

E o sol me queima
E a brisa me refresca
E o teu carinho me acalenta a dor de viver

A angústia de sair e não saber se volto
A incerteza de permanecer intacto ao mal que nos espreita lá fora
Dentro da noite escura e fria das ruas mal iluminadas e sujas por nós mesmos.

Mas, me ergue os braços
Me chama o meu nome
Me grita uma palavra de salvação
Amor, meu novo amor!
Amor, meu eterno amor!

Penélope SS
4-2-10 21h:44

Filha maior

À minha amada filha Penélope Júlia

as Pequenas coisas que temos
quando bEm guardadas e polidas
Não perdem o lustre E o encanto.

quão Lindas são as criações vindas do amor
e Ornadas pelas mãos sagradas do criador.

Pede-se tudo todos os dias, mas a vida que nasce é a prova
dEfinitiva de que a beleza eterna está em teu choro de vivente.

Justo é o teu riso, menina de pUreza casta,
e os Louros de teu futuro serão Infinitamente
Arrebatadores, e Diante de ti todas as saídas sE farão presentes.

Sentidos apurados perante as dificuldades,
Ouvindo o que diz a voz mais forte que vem do peito.
Unidas: tuas alegrias e tuas tristezas te farão mais do que forte,
te farão Suprema aos olhos viperinos dos teus Adversos.

Sê firme e chegarás ao extremo do ponto
Imaginado por ti.
sê Livre e destemida em teus planos
e Verás que o céu pode escurecer, mas
As nuvens sempre se dissiparão e novamente teu sol voltará a brilhar.

Penélope SS
4-2-10 22h:16

30-10-09 (17h:30)

Com amor eterno a minha sempre amada filha Penélope Júlia

Sagrada é a hora em que Deus nos envia
O fruto sagrado e aguardado. Alegria
Dos meus olhos, vida de minh’alma,
Imensa oferta de celestial amor, me calma

O espírito ver-te em tão sereno leito,
Buscando da mãe o amável e doce peito.
Sagrado é o amor que em mim nunca finda
E se renova nos olhos da doce-meiga menina

Que me busca. Sagradas lágrimas que brotam
Quando em mim busco tua imagem ao nascer.
Sagradas as mães que os filhos aflitos consolam

E sagrada a que te guardou a vida e te fez viver.
Glória e júbilo aos céus, pois hoje os anjos a ti oram
E virtuosa-sacra seja tua luz na terra a resplandecer.

Penélope SS
22-3-11 10h:57

Lugar

De onde estou não se podem ver imagens
E sim apenas sons, sussurros. Miragens
Que imagino vê-las um dia transpostas
Em realidade nua, viva e enfim postas

Diante de meus olhos vivos e sedentos
De cores e de meu olfato sequioso, há tempos,
Por um respirar (das aves) libérrimo. Serei eu
Uma ave de Deus? Arte divina ou um camafeu?

Daqui, desse lugar, ainda não me é permitido sair
Mas a mão que me toca e me guarda e que jaz aqui
É divina e sublime. Faz-me Senhor sentir o viver

Fora daqui. Libertai as amarras, deixai-me correr
Pelos campos e prados e relvas a cada amanhecer.
E amar e sofrer e florescer e morrer: discernir.

Penélope SS
16-10-9 23h:56

A força das tuas palavras

Não é por acaso que venho ao recinto
Esbravejar meus versos e externar o que sinto
Aos que me querem ouvir. Extasiados, todos
Se quedam diante da voz que expele os louros

Napoleônicos, as régias cesarianas, e viva! e viva!
Ao ser que da noite escura faz luz altiva;
Da sombra lacrimosa faz nuvem celestial, briosa.
Oh! Jasmim perfumado. Oh! Rosa de mil rosas.

Não é por acaso que exalas olor tão gracioso
Quando proferes sapientemente tão sábios ditos
Que (os guardo) como os maiores aforismos eruditos.

Definitivamente tens algo de divinal, de bendito
Pois de muito ouvir-te chego a sentir-me glorioso
E imerso num límpido gozo de Deus, de vida: majestoso.

Penélope SS
16-10-9 23h:27

Angústia

Todas as noites impreterivelmente eu escrevo.
E é como algo que nunca cessa,
que nunca finda, que nunca apetece.
Todas as noites desde muito tempo que é assim.
E se não escrevo me sinto cheio:
de palavras, de frases, de vontade, de não sei o quê!
Não sei se a palavra angústia define isso
que se move internamente, mas já que ela cai tão bem deixemo-la onde está.

Todas as noites e às vezes confesso
que durante o dia também.
Me bate uma vontade, um anseio
de rabiscar os pensamentos
que povoam meu pensamento.

Penélope SS
16-10-9 22h:53

Minhas pretensões (não as levem tão a sério)

Nada digam de mim e nem sobre mim.
Deixem que eu faça as coisas à minha maneira e ao sabor dos meus desejos.
Nada comentem a meu respeito até que eu permita.

Cesse tudo o que as antigas musas cantaram pois é chegada a hora de eu adentrar o recinto onde as luzes estão acesas e direcionadas ao meu falar.
Não quero Homero como molde e nem Camões como mestre.

Quero antes de tudo aqueles que estão ao meu redor.
Quero as falas e o falar dos meus contemporâneos.
Quero as influências mais próximas e as escritas mais concretas.
Quero os iguais a mim e os diferentes também.

Nada digam enquanto eu não permitir.
Nada escrevam enquanto eu me não decidir.
Nada ouçam do que eu disser a não ser o que lhes for conveniente.

Penélope SS
15-10-9 9h:33

A novidade no Quarto

A cama não tem nenhuma novidade: feita de madeira, com pés e lastros e colchão novo ou velho e lençol limpo e travesseiro macio. O berço não tem nenhuma novidade: feito de madeira, com pés e lastros e colchão e vários detalhes em tons rosa ou azul e alguns bichinhos de pelúcia que em todas as casas se pode encontrar. O carrinho não tem nenhuma novidade: feito de ferro e plástico e panos limpos e lindos para cobri-lo e rodas que sempre chamam a atenção. O guarda-roupa não tem nenhuma novidade: feito de madeira e parafusos e cola e suportes e cores sempre nos tons rosa ou azul e sempre cheirosinho. As fraldas não têm nenhuma novidade: feitas de material macio e confortável e sempre nos tamanhos Pequeno, Médio ou Grande e com embalagens que deixam os adultos loucos para engravidarem. As paredes não têm nenhuma novidade: feitas de tintas frescas e limpinhas e pintadas um pouco antes da chegada tão esperada. Assim é o meu quarto, como qualquer quarto de qualquer recém-nascido. MAS há algo que é ímpar; que é único e que não se encontra em qualquer quarto de bebê; e esta joia mais preciosa sou: EU.

Penélope SS
15-10-9 9h:47

New Day

Nesse novo dia eu que chego de bem longe
venho de mala pronta e de cabeça cheia de perguntas.
Nesse novo dia eu que nem sabia que me chamariam
a esse novo mundo aqui estou.
Quem diria que o sol viria me saudar,
me cortejar e me aquecer neste novo e luminoso dia de verão.

Quero as pessoas me olhando.
Quero as mãos me acariciando.
Quero os olhos me mirando admirados.
Quero o calor do dia e a beleza da noite.
Quero o vento forte na minha janela e todos os barulhos da Natureza.

Neste novo dia eu que já não suportava
a angústia de adentrar nesta nova era
aqui estou e que seja do mais alto grau
o meu observar e as minhas pegadas
nas areias desta vida que em mim se inicia.

Que seja eu bem-vinda a este organismo
mais do que vivo chamado Universo de Deus
e de todos os Deuses.

Penélope SS
15-10-9 8h:44

Paixão/fogo/Amor/ coberta

No início é o próprio início
é a surpresa boa que vira vício,
o beijo que é novo, saboroso viço
dos novos amantes: a paixão, o princípio.

Depois de tempo passado, arrefece a chama,
acalma os sentidos, mas não finda. Quem ama
se doa ao amado, alimentando o amor conquistado,
jogando no fogo aceso, lenha nova, a cada beijo que é dado.

Ah Vinícius! Nos versos de amor que digo
relembro teus versos augustos, simples e puros
como o colo de minha amada, refúgio seguro.

Ah Vinícius! Me permita usar tua musa régia
para que eu possa encantar minha amada. Na certa,
serei ouvido por ela que do fogo aceso converterá em coberta.

Penélope SS
5-9-9 7h:02

domingo, 3 de abril de 2011

poema em duas linhas

Se SAEM de MIM ( as palavras )
DEIXAM de ser EU.

Penélope SS
01/04/06 9h:20

viva a baixaria bacana brasileira ou bababra

Viva! Viva! À baixaria.
Viva! Viva! À democracia
Viva à vadiança Planaltina
Viva aos fulanos e beltranos
Viva às vacas e aos tiranos
Viva aos inocentes da surdina
Viva! Viva! À baixaria
Viva! Viva! À falta de energia
Viva à seca centenária
Viva à riqueza milenar
Viva ao homem trabalhador que morre feito preá
Viva ao homem esperto que vive como bacana na sombra e brisa do mar
Viva! Viva! À baixaria
Viva! Viva! À economia
Viva ao Dólar que nos sustenta
Viva ao Real que nos aguenta
Viva ao ministro que nos surrupia
Viva ao jardineiro que famoso ficou da noite pro dia
Viva! Viva! À baixaria
Viva! Viva! À cervejaria
Viva à mídia do pé-de-cana
Viva à outra que desce redonda
Viva a todos que enganam a moçada
Viva às mortes em nossas estradas
Viva ao valor, ao respeito pelas MULHERES, quando nessas MÍDIAS representadas,
OU SEJA, absolutamente, NADA.
Viva! Viva! À baixaria
Viva! Viva! Mas não ria,
Porque é sério e sem mistério
O destino desta tão falida, fria
E sombria DEMOCRACIA.

Penélope SS
18/07/07 20h:40

a paz

Não sei por que os homens agem assim:
queimando florestas, destruindo animais,
matando uns aos outros, numa guerra sem fim,
esquecendo a bondade, a verdade e a PAZ.

Tememos as ruas, as praças, a noite,
não saímos de casa, porque, o medo, a violência nos traz.
Tememos os inimigos da vida, com seus negros açoites,
pois eles esqueceram a bondade, a verdade e a PAZ.

Não sei o motivo das guerras, das mortes, dos abandonos,
dos conflitos, da violência contra as crianças.
É preciso desarmar os espíritos, e refletir sobre o que somos.
É preciso cuidar dos pequenos, pois neles está a nossa esperança.

Paremos, então, um minuto e
pensemos na mensagem deixada por Cristo, a mim e a vocês,
aquela que diz: “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”.

Penélope SS
22/08/07 14h:28

cada caso é um caso

Cada caso é um caso, disso eu sei,
mas o que não entendo é a figura da lei:
— Se o lenço nos olhos demonstra cegueira,
por que ela enxerga pessoas faceiras?

Bem... como já disse acima, reiterando o compasso
Ao menos eu sei que cada caso é um caso.

Penélope SS
10/09/07 00h:26

negação

Você me NEGA,
ReNEGA,
e NEGA.
Você é CEGA?
Você é CEGA.

Penélope SS
04/07/05 8h:00

retorno

FINJO
INDO
AO
RECINTO
ESCURO,
E
VOLTO
CAPAZ
DE
FINGIR
CADA
VEZ
MAIS.

Penélope SS
26/10/07 20h:00

o valor do sim na vertical

O
SIM

TEM
VA
LI
DA
DE
QUAN
DO
DI
TO
COM
VER
DA
DE.

Penélope SS
22/12/07 16h:38

amanhece o dia

Raio de sol brilhante,
lá longe, começa a luzir.
No horizonte, vejo a força constante
de Deus, sempre a me conduzir.

Senhor dos amargurados, dos poetas errantes
daqueles que Te chamam, necessitam Te ouvir.
Dai-nos Senhor! Neste instante
a sabedoria para sabermos discernir
dentre as coisas do mundo, as mais belas, vibrantes
e entre as escolhas, a que leva a Ti.

Penélope SS
08/10/07 19h:00

o cabelo da menina

É muito lindo o cabelo daquela menina.
É pretinho, pretinho, quem nem a asa do passarinho.
É comprido, comprido, que nem o do Cupido.
É lisinho, lisinho, que nem o pelo do coelhinho.

O cabelo da menina chama mesmo atenção,
por onde ela passa todos querem tocar com a mão
aquela beleza que ela traz posta na cabeça
e que balança com o vento, todo faceiro.
E é por isso que todos querem ver
a beleza da menina e seu lindo cabelo.

Penélope SS
13/10/07 09h:31

aquele menino

Aquele menino é muito traquino
não para, não para, não fica quieto
adora correr, pular, gritar, é muito esperto.
Mesmo franzino, não sossega o menino.

Sua mãe perde a voz, gritando:
— Não faz isso garoto, fica parado num canto.
Mas o menino é danado, feito um bode no campo,
correndo, saltando os morros, sem nem um espanto.

Só descansa à noite, depois do jantar,
pois exausto de tantas traquinagens está.
Após limpar seus dentes, sobe ao quarto
cansado, cansado, mas feliz por ser criança
e por ter feito do dia, alegria e festança.

Penélope SS
13/12/07 09h:22

a bola

Que brinquedo é esse
que a meninos encanta?
Que brinquedo é esse
que nos garotos desperta
a vontade, a magia, o prazer de correr atrás?

Veja as crianças que jogam no campo.
Veja aqueles danados que esquecem da hora,
preocupando seus pais.

Esses meninos não querem carrinhos,
não querem bonecos e nem vídeo game.
Eles não querem, às vezes, nem estudar,
mas chame-os para brincar
brincar com a bola querida
redonda, pintada de branco e preto
que logo eles correm, largando o que fazem
e pro campo mais perto vão.

Jogam a tarde toda,
jogam até a noite, se deixar.
Mas não esqueçam queridos meninos
além de brincar e preciso, também, estudar.

Penélope SS
13/10/07 08h:21

fantasmas

Dedicado especialmente às crianças da tia Ana Maria

Quem já foi criança sabe que não minto,
fantasmas existem, eu sei e acredito.
Pois menino eu já fui e muitos eu via
os via à noite, mas também pelo dia.

Uma vez eu estava com algumas crianças
e elas relataram algumas lembranças.
Diziam ter visto fantasmas horríveis
de carne, de sangue, tão feios, temíveis.

Havia um garoto, seu nome: Daniel.
Era o mais contador, cada uma que só vendo.
Mas também seus amigos não ficavam pra trás.
Cada qual com uma história, sendo todas legais.

Ouvi-as com atenção, sabia que eram reais,
pois nas mentes das crianças os pensamentos são iguais
não importa se fantasia ou realidade
e eu creio em suas palavras, essa é a minha verdade.

Penélope SS
13/10/07 08h:56

canção da meninada

Dedicado com carinho a Ana Maria e a sua sapeca turminha

Atenção criançada! Chegou a alegria
Com a canção dos alunos da querida tia
Quem é ela? Respondam: é a Ana Maria.

Nessa escola, estudar, é a maior diversão
Com colegas legais que parecem irmãos.
Todos juntos, que bom! O que vale é a união
Pra aprender sempre mais, ajudando a nação.

Nessa sala, há meninos e meninas também
Alguns poucos traquinos, mas no fundo convém
Aceitar que criança ser sapeca é um bem
Só não pode esquecer que estudar leva além:

Além do sonhar, além do sofrer.
Estudar nos ajuda a lutar e a vencer.

Atenção criançada! Chegou a alegria
Com a canção dos alunos da querida tia
Quem é ela? Respondam: é a Ana Maria.

Ninguém pode dormir e chegar atrasado
Pois a tia não falta e o assunto é dado
Sempre com paciência, ele é explicado
E os alunos atentos estão sempre ligados

Nas matérias e temas que são sempre falados
E nos livros com fotos e textos mostrados,
Servindo de base pra melhor aprender
E sempre lembrar, pra jamais esquecer.

Atenção criançada! Chegou a alegria
Com a canção dos alunos da querida tia
Quem é ela? Respondam: é a Ana Maria.

Agora meninos, e meninas também,
Prestem atenção. A turminha aí vem
Com seus nomes, um montão:

Tem o André Cláudio e o Alexsandro
O André Lucas e o Álvaro Floriano.
O Davi Gomes de Oliveira
A linda Dayane Ferreira
O Diego Santos Teixeira
E o esperto José Wilker Vieira.

Lá vem o Carlos Alexandre
Com a Medly Clemente Laiane,
A flor do campo Harrislane
E a Sinara Amorim, também Layane.

Os Silva tem de monte:
O sapeca Daniel,
O Jamerson Miguel,
O Marcondes Oliveira
E o Matheus Silva Pereira.
O Paulinho também é Silva
Como o Vinícius e o Cleisson Clemente
Sem esquecer o Jamison traquino,
que é gente forte, gente da nossa gente.

dos Santos há quatro pequenos:
O Jefferson, o Anderson Olímpio,
O Erick Vicente, garotos por demais límpidos.
E a joia brilhante chamada Íris,
Criança lapidada à maneira de ourives.

E fechando a canção, um casal belo e fiel
A pedra brilhante, radiante e feliz
Aquela a quem chamam de Beatriz,
E o João Feliciano de Oliveira Gabriel
Que, feito anjo, descendo do céu,
Veio à terra viver com amigos só seus
E conviver com a tia que também é Maria
Mulher forte que luta e a todos (os alunos) conduz
Como a nossa rainha, santa mãe de Jesus.

Atenção criançada! Chegou a alegria
Com a canção dos alunos da querida tia
Quem é ela? Respondam: é a Ana Maria.

Penélope SS
08/11/07 10h:30

vou-me embora pra Curitiba (uma releitura despretensiosa de Bandeira)

Dedicado à amiga Telma Cristina

Vou-me embora pra Curitiba.
Lá sou amiga do governador
e terei o homem que eu quero,
pra me curar dessa maldita dor.

Vou-me embora pra Curitiba.
Vou-me embora pra Curitiba.
“Aqui não sou feliz”,
mas lá tem tudo que eu sempre quis.
Lá a existência é uma estrela luzente
feito meus pensamentos que aqui vagam nessa tarde de sol poente.

E como serei feliz
pelas ruas belas e verdes.
Pelos campos, nas praças. Credes
em mim quando te falo, que minha vida,
meu destino e minha sina
é voltar a tal cidade, retornar a Curitiba.

Vou-me embora pra Curitiba.
Vou-me embora pra Curitiba.
Em Curitiba tenho tudo:
Um amor, uma flor, um rumo,
meu jardim e meu anjo querubim.

“E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar”
pedirei a meu anjinho:
— Querubim, de mim tens dó,
me levas novamente,
aos meus amigos de sempre,
de minha terra Maceió.

Penélope SS
11/11/07 3h:08

rua da tua casa

Dedicado a minha esposa Juliana

Vinha eu andando, todo contente e faceiro,
Quando, na porta avistei, teu sorriso aberto.
Os passos diminui, fui chegando bem mais perto,
E mirando teus lindos olhos, me apaixonei por inteiro.
Desse dia em diante, todo dia eu lá estava,
Declamando belos poemas, aos macios ouvidos teus.
Delirando com teu perfume, com teus lábios junto aos meus.
E hoje, aqui, recordo triste,
Tão sozinho feito estrela-d’alva.
Choro só, revendo na moldura
Tua figura que eu tanto AMAVA.

Penélope SS
10/09/07 00h:46

falta

À minha esposa Juliana

A falta que me faz as palavras,
é a mesma que a tua.
Assim como falta ao amor a lua,
me falta vida que distante vaga.

E pedindo ao céu que me traga
resposta, dessa ânsia nua,
que a garganta minha, não sua,
suplica: — responde, responde, às claras.

Mas não aceito sequer um talvez.
Quero firmeza, clareza, altivez.
Para findar meu penar
que de tanto esperar
quase há pouco desfez.

Penélope SS
08/11/07 19h:30

a natureza e a menina

A Ana Beatriz (Bia)

Que brilhe o sol e as estrelas.
Que ilumine todo o céu de anil.
Que os pássaros cantem, gorjeiem.
Que as árvores renasçam, revivam.

Que todos os seres festejem
na grande festa da primavera e
na imensa ciranda das folhas do outono.

E que o arco-íris repleto de cores,
e a cigarra de voz incansável,
e a bela menina de cabelos dourados,
unam-se em homenagem à Natureza.

E cantem, cantem,
festejem e louvem,
louvem, regozijem.

Penélope SS
10/08/07 22h:15

carolinana

Dedicado à musicista Ana Carolina

Imagine uma menina que grita
e sua voz a todos levanta.
Imagine uma garganta que se agita
capaz de entorpecer os deuses, quando ela canta.

Imagine tal voz, feito dia de chuva
com trovões e tufões, revirando a calma.
Imagine tal fêmea, feito um desejar de um cacho de uva,
que nos faz salivar, ansiar, e entregar nossa alma.

Bela e voraz, com voz de menina.
Forte e audaz, com magia de Ana.
És Rita e Maria, Joana e Carolina.
És herdeira das musas, poetisa e insana.

Imagino teu canto, que inspira meus versos.
Imagino teus acordes, tua harpa encantada.
Imagino mil coisas, mil desejos confesso.
Imagino tua ausência, nossa existência arranhada.

Penélope SS
23/08/07 14h:34

amanhã

Dedicado à poetisa lusitana Florbela Espanca

Amanhã. Dia novo. Nova vida.
Amanhã. Dia lindo. Nova avenida.
Amanhã. Dia claro. Tempo raro.
Amanhã. Dia que...
Amanhã. Dia certo para você nascer.
Amanhã. Dia belo. Pode vir. Você é bem vinda.
Amanhã. Dia seu. Seja bem vinda à vida, minha FLORBELA e linda.

Penélope SS
27/10/06 20h:54

sossego eterno

Não quero a Morte gloriosa
de meus antepassados poetas.

Muito menos lágrimas em minha partida.
Quero, antes de tudo, amar tudo que possuo.
Quero, antes da partida, amar meus livros, minhas poesias.
Quero, oh! Vida breve! Amar aquela que vive ao meu lado.
Dizê-la que a amo, declarando, dia após dia, todo o meu amor.

Não quero a Morte gloriosa
de meus antepassados poetas.

Quando findar o último suspiro,
o derradeiro sopro, em meu peito, de vida latente,
que me deixem repousar eterna e sossegadamente.

Penélope SS
18/01/08 10h:37

noite

Assim é que te quero: negra.
Assim é que te gosto: sombria.
Assim é que te desejo: escura.

Noite que me vela, como a vela sempre acesa em meu quarto.

Noite que me abraça, como a donzela perdida em minha cama.

Noite que me guarda, até a vinda daquela que tanto me quer: a Morte.

Penélope SS
3/10/07 17h:45

falsos sentidos

Meus SENTIDOS me ENGANAM:

Quando penso que VEJO a mais bela face, não é verdadeiro seu brilho.
Quando penso que OUÇO a mais suave das vozes, não é lindo seu canto.
Quando penso que TOCO a mais lisa pele, não é de seda sua composição.
Quando penso que BEIJO os mais doces lábios, não é mel o que sinto chegar aos meus.
Quando penso que CHEIRO a mais perfumada flor, não é o aroma dos campos arcadianos que me entorpecem.

Penélope SS
03/08/07 23h:39

reações

Diante da MORTE: TEMOR
Diante da VIDA: VONTADE
Diante do NÃO: SIM
Diante do SIM: ALEGRIA
Diante do AMOR: CUMPLICIDADE
Diante da PERDA: VINGANÇA
Diante do CRIME: FUGA
Diante da CELA: CHORO
Diante de TODOS: CONFISSÃO
Diante do ESPELHO: SARCASMO
Diante do FIM: CERTEZA
Diante da EXECUÇÃO: RISO

Penélope SS
24/07/07 23h:18

por falta de versos

Sinto que não posso escrever agora
porque meus versos dormem fora de mim
e por mais que eu os chame: —Vã bora! Vã bora!
Eles respondem: — não, e eu querendo um sim.

Esses mal-ditos poucos que salvei
são chinfrins, são piegas.
Só usei por desculpas, pois catei-os às cegas.
De segunda, de quinta, confesso: odiei.

Penélope SS
29/09/07 00h:04

repulsa

Fora toda a glória da vida errante.
Tanto agora como dantes,
desejada e inconstante vitória malograda,
de ti não quero nada.

Penélope SS
26/10/07 20h:05

conflito pré-Morte

Minha alma se liberta
se por ora estou morto.
Mas, se vivo, sigo torto
nessa busca tão incerta.

Minha vida se conforta
com migalhas celestiais.
Porém, minha alma lamenta
a perda divina dos cristais.

Oh! Senhor Deus Misericordioso!
Dai-me a liberdade, que procuro ansioso.
Separai-me desse corpo frio, impuro
e acendei uma luz em meu caminho turvo-escuro.

Penélope S.S.
18/10/07 8h:55

poema sobre a pretensão anti-clássica

Já li tantos clássicos que,
às vezes, me imagino um deles.
Já conversei com Drummond, Bocage e Homero.
Goethe, Poe, Clarisse e Rosa.
Gregório, Vieira, Assis e Azevedo.
Mas, apesar de tentar segui-los,
não me sinto nem um pouco compelido
a tornar-me um.

Quero repousar quando morto estiver.
Quero não ser invocado por pesquisadores.
Quero que me deixem em paz
no silêncio absoluto da fúnebre casa onde me quedarei.
Os clássicos: que sejam re-mexidos, res-gatados, re-leitos, re-torcidos.

A mim, peço-te sossego e esquecimento.

Penélope SS
08/11/07 8h:27

poeta esquecido

Aquele poeta anda esquecido
por todos os que o tinham como querido.
Deixado de lado, mantido em segredo,
largado num prado, sozinho com seu medo.

O poeta se sente abandonado.

Mas, todo poeta, no fundo,
sabe que a reclusão faz parte da escolha feita.

Penélope SS
19/10/07 19h:31

p o e t a torto

Sou um poeta torto:
escrevo, escrevo e não conserto
meus pensamentos.

Sou um vivente angustiado
que não consegue decidir
entre o ficar e o partir,
entre o amar e o fugir.

Estando sempre entre dois polos,
me encarrego de tentar seguir equilibrado,
mesmo que por singelos momentos.

Mas, às vezes, meu trapézio é traiçoeiro
e me joga ao chão quando estou bem lá no alto,
quase livre.

Caído, não sinto dor,
apenas uma forte sensação de abandono,
enquanto ouço os risos da plateia,
que me olha com desdém.

Sou um poeta torto: não consigo, ao menos,
manter-me ereto em meu palco.
Sou torto como meu verso.
Esse que tanto prezo e desprezo quando estou furioso.

Sou torto, triste, traiçoeiro, tirano.
Sou trapezista do verso e do reverso.
Sou da nova tropa... do livre escrever.

Penélope SS
19/10/07 18h:33

o violino, o violinista. eu e meu poema

O violino exala: o som, as notas
O violinista sola: sozinho no centro
O violino e o violinista não nasceram um para o outro
Nasceram, sim, um do outro.

Pego na minha caneta e ligeiro rabisco
Uma poesia para ambos.
Não é certo que saberei as palavras,
Assim como o músico sabe as notas.

Procuro alguns vocábulos no pensamento
Vou o mais longe e trago de lá os que preciso.

Ah! Se Eu fosse aquele violinista
Ah! Se Eu soubesse todas as palavras
Ah! Se a melodia das letras surgisse para mim
Na hora em que decido escrever meus poemas.

O violino se cala: sem som, sem notas
O violinista não sola: apenas ouve os aplausos.
E termino o elogio feito aos DOIS que são UM.

Penélope SS
24/05/07 16h:20

vulcões e virgens

Uma virgem amando é como um vulcão ativo
que quieto parece, mas sabemos estar vivo.
Queima, fere, mata, mas de todo é lindo,
pois, vulcões, quando estão explodindo
não passam de moças com prazeres fluindo.

E são belos, são raros, são caros, são plenos
tanto o fogo da larva, quanto a larva da virgem.
E mais amor lhe garanto, certamente não existe,
que observar esses dois e ver de perto a vertigem.

Penélope SS
01/10/07 15h:05

poema erótico ao corpo feminino

Que fascínio é esse que os poetas encanta?
Quando vemos teu corpo, nossa força levanta.

Teus seios são fontes de alimento aos famintos.
Redondos, firmes, com suas auréolas pelas quais até sinto
desejo frenético de percorrê-las com meus lábios,
mordê-las talvez, se assim me pedes.

Tua boca é carne doce, volumosa, apetitosa, saborosa.
Uma fonte formada de forma certa
por lábios de exagero perfeito, macios.

Ah! Deságua em mim esse rio
de beijos que tanto anseio.

E teus olhos rasgados, abertos, fumegantes de desejo,
se os vejo, fico de todo aceso. Viro macho sem rédeas,
lutador sem trégua. Olhos que espelham o vermelho
de teu sangue, de tua pele, teu bronzear, a castigar meus pensamentos.

E tuas pernas, moldadas à moda renascentista, roliças, roliças.
Não desprezai essa herança, filha de Vênus,

Me atiças! Me atiças!

Me enrosca, me prende, me mantém em teu laço, que feito refém
fico quieto, sofrendo desse mal que tanto me atrai.

E sei que a mais bela flor de teu corpo
é a que escondes, bem guardada,
deflorada por poucos,
esse tesouro maior.
Ah! Quem me dera ser dela
guardião, guarda-mor.

Essa flor, forte aroma exala, me atrai.
Sinto desejo de tê-la, sempre mais, sempre mais.
Beijar esses lábios carnudos, uni-los aos meus num torpor convulsivo,
desejando adentrá-la, percorrer com meu ímpeto. E feito um desbravador
de matas virgens, podar teus pelos, forçar passagem em teu meio.
E quando não mais resistir eu puder, que tua flor regada seja
pelas gotas do prazer, que tanto me pedes, suplicas, desejas.

Penélope SS
11/11/07 3h:50

o retorno de Ulisses

Sempre gostei de ti oh Vida!
mesmo distante, em outros lugares,
como Ulisses, vagando, em remotos mares.
Mas, quando te vi, meu coração fez partida
e na tua direção voou como flecha
aguda, pontuda, certeira. E na fresta
pequena de teu lindo seio
me vi acolhido, um herói de volta ao meio
de seu povo, amado e saudoso,
que sofrendo aguarda, com sua rainha,
a volta do homem, herói desterrado.
Salve Ulisses! o rei do arco encantado
que Penélope espera com olhar fixado
no horizonte, a buscar seu navio tragado
pelos mares dos deuses, porém nunca findado
pois Ulisses é forte, astuto e capaz
de voltar ao seu lar, onde a amada ali jaz.

Penélope SS
20/09/07 16h:05

o silêncio

Eu tenho uma caixa escondida
onde guardo todo o meu silêncio.
Abro-a apenas quando tenho vontade de estar em paz.
Às vezes passo horas e horas
olhando-a e refletindo sobre minha existência.

O que seria de mim sem o meu silêncio?
O que faria quando precisasse de tranquilidade?

Eu tenho uma caixa escondida
onde guardo todo o meu silêncio.
E acho que todos deveriam ter a sua.

Assim, creio eu, haveria mais paciência.

Penélope SS
13/10/07 10h:01

tudo exige silêncio

Palavra de ordem
que serve para calar os alaridos do dia a dia.
Palavra que ecoa quando gritada na multidão
tentando acalmar o conflito gerado até então.

É sempre bem vinda em momentos de agito,
de confusão, de burburinho nas salas.

Quando alguém perde a rédia, a direção, o prumo
a primeira palavra que lhe vem ao pensamento
é silêncio, a fim de reorganizar de novo a ordem e o rumo.

O cinema exige silêncio.
O teatro exige silêncio.
O amor exige silêncio.
O casamento exige silêncio.

Dizer não à esposa exige silêncio.
Assinar a separação exige silêncio.
A prova dos nove exige silêncio.
O momento antes daquela cantada exige silêncio.

A resposta, depois da bronca, dada ao chefe, exige silêncio.
Aquele momento, antes da cobrança do pênalti, exige silêncio.
Aquele momento, antes do aplauso final, exige silêncio.
A reflexão pela perda de alguém muito querido exige silêncio.
A leitura de um poema exige silêncio.
A leitura deste poema exige silêncio.

Entender Machado de Assis exige silêncio.
Compreender os pensamentos de Brás Cubas exige silêncio.

Até o silêncio absoluto (o túmulo) exige silêncio.

Penélope SS
13/10/07 10h:24

versos à musa dos poetas

Agradeço-te, oh! Musa,
pelo verso mandado
e em boa hora chegado
à cabeça confusa.

Pois só tu, bela deusa,
és pelos poetas aclamada
e tantas vezes adorada
por trovadores de grandeza.

A ti cantou Camões.
Vieira, com maestria, fez sermões.
Gregório, sonetos raros, escrevia à-toa,
assim como, elogios a vós, fez Pessoa.

Eu, poeta pequeno, também me atrevo
a dedicar meus versinhos, nesse enlevo,
à mais bela das musas, tão luzente e completa
que és tu, fonte imensa, oh! Musa dos poetas.

Penélope SS
30/09/07 23h:45

meus gostos

Gosto de produzir;
de re-produzir;
de sentir fluir;
deixar sair
o que em mim é verso.

Gosto do gosto do beijo,
da carne quente e ardente.
É nela que me deleito em prazeres.
É nela que deixo meus grunhidos e gemidos.

Gosto de tudo que se permite, mas
gosto mais do que se omite.
Fazer o proibido fascina, alucina.
Triste sina de quem jamais infringiu as regras.

Gosto de vê-la no banho,
graciosa, com todo o seu tamanho.
Gosto de vê-la sair do banho,
saborosa, com todo o seu aroma de mulher nova.
Gosto do prazer que ela me dá:
Amores, delírios, suores, afagos, agarros.

Gosto do gosto na boca
e de mantê-la nas nuvens, sempre louca.

Gosto de viver como se a Morte estivesse por perto
apenas esperando um descuido meu e sussurrando: — Esteja certo
de que não falho. Aqui, velando ao seu lado, aguardo
o momento exato da sua fraqueza, vossa alteza.

Penélope SS
01/12/07 00h:14

simbol + ismo

Ah! meu simbolismo sinestésico
cheio de cores, aromas, sabores,
ruídos, e toques que apenas
o negro poeta soube te dar com elegância e maestria.

Ah! meu Simbolismo romântico
tão subjetivo, sentimental
como todos os ultra—sofredores do século XIX.

Viva a Cruz e Sousa, poeta de vida triste, mas
sublime representante das emoções humanas.
Não as claras e óbvias, e sim as enterradas que vivem
no mais profundo e obscuro recanto nosso.

Viva aos índios guerreiros
Viva a Gonçalves Dias!

Viva a liberdade dos escravos
Viva a Castro Alves!

Viva ao espírito e ao transcendental
Viva ao Simbolista Cruz e Sousa

Penélope SS
19/10/07 09h:19

rima

O que rima?
Palavras cuspidas ou catadas na mente?
A cura pra febre ou a cabeça doente?

Não sei o que rima
Se você perguntar
Só vai ouvir palavras primas

Não sei o que rima
Se você perturbar
Só vai me encontrar de cara pra cima.

Penélope SS
05/01/06 17h:28

som

.................
.................
.................

Esse som que vem de dentro de mim.
Aquele silêncio que só eu posso ouvir.
Este barulho que não sei explicar.
Meus ouvidos, sim, sabem muito bem de onde vem esse falar.

Espere!

vem
de novo.
Vamos ouvir: ................
................
................

Que suave canção.
Que prosa tão rica.
Que poesia tão doce.
Viva a música que está dentro de nós!
Viva! Viva! Viva! A nossa silenciosa VOZ.

Penélope SS
13/10/06 00h:05

poeminha do sono

Dormir é perder tempo
Só durmo quando não aguento
O peso que cai sobre meus olhos

LAMENTO...

Penélope SS
2/02/06 1h:20

sono inimigo

Minha luta diária
Cada dia mais intensa
Cada noite mais propensa
Ao cansaço da batalha.

O inimigo é forte e rápido
E o meu corpo: FRACO.
O rápido golpe de seu braço
E a minha queda em seu laço.

Há tantas coisas pra fazer, e
Há coisas que não serão feitas.
Não que seja minha culpa
A culpa é dele (o sono) que elas saiam desfeitas,

Aleijadas, sem o brilho do autor.
Acabadas, sem o retoque merecido.
Assim sairão essas coisas
Coisas que, desse jeito, nunca deveriam ter saído.

Penélope SS
26/09/05 18h:11

brAÇO

Meu brAÇO perdeu o trAÇO
Perdeu a força, o prumo
Me deixando na mão, apenas um mAÇO
De cigarro forte, pra enganar o cansAÇO.

Minha mão seguiu seus passos
Virou inimiga minha: — O que eu fAÇO?
Acendo um forte cigarro, ou jogo fora todo o mAÇO?
Cigarro parece bom, mas não me iludo com seu sabor falso no qual me embarAÇO.

Que volte logo o antigo trAÇO
Que reviva novamente
Que retorne a força, ainda dormente,
Para que eu sinta de novo a Vida em meu BrAÇO.

Penélope SS
15/07/07 22h:23

tempo, tempo

Tempo, tempo. É o que preciso para dizer
coisas que ainda não falei.
Tempo, tempo. É o que peço para saber
coisas que ainda não sei.
Tempo, tempo. Pedimos tua paciência,
tua complacência.
Tempo, tempo. Suplicamos a ti
mais um pouco de tempo nessa vida.

E se partíssemos agora?
Como ficariam os outros?
E se nos levassem para longe?
Como ficariam os que choram?

Lá no céu, eu sei, há um lugar para os amores
e também há outro para os que não amam.
Lá no céu, eu sei, há pessoas que não dormem,
enquanto eu não estiver com elas.

Tempo, tempo. É o que nos faz correr contra tudo.
Tempo, tempo. É o que, com o passar dele, consome todo o mundo.

E se restasse, para nós, apenas pouco tempo?
E se bastasse, para darmos um abraço, apenas um sorriso?

Lá no céu, eu sei, há um lugar para aqueles que amo.
Lá no céu, eu sei, há um lugar reservado para aqueles que um dia me abraçaram.

Porque já estive lá e voltei para te avisar.

Penélope SS
22/12/07 15h:52

versos e símiles

Assim como faço versos, levantam-se casas
para logo depois serem abandonadas.
Mas não podemos deixar que se percam no esquecimento.

Assim como faço versos, pintam-se casas
para logo depois desbotarem
ao relento, na tristeza da noite escura.

Assim como faço versos, nascem crianças
para logo depois serem largadas nas ruas
ao forte frio, pois, quanto mais sombrio, mais a dor é penetrante.

Assim como faço versos, mulheres são agredidas
para logo depois dormirem com seus senhores.
E durante a madrugada (elas) cortam seus próprios pulsos
abandonando essa vida injusta e amarga.

Assim como faço versos, imagino quem gostaria de lê-los,
pois são apenas meus sentimentos que exponho,
que arranco do fundo de minhas entranhas já calejadas pelas lágrimas.

Assim como faço versos, lhe pergunto se você gostaria de recebê-los
como um presente ou algo que valha um sorriso,
pois uma face com alegria é um verso que se entende.

Penélope SS
28/09/07 16h:43

o que minha poesia deseja? (A Adriana Calcanhoto)

Minha poesia não quer rimas
Minha poesia não quer metáforas ou antíteses
Minha poesia não pretende ser camoniana
Minha poesia não precisa andar de mãos dadas com antíteses ou hipérboles

Porque minha poesia quer apenas ser lida
nos moldes que ela gosta e com os sons que ela deseja

Minha poesia não se interessa por paralelismos
Minha poesia não deseja ouvir um suspiro de surpresa
Minha poesia não se sente filha única
Minha poesia não nasceu à margem dos meus sentimentos

Porque minha poesia quer apenas ser lida
nos moldes que ela gosta e com os sons que ela deseja

Minha poesia deseja voar alto e saltar sozinha do penhasco
Minha poesia deseja dizer a todos o que pensa e sente
Minha poesia almeja ser lida por mulheres de “vozes aveludadas”
Minha poesia pretende ser amante de uma delas

Porque minha poesia quer apenas ser lida
nos moldes que ela gosta e com os sons que ela deseja

Minha poesia, meu amigo,
É uma senhora balzaquiana
Que aprendeu a mentir cedo demais
E que agora não pode parar mais

Penélope SS
22/12/07 16h:18

mais dia, menos dia...

Mais dia menos dia as coisas mudam
e alguns sentimentos se evaporam
assim como a fumaça que sai dos carros

E ninguém presta atenção, cada um com suas dores

Mais dia menos dia as pessoas vão embora
e algumas paixões são reprimidas
assim como a dor que calamos em nosso peito

E todos fingem que não estão ouvindo

Mais dia menos dia os olhos se fecham
e algumas lágrimas rolam
assim como as águas da suave cachoeira

E alguém, calmamente, nos cede um branco lenço

Mais dia menos dia as alegrias viram tristezas
e alguns sorrisos amarelam
assim como nossa casa perde a linda cor com o tempo

E um estranho nos faz rir da nossa amargura

Mais dia menos dia...
é assim que é a vida:
basta apenas estarmos vivos
e podemos passar por tudo isso.

Penélope SS
16/08/07 17h:28

um poema se faz...

Um poema se faz com sangue
Um poema se faz com música e rimas
Um poema se faz com prados, amores, campos e amados
Um poema se faz com metáforas, aliterações, sinestesias e confissões
Um poema se faz com risos, palhaços, políticos e guizos
Um poema se faz com Mortes, guerras e saudosismo da terra
Um poema se faz com fome, vontade e desejo de liberdade
Um poema se faz com escravos, rosas e afiados cravos

Um poema se faz com o sangue do dedo extirpado
pelo cravo que cravamos e cravamos e cravamos...

Um poema já é feito e terminado,
mas o cravo que espinha e penetra
nunca é retirado,
sob o risco de não nascerem novos poemas.

Penélope SS
18/01/08 10h:58

“o medo” de Drummond

Há tempos que busco palavras
numa vontade, angustiante, de escrever
um poema sobre o sentimento MEDO.
Hoje sei que não farei mais, acabo de desistir.

Quando li o medo de Carlos Drummond de Andrade,
me senti vazio de ideias acerca dessa palavra.

Querido leitor:
se sentir tal angústia,
se sentir tal vazio,
não vacile, não guarde
pra você seu segredo.
Leia o lindo poema,
do poeta mineiro, que se chama o medo.

Penélope SS
27/09/07 8h:09

sábado, 2 de abril de 2011

pensar o mundo

Pensar o mundo é sofrer como se fosse o próprio mundo,
Porque quando pensamos sobre alguma coisa,
Ela, de certa forma, passa a fazer parte de nós.
Ela, de forma certa, torna-se parte de quem a pensa.

Pensar a vida é se angustiar,
Porque quando paramos e pensamos sobre a VIDA
Ela, de certa forma, nos fere, nos remexe.
Ela, de forma certa, nos deixa tristes e pensativos.

Pensar...., sobre qualquer assunto, é procurar respostas.
E é isso que me deixa mais e mais apreensivo porque:
Eu não sei se as terei.
Eu não sei se as encontrarei.
Eu não sei se as inventarei.

Penélope SS
05/07/2007 00h:08

e agora Drummond? que faço eu?

E agora Drummond? Que faço eu?
Se as pedras do meu caminho são tão grandes;
se a festa acabou e todo mundo se foi;
se fiquei vagando pelo salão feito par sem companheira.

E agora Drummond? Que faço eu?
Se meu anjo é preguiçoso e não quer me salvar;
se até meus amigos, os mesmos que outrora juraram me ajudar,
hoje vivem longe, cada um com seus males, sem tempo pra conversar.

E agora Drummond?
A festa acabou.
Os amigos se foram.
O amor me deixou.
E a luz que clareava meus versos desbotou.

Penélope SS
21/01/08 06h:34

os óculos (roubados) de Drummond

Liguei a TV e vi a seguinte notícia: “roubaram os óculos de Drummond”.
Que nos roubem. Que nos agridam. Que nos iludam (com a política).
Até mesmo que nos matem (aceitamos).
Mas profanar Drummond é pecado sem perdão.
É condenação sem julgamento.
É atentado violento ao pudor poético brasileiro.

Ah Drummond! se vivo estivesses,
sofrerias amargamente essa decepção de ver teu reflexo fracionado.
Porém, haverias de compor mais uma bela poesia
pois, o cotidiano, sempre te fez bem.
Saberias habilmente como tirar proveito de mais esse embaraço no país do faz de conta.
Pois estamos sempre fazendo de conta:

Fazemos de conta que há segurança;
Fazemos de conta que há educação;
Fazemos de conta que não há miséria;
Fazemos de conta que há vida (saúde);
Fazemos de conta que tivemos independência;
Fazemos de conta que somos espertos;
Fazemos de conta que somos desenvolvidos;
Fazemos de conta que não somos preconceituosos;

Fazemos de conta que foi só mais um roubo,
que amanhã alguém colocará óculos novos em teu rosto
e que a vida é isso mesmo.

E será só isso Drummond? Um roubo aqui, outro ali?
Um poeta violentado, uma criança abandonada?
É Drummond! A que ponto chegamos!?
Tu, o mais célebre entre tantos, sofrendo em pleno século XXI.
É Drummond! Amanhã verei novamente a TV
e então nos encontraremos mais uma vez.
E, quem sabe, estarás de visão nova.

Sossega Carlos que a vida é assim mesmo:
hoje se é agredido e, amanhã, espera-se que não.
E é só o que nos restou: ESPERAR.

Penélope SS
19/10/07 00h:27

no meio do meu caminho tinha...

No meio do meu caminho não tinha uma pedra.
Tinha vários rostos, abraços e mãos erguidas.
No meio do meu caminho encontrei pessoas
fortes e firmes, alegres e vivas.

Fique com sua pedra Drummond
que eu fico com meus amigos,
e sigo meu caminho...

Penélope SS
22/12/07 16h:31