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domingo, 18 de agosto de 2019

Madre


A minha amada mãe Cícera

O cheiro do abraço mais demorado
É o que se guarda quando não mais
Se pode tocar aquilo que deveras amamos.

Sigamos em frente,

Com a fragrância materna
Em nossas retinas alagadas
E nossas lembranças imortalizadas.

Não há rima que justifique a ausência.

AdrianoRockSilva
18-08-19 20h54min

O semeador de Vênus


Homenagem a Vênus

A musa usa o poeta
Como o campo ao semeador.
Cuida-vos,
Então,
Da tua roça.

AdrianoRockSilva
18-08-19 20h41min

Asseio universal


Goteja a humanidade suas descrenças
E suas heresias,
Enquanto o Olimpo prepara,
Em silêncio,
O asseio Universal.

AdrianoRockSilva
18-08-19 20h38min

Poesia hermética


Toda poesia cabe
Dentro de uma fagulha,
Desde que o poeta
Seja o alimentador da lareira.

AdrianoRockSilva
18-08-19 20h34min

Cotidiano



A retina cansa diante do óbvio
E mesmo assim,
Segue o dia,
Sem a menor importância
Se há mais chuva do que brilho.
A vida não perde o sono por nossa causa.
Ela apenas segue e segue e segue.

AdrianoRockSilva
18-08-19 20h30min


A canção da Guilhotina


Poema inspirado na obra O Último dia de um Condenado (Victor Hugo)

Passou por mim um cortejo errante
Apressado, agitado, rumo a lâmina cortante.
E luzia ao longe afiado o cutelo
Brilhante, ofuscante, amoroso anelo  
Aguardando a vida para infligir flagelo  

Passou o cortejo que uníssono cantava
A plenos pulmões e as ruas agitava: 

Não é do interesse de quem oprime, ser oprimido
Não é do interesse de quem julga, ser julgado
Não é do interesse de quem condena, ser condenado
Não é do interesse de quem mata, ser matado

E por onde passavam, essas palavras gritavam
Alertando a todos do perigo vindouro
Pois a toga e o cifrão são escudos de ouro
Que perpetuam a vida dos safos, mas não as dos tolos.

AdrianoRockSilva
13-08-19 22h26min.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Banquete Antropofágico


Devorem-se todos
Até que nada mais reste
De carne e sangue.

Até que o DNA se esvaia pelos ares.
Comam-se todos,
Numa carnificina infinita,
Regada a hipocrisia e guardanapos.

Enfartem-se com estômagos e vísceras;
E quando não mais houver,
Invadam outros mundos,
Outras constelações, outras galáxias.

Divirtam-se e devorem-se
Numa antropofagia distorcida
E milimetricamente programada por CPUs.

Findo o azul e a infinidade oceânica.
Aplausos para a única espécie
Que devora a si mesma: O Homem.

AdrianoRockSilva
05-08-19 10h05min

Poesia noturna


A Vênus, musa dos meus versos

Noturnamente,
Chegou-se a mim a palavra.
Era sono em minhas têmporas
E todo silêncio vagava solitário

Pelos corredores da casa.
A poesia é assim.
Vai chegando e chegando,
Sorrateiramente,

Até que o encanto doloroso
De sua inebriante lira
Nos ensurdeça.

Toda palavra dita é bendita,
Mas a palavra escrita
Dentro da poesia é por demais erudita.

AdrianoRockSilva
04-08-19 22h27min

Pêndulo histórico


Vão-se os anéis; ficam-se os dedos
E novos anéis são postos.
Assim segue o relógio torto da História
Marcando seus dias e noites
E reprisando suas épocas.

Triste pêndulo manco que marca
A todos com sua correria em círculos.

Erramos; concertamos; esquecemos
E tornamos a errar.
A mente humana é um engodo
Onde qualquer idiota planta uma ideia
Com um pouco de estrume e alguns
Pingos de H²O e eis que ressurgi uma floresta
De falácias e verdades absolutas,
Até que um Novo Lenhador ceife os ponteiros
Tortos e cíclicos desse tenebroso pêndulo.

AdrianoRockSilva
29-07-19 17h07min.