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sábado, 31 de março de 2018

Poema besta


Pensei em todos os devaneios de
Otelo e nos pés inchados de Édipo;
senti-me ofendido por não pertencer
aos atos de Shakespeare

ou aos capítulos de Madame Bovary.
Pensei aqui com meus botões e...
de tanto pensar...  
cheguei à conclusão
de que mais vale um poema na mão
do que mil palavras voando.

Penélope SS
31-03-18  22h:14

Presenciando uma dama


Caindo,
aos poucos e com gracejo,
vejo a noite aproximando-se;
bela dama com passos suaves e delicados.
Descendo,
descendo do firmamento.
Sinto-me privilegiado
ao apreciar teu nascimento.

Sentado aqui,
nesse pedaço de chão
De onde aprecio tua brisa,
teu sim e não,
Tua majestade noturna
vestida e despida.

Nada desejo mais que
mais uma aurora ao teu lado.

Penélope SS
31-03-18  22h:01


Universo


Pequeno é meu mundo e
todas as suas convicções
cabem dentro dele.
Mude-se já!

Penélope SS
31-03-18  21h:45

Fel


Tropecei em imagens passadas
E senti, repentinamente, gélidas
Lembranças de olhares vagos e
Inquietantes. Equilibrei-me

Novamente e o turvo sombrio
Que vagava por todos os cômodos
De meus pensamentos se fora,
Deixando-me o fel impuro de suas

Vísceras.

Penélope SS
31-03-18  21h:36


Queria


Queria o calor macio da tua epiderme
E a distância nula do teu suspiro.
Queria o cheiro suave dos dedos teus
Em minha pele e o mínimo de espaço
No espaço do nosso abraço.

Queria o mais doce dos sabores vindo
E oriundo do teu âmago; ah como queria...
Queria, assim como quem deseja o nascer
Do dia; queria, assim como o anseio pulsa
Dentro das veias do recluso; amar-te, queria.

Penélope SS
31-03-18  20h:56

quinta-feira, 29 de março de 2018

Poema de poeta íngreme


Do pouco sopro de existência que ainda me resta
O muito de minhas linhas escritas é o bálsamo que me acalenta.
Sinto o afagar divino se aproximar nesses dias turvos e rubros.
Vozes; mãos aos céus e clamores.

Do pouco sentir que ainda em mim percorre
O muito do muito de tudo que rabisco aplaca
O risco do risco de tudo que é visco.
Não há nada que desabone o que em meu poema é fato.

Penélope SS
16-03-18  23h:41

Dragões do século XXI


A angústia dos dias turvos
Provoca em mim uma imensidão
De nuvens agitadas, como dragões
Sobrevoando nossas cabeças.

Penélope SS
16-03-18  23h:50

Magdala, a Torre


Deram-me todos os nomes, menos o meu.
Fizeram-me vagar por século, milênios e
Todas as obscuridades atiraram-nas sobre
Meus ombros. Mas Eu sou aquela que viu

O que todos desejavam; sou a testemunha
Única do primeiro sorriso celestial; Eu.
A guardiã de todos os segredos; Eu, a raiz
Da linhagem eterna. Eu, o tronco de

Toda a divindade, a que nunca abandonou
Quem não se abandona. Pintaram meus
Cabelos e em mim colocaram mil demônios;

Queimaram, saquearam, violentaram; tudo
Fizeram para que tenebroso fosse meu
Destino e herança; Turrim in fine est.

Penélope SS
19-03-18  21h52

Desejo-te


Há quantas luas que ando a queimar
Internamente. Âmago tomado por larvas
E suspiros de mil donzelas. Há tempos
Que o banhar das águas não arrefecem

Minha alma e muito menos as entranhas.
Vivo e morro durante cada suspiro na tua
Ausência; corro, busco por tua essência
Virginal; percorro terrenos; muros salto

Aos berros, aos prantos, aos cantos.
E tu? Escutais minhas lamúrias?
Virás a tempo de partilharmos o cio

Que nos reclama? Deixarás teu macio
Monte de Vênus aos meu mais ardilosos
Caprichos? Para saciarmos amor libidinoso?

Penélope SS
12-3-18  14:31

Primeiros passos


Ainda no colégio
me aventurei nas letras.
Alguns poucos poemas.
Nada importante.
Mas já sentia o brilho nas palavras
e o bater cada vez mais intempestivo
dentro do peito.
Ouvia o clamor e o chamar
das ruas a se remover dentro de mim.

E assim nasci
para a batalha,
tornando-me um camarada.

Penélope SS
21-12-17  16h:18


Pequeno revolucionário


Desde pequeno me afligi a alma;
deito, rolo, e meus olhos não sossegam.
Ouço meu pai atentamente.
Reparo em minha mãe e minhas irmãs.
Todos com seus dias preenchidos.
E, eu, na iminência do que ainda não sei.
Busco um canto calmo na casa.
Espalho toda minha imaginação
nas telas que tenho à minha frente.
Eu, um menino;
um revolucionário das cores
e futuramente das palavras.

Mamãe me chama.
Todos à mesa, jantamos e agradecemos.
Eu, um menino alto e poeta.
Um revolucionário
sem ainda saber que será.

Penélope SS
21-12-17  16h:09

Minha alma


Dei um salto para fora de mim e,
diante dos gritos e da inércia humana,
decidi não mais retornar a essa casa
empoeirada chamada corpo.

Vagarei mundo à fora,
com a vã esperança
dos desalmados e cambaleantes.

Penélope SS
21-12-17   10h:57

Esconderijo vermelho


Não rimo a rima certa e nem a incerta.
Faço a união do que me angustia
nesse exato momento
e assim trafego entre o que seria poesia
e a inutilidade de ser poeta inválido.
Fora de mim a obrigação das redondilhas
e das assonantes.
Fora todos os lápis do estojo.
Apenas me deixem com minhas tintas
primárias e minha folha encadernada.
De resto, levem tudo...
e fechem todas as portas quando saírem,
para que os cães famintos
não consigam me farejar
aqui dentro de mim mesmo.

Penélope SS
21-12-17  10h:50

Encontro com Maiakovski


Abri meus olhos
diante das palavras do poeta
e eis que ele me estendeu seus braços
e suas ideias.
Ah, Maiakovski.
Teus gritos e tuas lutas.
Poeta dos desenhos e das ruas
entremeadas de tua cidade.

Abri bem meus ouvidos
aos teus ensinamentos
e no mais tento cantar
tua estrada nas calçadas
vermelhas por onde passo.
  
Penélope SS
21-12-17  10h:45