Resenha crítica acerca do conto Jamile, de Flor, Priscila
Por
AdrianoRockSilva
Texto
elaborado em 11-1-2018 20h:49
Café Preto
Boa noite.
Preciso alertar
a você leitor ou leitora de que essa resenha crítica tomou proporções
diferentes das que eu tinha em mente. Queria apenas comentar com palavras
observadoras e alguns floreios sobre o conto Jamile, contudo a escrita de Flor, Priscila nunca é linear e previsível, fazendo com que nossas ideias
também sejam insubordinadas à nossa tentativa de racionalidade. Diante disso,
decidi, então, transcrever o mais claro possível, a minha caminha noturna ao
lado da instigante Jamile. Acompanhe-me.
Jantei. Tomei um
bom café preto e saí pelas ruas. Vaguei e observei os transeuntes. Dentre eles
uma de olhos roxos me chamou atenção: Jamile. Jamile, a moça que vive na “ponta
do meio-fio”. Jamile, a equilibrista noturna. Não estou inventando nada. Tudo
me foi dito por ela mesma. Falou-me sobre tudo que viveu; vive e sente. Relatou-me
das sujeiras ditas aos seus ouvidos durantes as noites e dos poemas que lia
durante o dia, para purificar sua alma. Cria, cegamente no poder depurador da
água. Gostava de banhos demorados. Deixava escorrer todos os sórdidos
pensamentos. Unia-se a água; Divinava-se (se é que existe esse verbo) e,
assim, acreditava expurgar “sua pele maltratada e violada”. E saia. “Atravessando ruas”; explorando as
noites dentro da noite mais incerta e obscura.
Mais um café
preto. Em algum bar ainda aberto a essa hora da noite. E sigo minha empreitada
no encalço de Jamile. Conheci seu “diário”; lacrimejei quando passei meus olhos
por tantas palavras inocentes, lacrimejei. É fato. E agora sinto o amargor do
café preto em minha garganta ainda mais amargo, pois diante de mim jaz um corpo
deitado no frio cimento da noite. O corpo é o de Jamile. O crime é feminicídio
(Amor? Paixão?), artigo 121 do Código Penal. O autor desconhece-se mas todos os
curiosos sabem que foi por amor. Todos sabem e se omitem. Todos. Enquanto mais
uma Jamile jaz, deitada, no frio esquecimento de uma noite se aurora.
Permaneço equidistante
do tumulto. Ergo minha caneta e começo a relatar tudo que vi e ouvi de Jamile e
das outras criaturas da noite. Amanhã mais uma denúncia sobre uma mulher
assassinada fará parte das capas e editoriais do país. E depois... a vida
continuará para todos... menos para o corpo frio e sem aurora de Jamile.
Preciso de mais um café preto.
Twitter @adrianopoeta_al
Face Adriano RockSilva
Instagram @adrianorocksilva
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Gratidão <3 <3
ResponderExcluir#euqueagraceço
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