Na noite que existe dentro da noite,
as pedras se movem e ninguém as percebe.
A noite dentro da noite
é um lugar onde podemos despir nossas fantasias,
onde nossas almas são apenas almas.
E, uma vez lá dentro, voltar é nosso último desejo.
Cortemos então essa realidade
com a faca que escondemos
em nosso íntimo
e deixemos fluir o sangue, a carne,
e todo o resto que já não se faz necessário.
Não há mais mister em existir,
ao menos nessa noite, fria, escura, sem brilho...
Mas na outra noite sim:
iluminada, acolhedora, noturnamente atraente
como as gatas nos telhados em noites de acasalamento.
É nela que me vejo liberto.
E nela sou libertino, sou gato no telhado,
sou escorregadio, sou felino de unhas e dentes afiados.
Não me busque e não me siga.
Não me prenda e não me entenda.
Não me deixe retornar à noite que não é noite.
Faca pedra e noite são tudo que o mais improvável pode unir numa noite que saímos a vagar fora dos nossos corpos.
Penélope S.S.
12-1-9 00:10
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