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domingo, 18 de dezembro de 2016

“O que eu sinto?”

“O que eu sinto?”

Poema em parceria com a artista Jennifer Yamashita


Ando em voltas com minha existência
Assim, assim, meio de soslaio mirando
Suas peripécias, acasos e ocorrências
Nessa sina diária-louca em que ando.

Ando em voltas com meus pesares
Tantas as ruas, concretos, vielas e males.
Angústias mil, imenso desejo, mudança de ares.
Ando assim, bússola incerta, singrando mares

E ares, feito vento forte e suave, vindo e indo
Sem seta nem Norte. Ando e corro; vivo e morro
Dia após dia, respirando o ser contido nos idos

De outras eras. Triste sina minha essa
De vagar e divagar ideias, pedir socorro
Enquanto escorro meu ser, aguardando promessa.


Penélope SS

18-12-16   10h:20

Poema resposta (arado dos poetas)

Poema resposta (arado dos poetas)


Palavra:
Quão difícil definir
Imputar sentido
Enquadrar, tornar findo.

E eu, por arriscar,
Perdi-me nas palavras da poeta
Tentando guia-me por íngreme terreno
Campo vasto e ermo.

Nesse descampado vocabular
Cambaleei diante do escaldante grito
Solar de meio-dia; terra de meu agrado
Onde piso; onde vivo; onde sinto: arado

De tantas vozes és tu: palavra.


Penélope SS
16-9-16  20h:15


Poema que não serve

Poema que não serve


Quem caiu por tamanho cegar diante do sol?
Quando ao chão chegou, quanto de dor era só
Mais um agravante? Um reclamante, retirante
De terras tão inóspitas; caliente inferno de Dante

Na comédia diária e divina dos nossos dias
Amarelos e sem cor; aromaticamente sem odor
Tornando-se visivelmente obscuro aos que
Tentam enxergá-lo. Caiu; feriu-se; quedou-se...

Findo sofrer, como findo poema.


Penélope SS

16-9-16  20h:46  

Banquete de Sade

Banquete de Sade


Servi-me de teu banquete
Adorável manjar; intenso deleite.
Ó fartura infinda que nunca cessa,
Mata-me a fome de ti, pois tenho pressa

Em tragar-te, devorar tuas curvas de musa.
Vênus de meu Olimpo; Afrodite de meus desejos,
És tu a bela-dama que em meus delírios vejo
A suspirar prazeres quando de tua gruta reclusa

Me apodero? Bem sabeis o quanto sou de ti amante;
E bem sei eu de teus afagos e vigor, que diante
De tamanha volúpia faço-me viril, radiante

Feito um servo de Sade a tragar forças tuas
Aqui, ali, acolá sem definido lugar;
Ó adorável manjar, musa minha, toda nua.


Penélope SS

17-9-16  00h:08

In (definição) do Amor

In (definição) do Amor


O amor é o doce frio que aquece
Aqui, ali, acolá. E a todos arrefece
O espírito pungente, vibrante por
Ter metade outra. Ah o amor!

É saber que se não pode prender
Embaixo do braço sorriso amado
Nem manter eterno carinho dado.

O amor é sol de Apolo
É de Cupido arco
Dos campos é Flora
Afrodite que semeia, aflora
Teu sabor Mundo a fora.


Penélope SS

18-9-16  23h:59

A visita de Otelo

A visita de Otelo


Ai de mim que não sou eu
E na penumbra das horas me torno ser
Inculto e oculto; Otelo de minhas dúvidas: ter ou não ter?
Eis o desejar de minhas retinas fadadas e fatigadas. Apogeu
Meu que alcança, lançando-me aos refletores e o mais.

Ai de mim que não me descubro em meio a tantos
E infinitos olhares; diria mais luminosos, caudalosos até.
Contudo, ainda simpatizo com meu espelho; reflexo
Do eco estridente e vibrante que hora apossou-se do nexo

Interior cuja habitante sou. Devaneios, floreios de mente
A vagar por pensamentos de outrem; erroneamente
Vaguei; campos e arados; firmando meus pés em solo

Cultivado por mãos estrangeiras; Otelo! Otelo! Consolo
Minhas retinas e minhas agruras diante do vasto
E infinito; quisera eu saber o que de mim serei... ou não serei?


Penélope SS

22-10-16   22h:53

Frases a um amor súbito

Frases a um amor súbito


Um amor súbito em minha alma
Se fez presente, inundando-me o ser
Que ávido havia tanto tempo em ver
Figura tua. Chegastes, então, e a calma

Se fez mais forte que angustia constante.
Ora, dirão todos o quanto de lucidez perdi
Por jogar-me em teu abismo, fonte inebriante
A saciar-me o vazio cardíaco lancinante. Ouvi

Teus dizeres; tuas alegações; suspiros e pulsações;
Senti o que de mais íntimo havia em tua confissão.
Haveis de saber quanto de intrínseco na comunhão 

Súbita de nossas palavras? Sim, deveras que sim.
Haveis de deitar por hoje sem que haja conotações
Diversas em teu pensar? Não, pois sabeis que amor súbito é assim.


Penélope SS

23-10-16   23h:54

Canto da musa aos viventes

Canto da musa aos viventes


Cantei a lira de um poeta bem-dizente
Desses que se apegam aos seres e amores.
Cantei o riso da jovem que encanta os viventes,
Entes pequenos nos brejos e matas; saltitantes
E vibrantes por tamanho amor.

Cantei o pedido da bela moça ao declarar-me
Seu canto ao canto das aves e suas alegrias;
Suas graças e garças ao revoar da tarde;
Cantei tuas plumas e patas; tantas cores e flores.

Cantei, decerto que o fiz com zelo e cautela
Cantei o pedido de tão hermosa dama.

Cantei oh! Flora, teus campos abertos e pulsantes
Cantei o raiar de Apolo e teu brilho a nos reviver

Cantei a ti bela musa, o canto de mil cantos
Nos cantos por onde passei.
E assim, por fim, sabeis que sempre o farei.


Penélope SS

23-10-16   00h:34

Sina de poeta

Sina de poeta

Em homenagem a escritora e parceira das Letras Dani Batista


Pois bem, vos digo que poesia é isso que
Vos trago em baixo do braço; embrulhado
Em papel de pão e com aroma de fim de tarde.
Pois bem, vos entrego todas as antologias
E pensamentos; todos os poetas e seus dizeres.

Fazeis bem uso de nossas angústias e sofrimentos;
Todas as nossas definições do amor e amar e sofrer
E viver e sentir e partir e ficar e amar e recomeçar.

Caminha o poeta no cair da tarde
E esse ser carrega consigo todos os olhares
Todas as observações.

Caminha o poeta
Sozinho
Pão embaixo do braço
E todas as vidas por contar
Nas folhas brancas que guarda em casa.


Penélope SS

23-10-16   1h:07

Gotas de chuva

Gotas de chuva


Choveu na tarde de domingo
E todas as folhas se encheram de alegria
Como crianças correndo descalças; indo
E vindo, nas calçadas empoçadas. Dia

Perfeito para estar contigo, em meio às águas
E todas as gotas frias vindas do céu; gotejem
Sobre nós, enquanto nos damos os braços
E em nossos abraços guardamos tua força vital.

Choveu na tarde fria de minhas mágoas
E deixei que correnteza tua lambessem
Minhas feridas, curando-as; laço

Inquebrável entre nossos sentidos,
Assim desejo todas as tardes invernais
Dentro do calor dos nossos braços e abraços.


Penélope SS

23-10-16  16h:10

Exposição

Exposição

Poema em parceria com a artista Jennifer Yamashita

Expus o que de meu tenho de tudo
Abri meu corpo, deixei-o ao vento,
Suave e puro.
Que há de mais humano senão o ser
Em plenitude? Sem vestes e trajes.
Apenas o cheiro da pele;
Apenas o ar do respiro;
E o toque doce das mãos suaves.

Deixei-me à vontade
Pois nada mais tenho em mim
do que a sina de me equilibrar
nessa linha tênue chamada arte.


Penélope SS

11-12-16  15h:49

Poema combatente

Poema combatente


Poesia para os amantes e
armas para os combatentes.
Em nossos dias sombrios
onde jaz tantas lutas infindas,
perfídias moléstias palacianas;
Caninanas com suas vestes caras e impolutas;

Perdi eu capacidade de falar?
Incapaz de ler por entre as falas e gestos?

Diz-me, ô musa, por onde andarás?

Terei eu me tornado órfão de teus encantos?

Poesia para os poetas
E armas a juventude
E assim fundaremos
Nossa Pátria


Penélope SS

11-12-16   16h:08 

Ferreira

Ferreira

Ao imortal poeta Ferreira Gullar

Angustie-me ao te ver partir
Tal qual aflição de mãe; e assim
Fiquei, no mais alto grau do penar
Mirado tuas vestes, teus versos, teu olhar.

Angustie-me ao te ver tão silencioso
E quieto; mãos poéticas; voz de brado.
Quisera eu prolongar-te o sopro, o sobrado.
Todavia é findo o vital fardo. Porém brioso

É teu legado e tuas palavras. Atemporais
São teus versos, obra ímpar dentre as imortais,
Figurando em linha de frente, atenta ao combate

Ao grito, ao certeiro tiro. Tempos de embate
Que em outros tempos vencestes, mas que por hora
Aquietai-vos a pena, serena e brilhante feito Aurora.


Penélope SS

18-12-16   7h:55