Meus seguidores

sábado, 5 de setembro de 2015

Eu giro o mundo na busca de ser

Eu giro o mundo na busca de ser

A Karla Pinheiro


Eu tenho pressa e o corpo clama,
reclama e inflama.
Ímpetos de juventude, gritaria solta e bandeiras nas mãos;
eu vivo nas horas, me equilibrando entre as muitas vozes,
chamados insanos na busca de meus acenos,
fãs de minhas loucuras,
postura de deusa, sou grega, romana e egípcia;
sou Hera na terra em que piso, nesse palco, me faço livre,
arbítrio inteiro ao meu lado.

Eu tenho pressa de sentir
e as sensações de rodeiam, permeiam,
pensamentos libertinos, hinos dos amantes à solta;
sou loba na pele de loba,
e nada tenho a camuflar minhas decisões.
Guardo em mim todas os seres outros,
corações que amei, afagos de mil sabores,
carícias de todos os odores.

Eu tenho pressa de mim
Enfim, correr na contramão
Do sim,
Chegar na frente, peito latente
Gritando não.

Eu tenho urgência do sonho
Vida que não basta
Mundo sem graça, enfadonho.

Eu tenho pressa de mim
Enfim, correr na contramão
Do sim,
Chegar na frente, peito latente
Gritando não.

Eu tenho urgência do sonho
Vida que não basta
Mundo sem graça, enfadonho.


Penélope SS

5-9-15   22h:19    

Febre

Febre

A Karla Pinheiro


E a febre louca, insana, me toma as rédeas,
Me engana. E aqui, na torpe loucura de meus delírios
Me vejo às escuras, quarto fechado, tempo aberto
Aos devaneios.
E o corpo todo ainda suporta meus ais, meus sais,
minha quimera desesperadora.
Árdua tarde que teima em manter-se longa
Árdua garganta que não me deixa gritar
Árduo ardor de dor e suor e imagens,
fantasmas ao meu lado e por todos os cômodos.

Incômodo dia, noite de solidão.

Teimo, em meio a tudo que gira,
A não ceder espaço ao cansaço
E nem criar lamúrias, agruras
Internas e profundas.
Quero mais o salto, o risco e o precipício
Mais o samba que a valsa
Mais o bamba que a balsa
Mais o carnal, carnaval

Remediavelmente livro-me das dores
e as cinzentas cores se dissipam feito nuvens,
levando consigo todos os motivos encobertos de minhas amolações.

Livrei-me do caos e do mal pungente,
latente, que havia, por hora, tornado
meu eu em pleno desgaste.   


Penélope SS

4-9-15   23h:09

Poema canção para menina sonhadora

Poema canção para menina sonhadora

A Karla Pinheiro


Soltei minha voz, aos quatro cantos me fiz ressoar.
Sonidos, notas graves, palavras rimadas e bateria ecoando na cozinha.
Dei meu recado, ao meu jeito,
meio desajeitada, meio desgrenhada, assim ao meu modo
Sendo aquela garota que nunca deixei de ser.
Microfone na mão, pensamento leve e sentimentos aflorados:

Canto o canto que me vem de todos os cantos;
Canto Caetano, Renato, Cazuza e suas musas
Canto todas as musas, as levo pro canto,
mostro meu encanto, dom de dona,
mandona, Madona do que é meu.

Soltei minha voz,
me fiz vista e avistei o futuro por cima do muro de Lulu.
Djavaniei minhas melancolias,
folias de quem ainda não está pronta,
irreverência de menina,
amar é dizer te amo apenas com os olhos
e os meus desnudam tua beleza a cada instante que te vejo.

Ansiei estar exatamente aqui, com meus pés livres
Correndo e percorrendo ruas, capital de mar azul
Queridinha dos mares, sereia dos sonhos meus, blue
Sky, alturas mil, Brasil, Brasil, aquarela de Vinícius, anil
De meu arco, íris de tuas retinas.

Soltei minha voz,
me fiz vista e avistei o futuro por cima do muro de Lulu.
Djavaniei minhas melancolias,
folias de quem ainda não está pronta,
irreverência de menina,
amar é dizer te amo apenas com os olhos
e os meus desnudam tua beleza a cada instante que te vejo.

Soltei-me no mundo e voltar não mais irei
Soltei-me na estrada que escolhi, determinei
Minha jornada, caminhada árdua que em nada
Me assusta. Aprendi a dizer sim quando a vida
Me diz não; hoje me soltei,
amarras nenhuma me levam ao que já deixei pra trás.


Penélope SS

31-8-15   23h:56

Conjugação verbal

Conjugação verbal


Dizia-me a moça ao lado:
- Acalma-te o ímpeto;
Sigamos o fluxo.

Nesse vilarejo, em se plantando tudo dá,
desde que não esqueças minha porcentagem.

Dizia-me a voz no rádio:
- Acalma-te a caneta;
pois bem sabeis que em terra de Pau-Brasil

Propino eu
Propinas tu
Propina ele
Propinamos nós
Propinais vós
Propinam eles.

Finda a aula de conjugação,
Passemos aos autos, meritíssimo.


Penélope SS

30-8-15  00h:23

Caravelas e aquedutos

Caravelas e aquedutos


Em terra de Cabral, onde espelho é ouro;
Religião é roupa e estuprar é amar;
Ditado primeiro, cantado, faceiro
Em prosa e verso, vindo lá, de além-mar:
- Propinar e negar, é só começar.


Penélope SS

30-8-15   00h:05

Poesia Oswald de Andrade Ou plágio precário

Poesia Oswald de Andrade
Ou plágio precário


Conversam desconhecidos
Amigos na fila do pão:

Aos sabores dos postos, impostos
E dos sobre-postos, das leguminosas
E frutíferas propinas televisivas,
Seguimos a passos largos, rumo
Aos dessabores dos boletos, intermináveis
Coletas, cofres sem chave, fome sem dieta,
Que não cala e nem cessa.

Votar ou não votar, eis a questão...
Triste dilema, quente e doce pão...


Penélope SS

29-8-15   23h:45   

Dia novo

Dia novo

À Jennifer Yamashita, por mais uma data especial


Nascente as estrelas quando findo meu dia
E volto, casulo meu, fortaleza de minhas entranhas,
A me recolher e a aguardar por mais alguns meses
Até que me seja posta mais uma pedra sobre meus ombros.

Aqui, canto de meu estar, onde recôndito guardo lágrimas
E soluços. Alegrias, poucas, firmes ainda em minhas mãos;
Fiz-me de um jeito tão singular que meus ais são inconstantes,
Inerentes a meu ser, por demais gnomo, misteriosamente estelar.

Nascente o dia em que me fiz altiva e viva; e viva aos meus longos
Devaneios, anseios e rodeios por campos minados e cercados e
Empolados de seres, prazeres em existir, tão somente.

Novo dia
Magia de novo som
Encanto, agruras, dom.

Novo ser
Completo de mim
Poeira celeste, montanhosa, enfim:

Nascestes, artesanalmente
Sol de um dia
Em que nascia
No cosmos tão imenso
Vaga estrela, na beira
Do universo,
Feito verso
Alto e montanhoso
Nas costas, dorso
De um deus:
Nasci: EU.


Penélope SS

29-6-15   23h:33