Corria às pressas a pressa toda ofegante
Nas margens da folha lisa; enquanto vagante
Ideia florescia no ócio laboral do pensante
Sem a menor pressa de ser parida.
Batia à porta o desejo, todo afobado e ansioso,
Clamando, na súplica tensa do fantasioso
Poema, uma saída para tamanha vertigem
Que o consumia desde o fim até a origem.
Fremia o poeta com tamanha cobrança:
De um lado a pressa com agitada ânsia;
Do outro o desejo e sua insegurança;
Ambos a oprimir o siso versado. Ganância
Vaga e chula; parca e rasteira...
Poeta nem tem pressa, nem afogo
Tanto faz calmaria como arroubo.
Poeta é casa aberta, sem eira nem beira.
@adrianorocksilva
27-08-20 11h56min