Enigmática Monalisa a mirar-me
Mesmo estático, move-se o belo e
enigmático sorriso.
E o contrastar dos intensos lábios com
a suave-ingênua
doçura dos alvos dentes, faz de ti musa
minha;
Monalisa de minha arte;
Parede onde fixo tua pintura.
Deixai cair sobre tuas retinas
as finas madeixas que recobrem tua
imagem;
Ai de mim que fixamente miro-te e,
ao flertar com a imensidão luminosa de
teus olhos,
vejo-me tão distante de onde piso que
suspiro e
aspiro meus próprios pensamentos,
tentativa vã de me transportar para
dentro de tua imagem.
Sabes bem que em ti cabem todas as
forças
e toda poeira infinitamente angelical.
Como pode o estático mover-se
tanto diante de meus oculares globos?
Como podem as pedras se moverem
tão singela e vagarosamente sobre os
campos?
Como pode tu, ser-de-luz,
irradiar tamanho brilho
a ponto de querer saltar de onde estás?
O fascínio da arte consiste em:
Tornar vivo o imóvel;
Tornar próximo o distante;
Tornar vivo o inerte;
Tornar um o dois.
Penélope SS
25-11-14 00:06
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