Ovo
Quebrei minha casca
e encontrei algumas feridas ainda abertas.
É pena não haver
solução para a angústia humana.
É pena não haver um
Manuel Bandeira para cada coração em pânico.
E nós, pobres
mortais, seguimos pisando em pegadas passadas.
Andando em círculos
sem rota de fuga ou saída de emergência.
Quebrei meus óculos
nessa manhã fria e chuvosa de domingo.
Ouvir os pingos é bem
melhor que enxergar o correr da água sobre a janela.
É pena não haver um
Vinícius de Moraes para cada garota que desfila sua beleza por Ipanema.
E nós, tristes
mortais, seguimos tropeçando nas calçadas esburacadas
E escuras das
vielas cariocas ou alagoanas ou paulistas ou mineiras ou palmarinas ou
tatuienses ou norte-americanas ou israelenses...
Quebrei minha casca
e saí o mais rápido que pude.
E corri, e corri, e
corri, e sem olhar para trás, ofegante,
Recostei-me em teu
muro e ali, soube que faria minha morada: tua casa, minha casa.
Dilui-se a casca e
eis que me faço igual a ti.
Penélope SS
22h:34 21-9-14
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