Ando meia jururu
Homenagem
Ando meia jururu. Assim... assim...
Demasiadamente
ansiosa por novidades
em meu
quarto e em mim.
Ando
pelos cantos da casa e
pelos
meus próprios cantos.
Recôndita
em meu corpo tão meu;
tão
complacente (meu corpo) com minhas dores
que já
nem o escuto.
Ando meia jururu comigo mesma.
Tão
cheia de mim que até chego a discutir
com a
imagem que me olha nesse espelho
celestialmente
transparente.
Ando meia jururu com minha religião e com
meus dogmas.
Mais
um pouco, e os mandarei às favas.
Ando e
caminho e me sinto assim, ultimamente.
Tropeçando
em meus próprios pensamentos,
todos
jogados no vão dessa casa imensa chamada eu.
Ando
tão meia jururu que começo a falar de
mim
como
se eu fosse outra; hóspede em minha própria morada.
Ando
tão meia jururu que comecei a negar
minha voz.
Ando
tão meia jururu que de mim mesma já
ri
e me
fiz promessas de vindouras visitas.
Oh!
Sol de cidade lagunar:
quanto
de teu sal,
são lágrimas
de minhas agruras diárias.
Ando,
sim, meia jururu por hoje.
Mas
andarei amanhã, por aqui, por ali, por acolá,
Risonha
e límpida; ofegantemente gritante
com
minha arranhada voz novamente ecoada
aos
quatro ou cinco ventos,
usando
de minh’arma mais poderosa:
FE-LI-CI-DA-DE.
Penélope
SS
3-2-15 23h:11
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