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sábado, 12 de novembro de 2011

A prostituta e o poeta

O poeta se prostitui quando se oferece
em meio a tantos outros
pendurados numa vitrina qualquer,
dentro de uma linda loja
com seu ar-condicionado cheirando a cama limpa de motel.

O poeta oferece suas palavras a quem pagar mais,
assim como a prostituta oferece seu corpo,
suas entranhas a quem lhe chegar primeiro,
a quem lhe matar a fome e a sede.

O poeta, assim como a meretriz,
não tem a menor vergonha de se expor,
mostrar-se aos muitos, despir-se de todo o pejo,
toda a candura.

Cabe à rameira esforçar-se com todo vigor
a fim de inebriar seu pagante, como cabe ao poeta
manter seu leitor apetecido por suas metáforas,
embriagado com suas rimas tão ricas e fartas.

O sofrimento poético é intenso
como uma trepada amarga com corpo desconhecido,
mas o prazer de vencer a dor
e expor o seu mais dilacerando brilho
os torna tão fonte e imensuravelmente vivos.

Penélope SS
22-10-11 01h:04

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