Desserviço
Fazer
poesia é, de longe, um grande
Desserviço
a humanidade.
Aconselho-te
a edificar prédios, casas, centro de compras.
Assim
terás teu nome escrito aos montes em placas de ruas,
Nas
praças verdes dentro das cidades;
Nas
câmaras e assembleias imprimirão títulos e honrarias
Para
serem fotografados em tuas mãos de inovador, futurista até.
Deixe a
poesia a quem o ócio é amigo fiel.
A quem de
tanto divagar chega a dialogar
Com o
mundo abstrato dos seres e objetos.
Deixe que
a poesia se acomode nas folhas
Dos que
imaginam a queda da pluma na
Chegada
imperceptível da primavera,
Enquanto
os passantes se apressam;
Se
esbarram;
Tentativa
vã de chegar onde ainda não sabem.
E mesmo
ao canto mais belo da ninfeta
Anunciando
a beleza doce da poesia,
Passarão
os viventes, comumente, dia após dia
Sem
reparar na magia fecunda e extasia
Que exala
a firme e vital pena do poeta.
@adrianorocksilva
25/12/22
09h57min