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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Os amantes de Vênus


A musa de sempre Vênus

Curvou-se o dia
E as estrelas abriram seus lábios
Iluminando o negrume da estrada
Por onde caminhava o triste poeta.

Ergueu-se a lua
Majestosa e pálida como uma estátua
De Vênus, como se descida do próprio
Olimpo.

Matou-se a vontade dos amantes diante
Das testemunhas celestiais, selando
As cicatrizes e fazendo fruir as quimeras
Internas até o saciar completo dos corpos.

AdrianoRockSilva
21-02-19 21h:05min

No fim das contas


A minha amada e eterna mamãe Cícera.

Ainda que a brisa arrefece o penar
Ainda que o sopro alcance o cansaço
Ainda que as vozes gritem na direção contrária
Ainda que o ainda perdure dentro das horas

Ainda sim algo se moveu quando não deveria
Ainda estamos presos num tempo imóvel
Tentando dar um passo além da névoa turva
Tentando suspirar nesse lago frio e deslizante.

O que será dos sorrisos congelados mirando
Através das árvores, na penumbra noturna
Que nos vigia, trazendo pelo ar um fel

Amargo e gutural? Estamos como folhas
Soltas, vagando ao sabor acre de Éolo,
Fadados a sentir tua ausência até o fim dos dias.

AdrianoRockSilva
21-02-19 20h:40min

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Madre


É longa a noite quando se há perda.
E seguem-se os dias cobertos por névoa lacrimosa,
por mais que brilhe o sol.
É infinda e perene a fenda do vazio materno;

E infinda a saudade do cheiro doce na cozinha
e da voz vibrante ecoando pela casa.
Ao longe, no mais ermo destino,
para além da montanha que te vela,

sopra uma brisa mélica,
espalhando teus pensamentos
e tuas alegrias através da infindável

passagem de Chronos, enquanto cá marcham
impiedosos os dias e as noites, castigando-nos
com teu afastamento.

AdrianoRockSilva
21-12-18  22h:07

A constante presença de Vênus


Gotejam todas as fontes
no limiar da vida que escorre
por entre as lembranças
dos lábios doces e vis.
Quem dirá o dito dos sonhos
e todas as quimeras acordadas
nas madrugadas adentro?

Quem trará os cobertores?

Será tua voz, ó musa,
que despertará em mim
o fluído vital e poético que
ao percorrer meu âmago
e minha mente castigada
por tamanha vontade de cantar-te
e levar teu riso e tuas rimas e
tua suave brisa com o sabor dos campos?

AdrianoRockSilva
22h:18mim

Calmaria


Não mais a pressa.
O correr ofegante e desenfreado.
Deixo aos jovens o tropeço e o desejo
desesperador de abraçar o Mundo.
Quero um passo e outro passo e outro passo.
Um tijolo e outro tijolo e outro tijolo.
Assim erguerei meu muro;
minha casa; minha obra.
O tempo é risonho
aos que sabem flertar com ele.
Respiro atentamente, enquanto
vejo passar diante de mim
a suave brisa dos anos.
Levai-me doce musa da Noite;
levai-me... levai-me. 

AdrianoRockSilva
25-11-18 22h:00