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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Fardo (carta ao amigo Carlos Drummond)


Caro amigo Drummond, confesso-te:
é demasiado pesado o fardo
que carregamos. Nestes dias de desumanidade
é preciso ser muito mais que humano.

É preciso ser super-, hiper-,
para suportarmos a carga da vida.

Caro amigo Drummond, confesso-te:
a máquina do mundo está gasta,
carcomida pela ferrugem amarga
da insensatez dos homens.

Caro amigo Drummond, confesso-te:
tenho as pupilas cansadas e o pensamento distante.
Penso em minha amada Rocha Cavalcante;
é triste lembrar o passado, amigo,

pois o futuro nos traz o cansaço e uma cama fria
para deitarmos à noite,
enquanto lá fora seguem os homens devorando-se.

Penélope SS
2-12-12   21h:01 

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