Afagos ao outro
Não a mim, mas a quem penso ser
É esse e a quem devem admirar, louvar
Pelos atos e bravuras; pela espada em punho.
A mim que apenas sou, deixem o fardo e a dor.
Não a mim, mas ao ator esguio que interpreto
Quando saiu às ruas, quando em cena pareço
Um jovial e triunfante Peri; vigorosamente
Um César ao possuir Cleópatra. Oh! Quão demente
Me vi diante de tão rigoroso público que
Decidi transmutar-me em figura outra.
Quão de verdade me trazem teus aplausos?
Ouço ao longe, nas poltronas, sussurros e risos
E as mulheres com suas mãos suadas e seus
Olhos fixos em meu ser. A mim não,
Ao outro, sim, esses afagos devem ser.
Penélope SS
4-2-17 22h:38
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